Depois da conversa com Jessi, liguei para Tomás, meu advogado. Pedi que investigasse a vida dela. Quero estar preparado quando ela me der a resposta amanhã.
Cheguei ao meu apartamento, localizado em um dos condomínios mais exclusivos do país. Não escolhi morar aqui por vaidade, mas por segurança. Aprendi, às custas de experiências desagradáveis, que algumas pessoas fariam qualquer coisa para se aproximar da minha família.
Na minha antiga casa, encontrei desde presentes deixados na porta até situações absurdas, como o dia em que cheguei do trabalho e havia uma mulher desconhecida nua na minha cama. O segurança que permitiu aquilo foi demitido na hora. Depois desse episódio, decidi me isolar em um lugar onde pudesse controlar melhor quem se aproximava de mim.
Depois do banho, pedi a Olga que servisse o jantar. Enquanto comia, recebi uma mensagem de Tomás: o porteiro estava subindo com o envelope que continha as informações de Jessi.
— Obrigado pelo serviço rápido — respondi.
Quando Olga me entregou o envelope, desejei-lhe boa noite e fiquei sozinho na sala. Abri o envelope e comecei a ler. A cada página, ficava mais claro o motivo de Jessi ser tão reservada. Sua vida não era fácil. Pelo contrário, parecia um constante campo de batalha.
As últimas páginas me deixaram furioso: o grupo de homens que quase a matou no passado havia voltado, cobrando uma dívida. Saber que ela estava novamente em perigo me tirou o sono.
Pensei em várias formas de ajudá-la sem que ela negasse. Decidi criar um contrato no qual ela receberia cinquenta mil dólares, mas, ao revisar o documento, percebi que Jessi jamais aceitaria. Reduzi o valor para trinta mil.
Certo de que ela aceitaria a proposta, liguei para o setor financeiro e pedi que transferissem o dinheiro imediatamente.
— Tomás — disse ao telefone —, quero que cuide dos homens que estão perseguindo Jessi. Pague o que for necessário e certifique-se de que nunca mais a incomodem.
— Você tem certeza disso, chefe? Quer mesmo se meter nessa confusão?
— Já conversamos sobre isso. Prefiro cometer essa loucura com alguém que sei que não está atrás do meu dinheiro. Ou você prefere que eu faça isso com a Bianca?
— Deus me livre! Aquela nunca mais te daria o divórcio. — Ele riu do outro lado da linha.
— Então agilize o contrato, revise e me envie de volta.
— Dereck, já são 22h. Eu tinha planos com uma loira incrível...
— Duas horas. Quero o contrato no meu e-mail.
— Você não me valoriza. Pelo menos me pague hora extra.
— Quer ser demitido?
— Relaxa, eu conheço meus direitos. Aliás, por que você não sai comigo para espairecer?
— Talvez no sábado.
— Talvez não. Você vai.
Desliguei antes que ele prolongasse a conversa. Se dependesse de Tomás, isso nunca terminaria.
Na manhã seguinte, fiz minha rotina de higiene pessoal e desci para a garagem. Escolhi dirigir meu Range Rover Sport. Não tive tempo para tomar café em casa, mas não me importei. A prioridade era chegar à empresa.
O prédio estava calmo; poucos funcionários haviam chegado. Subi pelo elevador exclusivo dos sócios, já pensando em Jessi. Tomás me contou que ela fora ameaçada pelos homens que a perseguiam. Sacudi a cabeça, tentando afastar esses pensamentos.
"Estou preocupado com ela? Ansioso para vê-la? Que droga está acontecendo comigo?"
Quando cheguei ao andar, avistei Jessi sentada em sua mesa. Parecia distraída, perdida em pensamentos. Me aproximei e a observei por alguns segundos. Sua expressão concentrada me arrancou um sorriso involuntário.
Falei alto para chamá-la de volta à realidade. Depois de uma breve conversa, pedi que almoçasse comigo. Precisávamos alinhar os detalhes da nossa "história de amor". Sabia que muitos iriam odiá-la. Pais que me viam como um bom partido logo fariam de tudo para destruir a imagem dela.
No restaurante, enquanto aguardávamos os pratos, iniciei a conversa:
— Você é sempre assim, tão calma?
— Aprendi a ser, senhor Foster.
— O que eu disse hoje? Nada de "senhor"!
— Desculpe, Dereck. Mas não sei se me acostumo.
— Você consegue.
— Tudo bem, Dereck.
— Foi difícil?
— Um pouco. Afinal, você é meu chefe.
— E seu futuro marido também.
— Meu futuro marido por seis meses, você quer dizer!
— Podemos estender esse prazo... se você não resistir aos meus encantos.
— Isso nunca vai acontecer. Vamos focar no que importa?
— Claro. Precisamos criar uma história convincente sobre como nos apaixonamos. A partir de hoje, almoçaremos juntos com mais frequência para solidificar isso.
— E o que você pensou?
— Diremos que eu demonstrei interesse primeiro, insistindo até que você aceitasse sair comigo. Após alguns encontros, nos conhecemos melhor e você aceitou meu pedido de namoro. Mantivemos tudo em segredo para protegê-la de pessoas m*l-intencionadas.
— Convence. Se fosse o contrário, diriam que sou uma interesseira atrás do seu dinheiro.
— Mesmo assim, esteja preparada. Comentários como esses virão. Me avise se isso a incomodar.
Ela hesitou por um momento antes de responder:
— Gostaria de acrescentar algo ao contrato.
— O quê?
— Durante os seis meses, você está proibido de se envolver com outras mulheres em público. Não quero parecer traída, mesmo que nosso casamento seja falso.
Ri baixo, balançando a cabeça.
— Você tem uma imagem errada de mim. Não sou mulherengo, apenas um homem com... necessidades. Mas vou respeitar isso. Não quero prejudicar sua imagem.
— Obrigada. Acho melhor pedirmos a conta.
Concordei, e voltamos para a empresa logo em seguida.