capítulo 3

1286 Palavras
**Jade** O dia amanheceu e, ao acordar, sinto meu corpo dolorido após as danças das noites anteriores. Espero que aquele arrogante não esteja presente hoje. É sábado, mas mesmo assim preciso me apresentar na boate, que nunca fecha. Para mim, isso é positivo, pois me permite ganhar um dinheiro a mais para cobrir as despesas da casa. Hoje vou passar o dia com minha mãe e meu irmão. Sinto que ela está um pouco triste e parece estar escondendo algo, e eu quero descobrir o que é. Realizo minha higiene e vou para a mesa do café, onde minha mãe já está. Flávia: Bom dia, meu amor. Achei que você dormiria até mais tarde hoje! Jade: Bom dia, mãezinha. Hoje decidi passar o dia com vocês. E o Joaquim, onde está? Flávia: Ele ainda está dormindo; não quis acordá-lo. Mas você não está pensando em procurar outro trabalho, filha? Sabe que não gosto daquele lugar! Você é linda, e se descobrirem a beleza que está oculta sob a máscara, os homens poderão te olhar de outra forma. Eu me preocupo muito com você e gostaria de poder te ajudar mais. Jade: Você já me ajuda cuidando de mim e do Joaquim desde que nosso pai desapareceu. Mãe, estou percebendo que você está muito pálida. Tem certeza de que não quer ir ao médico para verificar se o remédio ainda está fazendo efeito? Pode ser necessário trocar. Flávia: Não se preocupe com isso, filha. Estou muito bem. E por favor, não gaste mais do que já gasta. Seu dinheiro é suficiente para as despesas da casa, dos meus remédios e para a escola do seu irmão. Se aumentarmos nossos gastos, você terá que trabalhar ainda mais do que já trabalha, e não quero que você se esforce demais. Jade: Mãe, você tem certeza de que a doença não está evoluindo? Flávia: Sim, filha, o médico afirmou que todos os resultados do meu exame estavam normais. Ele disse que apenas os medicamentos são suficientes. Sinto uma sensação estranha dentro de mim; acho que minha mãe está guardando um segredo. Terminamos nosso café e saímos para passear, e tivemos um dia maravilhoso juntas. Ver a felicidade do meu irmão não tem preço. Já faz muito tempo que não fazíamos isso. Às vezes tive a impressão de que minha mãe estava triste, mas, por outro lado, também me perguntava se isso não era apenas uma bobagem da minha cabeça, como ela disse. Chegamos em casa e comecei a me preparar para o meu trabalho na boate. Joaquim: Daqui a alguns anos, estarei trabalhando e você, maninha, não precisará mais se dedicar todas as noites àquele emprego. Por um instante, sinto-me tocada pela forma como meu irmão se expressa. Jade: Nesse dia, eu me sentirei uma mulher realizada ao saber que meus esforços foram recompensados ao ver você se tornando um homem de caráter e trabalhador. Flávia: Você já está se preparando para sair, filha? Jade: Sim, mamãe. Por favor, não me espere acordada. Descanse. Joaquim, cuide da mamãe e proteja-a, assim como um homem da casa deve fazer. Joaquim: Pode deixar! Comecei a rir do jeito como ele falou; é um verdadeiro mini homem corajoso. Flávia: Cuide-se, minha filha, e não se esqueça da máscara. Vá com Deus, meu amor. Jade: Amém. Fique com Ele. Peguei um táxi e fui direto para a boate. Cheguei em poucos minutos e, antes de sair do carro, coloquei minha máscara, pois não posso correr o risco de alguém ver meu rosto. Agradeci ao motorista e desci do carro, seguindo diretamente para o camarim, onde dei de cara com minhas amigas - as únicas que tenho aqui e que conhecem meu nome e meu rosto sem a máscara, exceto, claro, pelo dono da boate, Diego. Alice: Vocês não foram informados que hoje não haverá apresentação? O Diogo acabou de me avisar. Laura: Eu não sabia disso, acabei de chegar. E você, Jade? Jade: Também não sabia. Se realmente for assim, será ótimo; gostaria de poder estar na minha cama mais cedo hoje. Alice: Apenas uma dançarina ficará responsável pela apresentação. O Diogo mencionou que virá para anunciar quem será a escolhida. Jade: Para que todo esse suspense? O que há de tão importante hoje para que ele decida fechar a boate e deixar apenas uma dançarina? Alice: Ele disse que é uma ordem do chefão. A ordem do chefe, no caso, é algo que não se discute. Jade: Eu acreditava que o Diogo era o dono da boate. Não imaginava que havia outra pessoa por trás dele. Ele sempre deixou transparecer que era o dono do Little Club. Alice: Mas pelo visto, o verdadeiro proprietário não aprecia ser mencionado, por isso Diego dizia que era dele. Nós três estávamos conversando quando bateram na porta, e Laura foi abrir; era o Diogo. Diogo: Meninas, peço desculpas por fazer vocês virem, mas acabei de ser informado que o dono do Litte Club fará uma reunião aqui e pediu especificamente que a Pantera seja a dançarina da noite. Jade: E por que eu, Diogo? Ele me conhece para querer a minha presença? Diogo: Meninas, podem ir. Eu arcarei com as despesas do dia de hoje, não se preocupem. As meninas se despedem de mim e saem. Diogo, então, senta-se na poltrona do camarim e me observa. Diogo: Peço desculpas por ter causado a impressão de que eu sou o proprietário da boate. Na verdade, o dono não aprecia ser exposto, e confesso que estou surpreso com a decisão dele de realizar a reunião aqui hoje. Ele pediu apenas para que a boate estivesse disponível, e que você fosse a única presente. Assim que eles chegarem, terei que deixá-la. Sinto muito. Diogo se levanta e me deixa sem palavras. Fico me perguntando como poderei permanecer aqui com alguém que não conheço. Será que se trata de um senhor? Não quero me submeter a uma situação humilhante apenas por causa do status dele como proprietário da boate. Este emprego é muito importante para mim, mas eu também tenho meus princípios. Após alguns minutos, Diogo chegou e comentou que o dono já estava ansioso pela minha apresentação. Ele se despediu de mim e foi embora, enquanto meu nervosismo aumentava. Antes de sair, coloco a máscara novamente e me dirijo ao palco. Ao chegar, percebo que tudo está apagado. Subo no palco e começo meu show, vestindo um top e um shortinho curto que destacam minhas curvas. Continuo dançando até que as luzes se acendam e uma voz anuncia bem-vindo ao dono da boate, RAVI Trajano Telles.Quando olho para frente, levo um susto ao ver aquele homem de olhos negros. Ele é o dono da boate e organizou todo esse espetáculo para demonstrar que está no controle de tudo. Agora, estou encrencada por ter batido nele. Ele me lança um olhar penetrante e eu fico paralisada, temendo a reação dele. Ele subiu ao palco e falou ao meu ouvido enquanto eu estava paralisada, em estado de choque. Ravi: Como devo agir em relação ao tapa que você deu em mim, que sou o proprietário da boate? Eu te avisei que isso teria consequências. Agora, mostre seu talento no show que foi pago particularmente para você dançar para o dono da boate e para os meus colegas que acabaram de chegar. Antes de ele descer, ele me deixou um beijo no pescoço. Eu olhei para a frente e engoli em seco ao me deparar com quatro homens cuja presença me deixou arrepiada de medo. Agora, estou realmente em apuros. Se eu tentar escapar daqui, corro o risco de perder um emprego do qual preciso muito. No entanto, se eu permanecer, terei que me submeter à humilhação de dançar para esse arrogante insensível.
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