MANUELA NARRANDO
A porta do barraco tremeu com o vento frio da noite, fazendo a telha solta vibrar como se alguém estivesse tentando entrar à força. Mas o que realmente me fazia tremer não era o vento. Era o celular vibrando sem parar na minha mão. O nome dele aparecia mais uma vez na tela, como uma sentença. Pesadelo, irmão do chefe do completo do alemão.
Pesadelo é tão temido aqui, quanto o irmão dele... homens que metade da comunidade tem medo até de pronunciar o vulgo. E terror é um homem que, desde que me viu na rua há alguns meses, decidiu que eu seria “dele”.
Engoli seco, passando a mão trêmula pelo rosto. Por anos eu tentei fugir de todas as formas. E fingi de louca, me escondia em roupas, lugares, tudo que pudesse fazer ele ver qualquer mulher, menos eu..., mas ele me enxergou.
Bom... eu me chamo Manuela e tenho vinte e dois anos. Sou branquinha, cabelos pretos e ondulado até aa cintura. Meus olhos são azuis e eu tenho um corpo bem definido e com curvas..., mas escondo elas em vestidos largos e longos, roupar largas e o mais longa possível. Por quê?
Eu moro no complexo do alemão desde que nasci... meus pais eram trabalhadores, do tipo que saem de casa as cinco da manhã e voltavam as sete oito da noite. Trabalhadores que davam a vida pela casa, pela família, para dar a filha o melhor e ainda ter uma pessoa boa para cuidar dela, ou seja, de mim mesma.
Cresci cercada de amor, em um lugar que se ver muita dor, muita luta, muitas pessoas drogadas, agressivas... eu tive amor em um lugar que a morte é presente todos os dias e medo é um sentimento constante em nossas vidas.
Mas quando eu completei meus quinze anos... eu tive a maior e dolorosa perda de toda a minha vida. Durante uma invasão de um morro rival... meus pais foram mortos... sim... vítimas de bala perdida.
Minha mãe e meu pai quase todos os dias chegavam juntos do trabalho. Quando não, meu pai ficava esperando a minha mãe no pé do morro para subir e nesse dia... ela chegou um pouco mais tarde. Nove da noite... meu pai já tinha chegado, fizemos a janta juntos. Nessa época eu já ficava sozinha para eles trabalhar, mas a comida eu ainda estava aprendendo.eu deitei na minha cama e meu pai desceu o morro para buscar a minha mãe... foi quando a invasão começou. Eles estavam no meio do morro e, fora atingidos.
Meu pai levou dois tiros um no abdômen e um no ombro. Ele morreu porque ninguém prestou socorro.... ele sangrou até a morte. Já a minha mãe, quando eu cheguei no local estava com um tiro no meio da cabeça. Foi a pior e a mais dolorosa cena que já vi na vida.
Eu enterrei meus pais como deu... eu não conheci muito a nossa família. não tinha quem ficasse comigo e nem fizesse algo por mim. Então eu passei a viver sozinha. Procurei trabalhos aqui no morro. Cuidei de crianças, de limpeza. Fui aprendendo a cozinha e ai consegui um emprego no restaurante aqui do morro. Graças a deus na cozinha onde eu não precisa ver ninguém e ninguém precisava me ver.
Um dia sai do restaurante quase três da manhã. Era aniversario do terror chefe do complexo. Nesse dia eu fui trabalhar de legging e camisa do flamengo. Cumprida... era uma camisa do meu pai. Fiquei com quase todas as camisas dele.
Eu saí do restaurante me escondendo pelos caminhos como eu sempre fazia. Mas... quando eu entrei na rua da minha casa, eu encontrei aquele que todos temiam só de olhar, ou ouvir a voz. TERROR.
