📍 PRÓLOGO
Narrado por Marina Alves
Ser gorda nunca foi o problema.
O problema sempre foi o mundo querer que eu me odiasse por isso.
Desde pequena, me ensinaram a pedir desculpa por existir demais.
Desculpa por ocupar dois lugares no ônibus.
Por não caber no jeans da loja da moda.
Por não ser o tipo de menina que os meninos escolhiam na dança da cadeira — e, pior, ser aquela que a cadeira quase quebrava.
Na escola, eu já sabia o cálculo exato pra não passar vergonha:
onde sentar, como cruzar os braços pra disfarçar o tamanho do peito, que tipo de blusa esconderia os pneuzinhos que me ensinaram a odiar antes mesmo de eu entender o que era beleza.
Na loja, aprendi cedo o teatro da humilhação velada: — “Ah, moça... só tem até o 44, tá?”
No fundo, o recado era claro: “Você até pode existir, mas não apareça. Não chame atenção. Não seja feliz demais. Não use batom vermelho. E, pelo amor de Deus, não se ache bonita.”
Me mandaram vestir preto.
Me mandaram ficar quieta.
Sorrir educada.
Pedir licença pra viver.
E por um tempo, eu obedeci.
Fiz dieta da água, do ar, da culpa.
Colei bilhete no espelho com frases motivacionais que só me deixavam mais cansada.
Prometi pra Santo Antônio, São Longuinho e até pra Nossa Senhora do Impossível que se eu perdesse dez quilos, eu nunca mais reclamava de nada.
Eu achava que, se emagrecesse, alguém me chamaria pra dançar no fim da festa.
Mas a verdade?
Não era o meu corpo que precisava mudar. Era o mundo que precisava parar de odiá-lo.
E ninguém me contou isso.
Fui descobrir sozinha.
E doeu.
Mas também me libertou.
Hoje, eu como o que quero.
Leio o dobro.
Rio alto.
Uso roupa justa.
Falo palavrão.
Pinto a unha de vermelho e bato o salto no chão como se cada passo fosse protesto.
Tenho dois diplomas. Três cursos online. E uma criatividade que assusta até a inteligência artificial.
Mas sabe o que ainda escuto em entrevistas de emprego?
— “Você tem um currículo ótimo… mas não tem o perfil da empresa.”
Ou pior:
— “A gente procura alguém com um visual mais... compatível.”
“Compatível.”
A palavra educada pra dizer: “gorda não serve nem pra foto de crachá.”
Eu sei o que eles querem.
Querem uma estagiária padrãozinho pra decorar a recepção e fazer stories no LinkedIn.
Não uma mulher como eu.
Que pensa, que cria, que fala o que pensa e que não cabe em molde nenhum — nem de corpo, nem de comportamento.
Essa semana fui demitida. De novo.
Motivo: “não me encaixar no perfil.”
E quer saber?
Talvez seja verdade.
Eu não me encaixo mesmo.
Porque eu não fui feita pra caber.
Fui feita pra transbordar.
E se o mundo não sabe onde enfiar uma mulher como eu —
que pensa alto, ri mais alto ainda, e bota salto mesmo sem ter reunião —
então o mundo que se prepare.
Hoje eu bebi.
Tequila com suco de maracujá.
Porque mereço, p***a.
Depois de gargalhar com minhas amigas e chorar em silêncio no banheiro da balada com a testa encostada na pia, voltei pra casa.
Sentei na frente do computador.
E mandei um currículo.
Com um e-mail tão sincerão que podia me contratar, me demitir de novo… ou me beijar.
Mas isso...
…você vai ter que ler pra descobrir.
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💋 Então, meninas (e meninos também, né? Que aqui a sofrência e o deboche são democráticos):
Se tu ama uma comédia romântica daquelas que te faz rir com raiva e chorar de alívio...
Se tu já tropeçou na própria autoestima mas levantou com um batom novo e um textão na cabeça...
Se tu quer ver uma mulher fodona, fora dos padrões, enfrentando o mundo com sarcasmo, coragem e um vestido florido...
