Tucano narrando
Ela entrou correndo, bateu a porta e trancou. p***a!
Fiquei ali parado, sentindo o sangue ferver. Bruna me tira do sério, essa mulher me fode sem nem encostar em mim.
Passei a mão no rosto, tentando me acalmar, mas era impossível. Ela dizendo que tinha medo de mim… essa p***a bateu diferente.
Eu sou Tucano, dono da Rocinha, criado no meio do crime, sangue frio pra tudo. Mas essa mulher consegue me desestabilizar.
Que p***a é essa?
Puxei um cigarro, acendi, tragando fundo, olhando pra porta fechada. Ela acha que eu vou deixá-la em paz?
Eu nunca quis fiel. Nunca precisei de uma mulher fixa na minha vida. Mas Bruna… Bruna não é qualquer uma.
A forma como ela falou comigo, como se eu fosse um monstro, me atingiu de um jeito que eu não esperava.
Joguei o cigarro no chão, pisei forte.
Ela pode correr, pode fugir, pode se trancar. Mas essa história tá longe de acabar.
Fiquei ali, parado, olhando para a porta fechada. Minha respiração pesada, o sangue ainda fervendo nas veias.
Ela acha que pode simplesmente me mandar ficar longe? Acha que tem escolha?
Traguei fundo antes de jogar o cigarro no chão e pisar com força. Se acha que vai me evitar, tá muito enganada.
Virei pro lado, subi na moto e arranquei dali, o motor roncando alto na noite. Preciso esfriar a cabeça.
Fui direto pro QG, onde os caras já estavam reunidos, bebida, fumo, risada solta. Mas eu não tava no clima.
Gibi me olhou e já percebeu que eu não tava bem.
— Que cara é essa, chefe? — ele perguntou, largando o baseado na bandeja.
Joguei a jaqueta no sofá e sentei, pegando uma cerveja. Dei um gole longo antes de responder:
— Mulher, mano.
Ele riu, balançando a cabeça.
— Sabia que essa mina ia mexer contigo. Falei ou não falei?
Levantei o olhar, frio.
— Não viaja, Gibi. Só tô puto porque ela tá me desafiando.
Ele ergueu as mãos, rindo.
— Sei…
Respirei fundo, tentando me concentrar no que realmente importava. O morro. A segurança. As cargas. Mas a p***a do cheiro daquela mulher ainda tava na minha mente.
Ela não tem ideia do que despertou.
Bruna pode correr, pode bater a porta na minha cara, mas uma coisa ela precisa entender…
Eu nunca perco.
Não sou de perder tempo. Se uma me estressa, eu pego outra e pronto.
Foi só eu entrar no QG e uma morena turbinada já se jogou pra cima de mim. Perna grossa, cintura fina, peito empinado, b***a redonda. Daquelas que sabem o que têm e usam isso.
Peguei ela pelo braço e levei direto pro barraco 9, o lugar onde eu só levo as putas pra f***r.
Ali não tem romance, não tem carinho. Só t***o e vontade.
Passei a noite toda socando nela sem dó, segurando com força, puxando cabelo, deixando ela gritar do jeito que queria. Sem sentimento, sem apego, só o instinto falando mais alto.
No final, levantei, vesti minha roupa e nem olhei pra trás.
— Some. — falei, acendendo um cigarro.
Ela riu, passando a mão pelo cabelo bagunçado.
— Sempre um prazer, Tucano.
Revirei os olhos. Prazer só pra ela.
Sai do barraco e voltei pro meu canto. Mas nem aquela f**a resolveu.
Bruna ainda tava na minha mente.
Tucano narrando
Acordei cedo, ainda de mau humor. A f**a da noite anterior não resolveu nada. Meu corpo tava satisfeito, mas minha mente tava um inferno.
Bruna ainda rondava meus pensamentos. O jeito que ela me enfrentou, os olhos dela cheios de medo e raiva ao mesmo tempo. Aquilo mexeu comigo.
Levantei, joguei água na cara e fui pra varanda. O morro já tava acordado, vapores na ativa, crianças correndo na viela. Tudo no controle, tudo sob meu comando.
Acendi um cigarro e fiquei ali, pensando.
O Gibi apareceu na entrada.
— Patrão, carga nova chegou. Vai querer conferir?
Soltei a fumaça devagar.
— Mais tarde. Agora, quero saber da Bruna.
Ele riu, cruzando os braços.
— A mina já te virou do avesso, hein?
Fuzilei ele com o olhar.
— Quer perder os dentes?
Ele ergueu as mãos, ainda rindo.
— Relaxa, patrão. Ela tá no trampo, normal. Só que…
Estreitei os olhos.
— Só que o quê?
— Parece que tá se afastando, patrão. Disse pra sofia que não quer mais papo contigo, que tá com medo.
Minha mandíbula travou. Medo? Medo de mim?
Apaguei o cigarro com força no parapeito.
— É mesmo? Então hoje à noite ela vai ver que não adianta correr. Ela ainda vai entender que já é minha.
Saí do banho, botei minha melhor roupa de cria, corrente pesada no pescoço, e desci até o bar da Dona Graça. Hoje, Bruna ia me encarar de novo.
Cheguei e bati o olho nela na hora. Olhos vermelhos. Tinha chorado. Era medo de mim ou outra coisa?
Fui direto pra minha mesa, joguei o corpo pra trás na cadeira e fiquei esperando. Se ela tivesse noção do que era bom, não ia enrolar.
Bruna veio. Passos lentos, postura reta, mas dava pra ver no olhar que tava estremecida. Ela queria me enfrentar, mas tinha receio.
— O que vai querer? — a voz dela saiu seca, sem emoção.
Levantei um canto da boca num sorriso torto.
— Você sabe o que eu quero.
Ela apertou os lábios, desviou o olhar e puxou o bloquinho do bolso.
— Se for bebida, fala logo. Tenho mais clientes.
Descarada. Era assim que ela queria jogar?
Agarrei o pulso dela, sem puxar, só pra sentir a pele macia, e ela arregalou os olhos.
— Para com essa p***a, Tucano! — ela puxou o braço, mas não forcei.
— Para você, Bruna. Para de achar que pode me evitar.
Ela respirou fundo, parecendo juntar coragem, e olhou direto nos meus olhos.
— Eu já disse pra Camila te avisar: fica longe de mim.
Inclinei o corpo pra frente, apoiando os braços na mesa.
— Isso não vai acontecer.
Ela tremeu de leve, mas se manteve firme.
— Eu não sou tua mulher. Nunca fui e nunca vou ser.
Soltei uma risada baixa, balançando a cabeça.
— Acha mesmo?
Ela franziu a testa, confusa.
— O que quer dizer com isso?
Puxei o celular e virei a tela pra ela. A foto do desgraçado que meteu a mão nela, caído no chão, apagado da vida.
Ela levou a mão à boca, horrorizada.
— Você tirou foto disso?!
— Pro caso de você esquecer que ninguém toca no que é meu.
Ela ficou sem fala, a respiração acelerada.
— Você é doente…
Sorri de canto.
— Não, Bruna. Eu só faço o que tem que ser feito.
Ela balançou a cabeça, pegou o bloco de anotações e se virou pra sair.
— Isso não muda nada. — disse, sem olhar pra mim.
Mas eu sabia que mudava tudo.
Porque agora ela entendia que não tinha escapatória.
E no fundo, bem no fundo, eu via nos olhos dela que uma parte dela gostava dessa merda.