LEMBRANÇAS ON
TERROR- oi linda..._ senti o meu coração parar por alguns segundos. Ele estava na minha frente. Os olhos verdes, azuis sei lá que cor são, só sei que são claros. Para muitas meninas aqui no morro ele é o melhor homem para se envolver..., mas para mim era tudo o que eu temia. O olhar dele queimava o meu corpo e eu senti um medo sem igual.
MANU- boa noite chefe. _ eu falei quase tremendo e com uma vontade imensa de chorar. Mas me contive.
TERROR- sozinha essa hora na rua? É perigos, ainda mais para tu. _ ele falou chegando mais perto e eu ia indo mais para traz. Eu estava com dezoito anos na época, nunca tinha beijado na boca e ainda considero que nunca beijei.
MANU- eu tenho que ir..._ ele negou.
TERROR- você tem que ir para minha casa. _ eu neguei. - E por que não, quero você e vou ter você. _ ele falou perto do meu ouvido, eu temia, queria bater nele e sair correndo, mas ele me acharia em qualquer lugar desse morro e eu não tinha para onde ir.
MANU- terror por favor de deixa ir. _ eu supliquei e ali as lagrimas já desciam.
TERROR- odeio choro..._ a voz dele ficou ainda mais monstruosos. - Sai daqui, mas grava uma coisa Manuela. _ quando ele disse meu nome, onde tinha pelo no corpo arrepiou. - Você é minha e ninguém mais toca em você. _ ele falou isso e eu o olhei.
MANU- como assim sua? _ ele sorrio.
TERROR- assim._ ali ele me agarrou. Apertou o meu corpo contra o dele. Senti ele duro e ele me beijou a força. - Me beija ou faço você beijar. _ fiquei com medo, mas não sabia o que fazer e ai por mais medo ainda do que ele poderia fazer, eu segui o que ele fazia e foi assim o meu primeiro beijo- vai para a casa e não sai da linha. _ com essas palavras eu fui para minha casa.
LEMBRANÇAS OFF
Desde então eu estou na mira do chefe do morro. Ninguém olha torto para mim, homem algum tem coragem de falar comigo, olhar para mim, nem se quer parar do meu lado. Três que fizeram isso não estão mais vivos para a conta história.
Eu me tornei o troféu do terro. Ele me fazia ir em bailes com ele. Resenhas. Mas sempre corri de me entregar para ele e com a minha resistência, ele me colocou em um jogo que para ele era bom e divertido, mas para mim... era torturando e desesperador.
Como disse. Me tornei o troféu. Me tornei a fiel do chefe do complexo do alemão. Terro disse que eu ia implorar para ter ele dentro de mim. A cada beijo que ele me dava forçado e eu tinha que fingir gostar, ele me tocava. Me alisava, me assediava, crente que eu ia ceder aos seus toque..., mas cada vez que ele me tocava, eu me sentia mais suja, mas impotente e, menos dona da mim.
Eu vivo sozinha desde os meus quinze anos. Sempre sonhei em coisas grandes para minha vida. Mesmo eu vivendo tão miseravelmente. As minas do morro pesam em mim por eu ser a “fiel” do chefe. Mas m*l sabem elas que eu nunca queria estar nessa posição.
Ainda moro no barraco dos meus pais. Na verdade, é uma casinha de quatro cômodos, de telhas e forros pvc. Mas é o único lugar que eu me sinto segura.
Terror me fez sair do trabalho. Me fez ficar só em casa e manda compra. Paga as contas e compra as minhas roupas... tudo do jeito que ele quer e como ele quer.
Vivo uma vida que não é minha. Vivo um medo que sempre foi meu e... agora que ele foi presa e eu tinha achado que ele me deixaria em paz... o irmão dele aparece e eu sei que boa coisa não é.
Deslizo o dedo para atender o celular e levo ele até a orelha, já tremendo e temendo o que vou ouvir.
VAMOS LA AMORES, COMENTEM E VOTEM MUITO.
O PRÉ LANÇAMENTO SERÁ DIA 10/12
LANÇAMENTO 15/12