“Me Contrata ou Me Beija” foi escrito pra ti.
É romance, sim.
Mas é também um grito de liberdade disfarçado de gargalhada.
É sobre amor — mas primeiro, sobre amor-próprio.
É sobre não caber na caixinha.
Sobre ocupar espaço com o corpo, com a voz, com a alma inteira.
É pra quem já chorou no provador.
Riu no velório.
Amou quem não devia.
E mesmo assim teve coragem de mandar currículo (ou mensagem de texto) com o coração na mão e o dedo no enter.
É pra quem vive tropeçando...
Mas tropeça com estilo.
Então se tu ama:
💥 Um slow burn cheio de faísca e tensão
🗯️ Diálogos sarcásticos que parecem briga de bar
💋 Protagonistas que não seguem manual nenhum
🔥 E beijos que começam com “eu te odeio” e terminam com “vem cá, desgraça…”
Então se prepara.
Adiciona na tua biblioteca.
Ativa o lembrete.
Porque no dia 15, Marina Alves vai invadir teu coração com atualização diária, sarcasmo no talo e paixão com gosto de tequila.
Me Contrata ou Me Beija:
O romance que vai te fazer rir, gritar, se ver —
e talvez… se apaixonar também.
🍹DEGUSTAÇÃO
Local: Corredor da Verano Global, 12h40.
Situação: Marina tenta esquentar sua marmita no micro-ondas da copa executiva.
Problema: Leonardo Verano entrou na copa. E a marmita explodiu. Literalmente.
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— Isso era... comida? — Leonardo perguntou, olhando o micro-ondas como se tivesse presenciado um crime de guerra.
— Era lasanha. Agora é arte contemporânea, dependendo da sua perspectiva.
— Você explodiu o micro-ondas da diretoria.
— Tecnicamente, foi o queijo. A culpa é da lactose.
— Marina...
— Eu avisei que esse micro-ondas não tinha cara de quem aguenta meu tempero.
— O vidro tá trincado.
— Eu também estou, chefe. Quer conversar sobre isso?
Ele passou a mão no rosto, contido. Muito contido. Aquele tipo de calma que só os homens desesperados disfarçam com controle.
— Você não pode simplesmente—
— Explodir eletrodomésticos caros? Eu sei. Mas vamos encarar os fatos: a culpa é sua.
— Minha?
— Sim. Se eu não tivesse sido contratada pra essa empresa de elite sem alma, eu estaria comendo minha lasanha feliz em casa, de camiseta furada e calcinha bege. Mas aqui estou eu: salto alto, cabelo preso, e uma lasanha morta nos azulejos.
— Isso não faz o menor sentido.
— Bem-vindo à minha mente, Leonardo.
Ele se aproximou. Devagar. Como quem não sabe se pisa ou recua.
— Você é impossível.
— E você é contido demais. Deve ser horrível viver assim, com a gravata apertando até o instinto.
— Você fala demais.
— Só porque você escuta de menos.
— Eu sou seu chefe.
— E eu sou seu karma.
Silêncio. Só o barulho do queijo ainda borbulhando no vidro rachado.
— Você vai limpar isso — ele disse, sério.
— E você vai pagar minha terapia quando eu descobrir que fui rejeitada por um micro-ondas.
Ele desviou o olhar. Riu. Quase. Mas segurou.
— Marina…
— Leo…
— Não me chama de Leo.
— Não me contrata, então.
Ele trincou o maxilar. Um segundo a mais ali e ela sabia: ou ele gritava... ou cedia.
— Vai almoçar, Marina. Antes que você exploda mais alguma coisa.
— Tipo você?
— Especialmente eu.
Ela pegou os talheres com uma mão, a tampa da marmita na outra, e sorriu com a maior tranquilidade do mundo.
— Relaxa, chefe. Eu só explodo o que vale a pena.
Saiu da copa de salto firme, deixando pra trás cheiro de queijo queimado, ego ferido e um CEO que... pela primeira vez em anos... não tinha resposta.