08: Uma Nova Oportunidade

916 Palavras
ISABELLA ... Kaio logo se afastou, começando a explicar as formalidades do trabalho, os horários e a dinâmica com os filhos. Tentei prestar atenção, mas minha mente ainda processava a tensão entre nós. O que foi aquilo? Ele parecia completamente alheio ao que acabara de acontecer, mas eu não conseguia ignorar a sensação de formigamento nas mãos e o calor que ainda percorria meu corpo. — Espero que tenha entendido a rotina deles. — Ele afirmou, com seu tom firme. — Entendi, sim. — respondi, tentando parecer neutra. Ele acenou, encerrando a conversa. Agradeci e me levantei, ignorando o turbilhão de emoções dentro de mim. Precisava sair dali antes que minha cabeça explodisse com tantas perguntas sem resposta. Caminhei rapidamente até a saída e, ao passar pela porta, senti meu corpo relaxar um pouco. A sensação de liberdade, de ter conquistado a oportunidade que tanto queria, me deixou empolgada. Era o início de um novo capítulo, uma chance de recomeçar minha vida e fazer as coisas da maneira certa. Prometi a mim mesma que nunca mais me envolveria com alguém do meu ambiente profissional. Não importava o quão atraente ou poderoso fosse. Nunca mais permitiria que aquela tensão estranha me dominasse. E, mesmo que Kaio fosse um verdadeiro deus grego, eu não repetiria os erros do passado. Meu foco era um só: fazer meu trabalho. Nada mais importava. --- KAIO MAVERICK Eu vi tudo. A forma como Isabella acalmou meus filhos foi impressionante. Uma briga entre eles normalmente terminava em gritos e frustração, mas ela lidou com a situação de forma natural. Não forçou nada, apenas soube como agir. Kaleb, sempre quieto, apenas segurava a barra de cereal. Zoe, por outro lado, tentava comandar, exigindo que o irmão soltasse. Mas Isabella fez algo que ninguém mais conseguia – fez com que os dois parassem, de alguma forma. Não só evitou um conflito maior, mas Zoe até ofereceu metade da barra a ela. Meu olhar acompanhou cada detalhe. Era como se Isabella já estivesse conquistando espaço na minha casa, mesmo sem perceber. Minha primeira impressão dela foi clara. Jovem, provavelmente uns 28 anos, loira, olhos azuis intensos. Mas isso não me afetaria. Eu sabia separar as coisas. No entanto, enquanto conversávamos, percebi algo mais. Algo que não conseguia ignorar. Quando toquei sua mão, senti um choque percorrer meu corpo. Uma onda de calor. Desviei o olhar, tentando disfarçar. Mas logo me recuperei. Eu estava no controle. Precisava continuar assim. Mesmo quando ela se levantou para sair, minha mente estava em turbilhão. Bati a caneta contra a mesa, incomodado com a leve dormência em minha mão. Abri e fechei os dedos, tentando afastar a sensação. Isso não podia acontecer. Não ia acontecer. Quando ela finalmente saiu da sala, respirei fundo, repetindo minha promessa para mim mesmo. Foco. Disciplina. Nada poderia me tirar do caminho. --- ISABELLA ... Saí da sala com o coração acelerado, tentando esconder a mistura de empolgação e ansiedade que fervia dentro de mim. As palavras de Kaio ecoavam na minha mente: “Eu vou confiar em você.” Talvez fosse só um detalhe para ele, mas para mim significava muito mais do que ele imaginava. Andei pelo corredor, respirando fundo para recuperar a compostura. Precisava ver as crianças. Ele havia pedido que a secretária as olhasse, mas não havia sinal delas por ali. Nem mesmo a secretária estava na mesa. Continuei andando, os saltos ecoando no chão, até que uma voz familiar sussurrou meu nome. — Isabella! Virei-me e vi Carla escondida perto da parede, como se estivesse fugindo de alguém. Seu sorriso cúmplice demonstrava pura animação. — E aí, como foi? — ela perguntou, os olhos brilhando de curiosidade. — Consegui o emprego! — respondi, tentando conter minha empolgação, mas sem conseguir evitar um sorriso. Ela me puxou para um abraço rápido. — Eu sabia! Sempre disse que você ia conseguir! — Carla comemorou. — Obrigada! — ri, ainda sem acreditar no que havia acontecido. — E agora? Quando começa? — Ah... foi tudo muito rápido. Mas acho que preciso confirmar com ele. Ele me deixou um cartão com o número. Peguei o cartão do bolso e mostrei a Carla, que, obviamente, o pegou antes que eu pudesse reagir. — Olha só! Já tem até o número do chefe! — provocou ela, com um sorriso travesso. — Para, Carla! — retruquei, rindo. Mas ela não perdeu a oportunidade. — Cuidado, hein. Ouvi dizer que ele é muito rigoroso. A última babá foi demitida porque... dizem que estava interessada nele. Meu corpo ficou tenso com aquelas palavras. — Isso nunca vai acontecer. Nunca mais vou me envolver com patrão nenhum. Carla balançou a cabeça, como se quisesse me alertar sobre algo maior. — Bom, melhor assim. Ele gosta de profissionalismo, Isabella. Nada de afeto, nada de apego. Se ele perceber qualquer coisa além do trabalho, já era. Ele demite na hora. Suspirei, sentindo um leve aperto no peito. — Isso é triste... — murmurei, olhando para o chão. Carla deu de ombros. — É o jeito dele. Ela então me lançou um olhar sério. — Só não esqueça de se colocar no seu lugar de funcionária. Levantei a cabeça, cheia de determinação. — Não vou esquecer. Respirei fundo antes de continuar: — Se ele quer profissionalismo, é isso que ele vai ter. Mas, no fundo, sabia que trabalhar para alguém tão meticuloso como Kaio seria um desafio. Ainda assim, eu não tinha escolha. Precisava desse emprego. E estava disposta a provar que era capaz.
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR