CAPÍTULO 6 (DERECK FOSTER)

801 Palavras
Ela age com graça e despreocupação, como se não fosse a razão das minhas insônias nos últimos meses. Seus cachos ruivos, naturais e cheios de vida, emolduram seu rosto de forma tão perfeita que ela parece ainda mais jovem do que seus vinte e quatro anos. — Pode ir na frente — digo quando ela para à porta e me olha. Jessi ajeita uma mecha de cabelo atrás da orelha e sorri de forma tão natural que o gesto realça seu queixo pontudo e seu rosto incrivelmente bem desenhado. Ela faz um gesto de concordância com a cabeça e, por um breve momento, sinto o impulso de erguer minha mão e tocar sua pele clara e delicada. Mas me contenho. Não posso, e não vou, perder o controle com alguém que ainda não me quer. Preciso lembrar que casar com ela não é uma escolha sentimental, mas uma obrigação. Por um instante, ela me observa. Seus olhos verdes como esmeraldas estão cheios de dúvida, mas são brilhantes sob a luz quente do pôr do sol que invade a varanda do meu escritório. Quando ela balança a cabeça e se vira para entrar, me ouço chamá-la: — Jessi. O som do nome dela parece diferente na minha boca, quase uma carícia. — Sim? — Ela se vira, e seus cachos balançam suavemente em sua volta. — Nada. — Hesito por um momento. — Nada, só estava me lembrando de não chamá-la mais de Alinkar. Só Jessi. Ela sorri de novo, aquele sorriso simples, mas encantador. Em seguida, desaparece pelo corredor. Fico parado por alguns segundos, assistindo enquanto suas curvas se perdem de vista. Ainda na varanda, o peso do vazio que me acompanha há anos recai sobre mim. Esse sentimento constante de solidão é quase confortável em sua familiaridade. Fecho a porta atrás de mim e sigo o mesmo caminho que ela fez, consciente de que esse vazio estará sempre comigo. Sete anos se passaram desde que enfrentei a maior dor da minha vida. Desde então, jurei nunca mais me permitir amar, nunca mais deixar que alguém se aproximasse o suficiente para atravessar as barreiras que construí. Eu me protejo afogando meus desejos em encontros vazios, corpos desconhecidos, e noites que acabam antes que os primeiros raios de sol apareçam. É simples, direto e sem riscos emocionais. Já passei por uma traição devastadora — meu irmão e a mulher que eu amava juntos na cama. A dor daquela descoberta é algo que eu não desejo a ninguém, muito menos a mim mesmo outra vez. Não se pode perder um amor se você nunca se permite apaixonar. Esse é o meu mantra, e tenho total controle sobre ele. Por três anos, ignorei o ultimato do meu pai e dos acionistas. Casar antes de três anos e meio para assumir a empresa? Uma obrigação absurda. Mas agora o tempo está acabando, e o destino da Foster Enterprises depende da minha decisão. Meu pai deixou claro: ou eu me torno um "homem de família" ou meu irmão destrói tudo. Jessi é perfeita para esse acordo. Não porque ela precisa do dinheiro ou porque aceita esse contrato sem resistência, mas porque é incrível no que faz. Inteligente, focada, profissional, e acima de tudo, honesta. Chego à garagem coberta por treliças e trepadeiras, optando pelo SUV preto. Não quero parecer esnobe escolhendo o conversível. Apoio-me na lataria e verifico as finanças no celular. Tudo está indo bem na empresa, mas meus pensamentos voltam para Jessi antes mesmo que eu possa evitar. Quando a vejo atravessar a garagem, quase perco o fôlego. Ela está de vestido, um modelo amarelo com estampas florais. O tecido realça seus s***s de forma perfeita, mas desce suavemente pelos quadris, terminando logo acima dos joelhos. Seu cabelo ruivo emoldura os ombros de forma encantadora. Preciso respirar fundo para conter a onda de desejo que me atinge. — Parece que veio correndo até aqui — comento, tentando manter a compostura. Ela ri de leve, sem perceber o caos que sua simples presença causa em mim. Tento me convencer de que meu interesse é puramente físico, mas a verdade é que Jessi mexe comigo de formas que eu não consigo explicar. No silêncio da noite, enquanto a observo de relance, minha mente vagueia por pensamentos que não deveriam existir. Será que ela tem ideia de como é atraente? De como homens ao redor provavelmente a desejam? Eu, mais do que qualquer outro, quero que ela seja minha. Mas não posso. Não posso me permitir esse luxo, porque, no fim, sentimentos são um luxo que não posso pagar. Ela vai ser minha esposa por contrato, mas meu coração? Esse continua protegido, preso atrás do muro que construí para me salvar de um novo sofrimento. E, mesmo assim, não consigo parar de imaginá-la como algo além disso.
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