4ª part

1317 Palavras
 Sem querer ouvir mais nada daquelas três coisas,apenas dei as costas e sai andando pela frente,iria dar mais uma volta pelo restante do local,e sinto que até o anoitecer irei está conhecendo todos o pontos desse lugar.   Passei as horas andando por cada canto, observando cada detalhe das estruturas, analisando com atenção a dimensão em metros quadrados. Como eu havia dito,já passam das nove da noite e não tem um lugar nessa "civilização" que eu não conheça, menos uma ala em particular,na qual eu fui barrada por dois caras ao chegar a porta,tenho certeza que é onde fica o "diretor" dessa merda toda. Queria saber o real motivo pra ele ter mandado me arrastarem pra cá,não pode ser só por causa do meu "talento",o qual nem faço ideia do que possa ser. Enquanto não conseguirem me provar o contrário,pra mim isso é sequestro.   Como não estava afim de voltar pro meu "quarto",caminhei até a área de extensão,onde tinha um gramado de dar inveja,me deitei sobre ele e me foquei em olhar o conjunto de estrelas que estavam em perfeita organização,sem uma nuvem sequer que pudesse ofuscar seu brilho. Pelo menos alguma coisa aqui valia a pena,esse ponto é o que eu mais gostei,ao menos pra ficar algumas horas da noite,até porque durante o dia,esses caras parecem não ter mais o que fazer,passam quase o dia todo aqui,se revezando entre si sempre,o que não deixa o local vazio sequer cinco minutos. -- Não acha que deveria está no seu quarto?__perguntou em pé ao meu lado chamando a minha atenção para si. -- Claro que sim__falei voltando a encarar as estrelas__ Mas não sei pra que lado fica a minha casa, muito menos quanto tempo levaria pra chegar lá__completei com ironia,o que a fez soltar um longo e pesado suspiro. -- Essa é a sua casa agora. -- Não,não é e você sabe disso__falei firme,em nenhum momento olhando em sua direção__ Já pararam pra pensar,que meus amigos podem achar estranho o meu sumiço e chamar a polícia? -- Isso aconteceria se você não tivesse deixado um e-mail pra cada um__por causa da surpresa direcionei meu olhar até ela,e a vi abrir um meio sorriso__ Onde você deixa claro que decidiu que não seria possível começar a nova etapa dos seus estudos na cidade,e por isso achou melhor abrir as portas de oportunidades e se aventurar. Se desculpando, é claro,por ter feito tudo de maneira repentina,mas que não viu uma forma diferente e que também não poderia se atrasar mais nenhum minuto,ou perderia seu ônibus__completou,em nenhum momento olhando pra mim,que me encontrava pronta pra matar um.   Me levantei parando na frente dela com uma raiva descomunal, tentando raciocinar antes de fazer merda,mas não foi possível,meus instintos totalmente desorganizados, simplesmente me fizeram partir pra cima dela,o que não saiu como eu esperava. Em um movimento rápido,ela se desviou dos meus "golpes" e me prendeu em uma chave de braço de costas,desarmou meus joelhos me fazendo fazendo ir ao chão ainda sem me soltar. -- Você tem força de vontade, raça...__disse em um tom firme,porém baixo__ Mas não tem técnica. -- Tô pouco me fodendo pra isso__falei tentando inutilmente me soltar__ Eu não queria esta aqui!..não foi uma escolha minha!__gritei desistindo de lutar contra ela. -- Você é um dos poucos que não ficam felizes por serem um dos talentos de nossas listas__disse ela me soltando em seguida. -- Me diz o que tem de bom em fazer parte disso!..qual o valor entre a vida nesse lugar, comparada a vida ao lado de pessoas que você gosta?__perguntei sentindo meus olhos arderem,mas não iria derramar sequer uma lágrima. -- Tenho certeza de que ela iria compreender.. principalmente ao saber que isso de uma forma ou de outra é pra sua própria segurança__disse séria sem esboçar qualquer tipo de expressão,o que me irritou ainda mais. -- Como pode saber? Mandou a merda de um e-mail em meu nome pra ela também? -- Não__disse me surpreendendo pela primeira vez até o momento__ Isso é algo que você irá fazer. -- Só pode está de brincadeira comigo__voltei a me por de pé. -- Não é uma decisão minha.. Mas se  foi decidido assim, é porque tem algo que você precise descobrir__comentou como quem não quer nada. -- Quer saber?..vai se ferrar e me deixa em paz, é o melhor que pode fazer__falei já dando as costas e optando por ir pro meu amado e novo quarto. -- Você ainda me entender!__ouvi quando já estava a uma distância considerável,mas não me preocupei em responder ou dar qualquer tipo de atenção.   Só podia ser algum tipo de pegadinha com a minha cara,não tinha cabimento uma palhaçada dessas. Se livraram dos meus amigos sem mais nem menos,tudo por causa da minha suposta "segurança". Isso não faz nenhum sentido..quem viria atrás de mim? E com qual motivo em mente? Até onde eu sei,meus pais não são de uma gangue,ou algo assim,muito menos são ricos poderosos de grande influência no mundo. Não verdade eles pouco se importam com o que eu faço da minha vida. Se eu viver ou morrer,pra eles pouco importa,tanto que não os vejo a um ano meio,não faço ideia de como podem estar,muito menos se estão vivos,e da mesma forma que agem a meu respeito,tô pouco me fodendo pra isso.   Chegando no corredor da ala A,me encaminhei a porta sete percebendo que não tinha uma alma viva por todo o local,a não ser eu e aquela...quer saber? Isso não importa.   Entrei já trancando a porta logo atrás de mim, respirando fundo e liberando todo o ar captado pelo meus pulmões,me direcionei até o banheiro,onde tomei um banho até relaxante,da forma que estava precisando,tudo pra tentar amenizar toda essa situação,já que tentei tomar algo álcoolico mais não me permitiram,como se isso fosse me fazer m*l de alguma forma e eles realmente se importassem comigo.   Sai do banheiro já vestida com a roupa de baixo e secando os cabelos com a toalha,a qual deixei no suporte destinado a ela,e me joguei sobre a cama me cobrindo até a cintura e mais uma vez mergulhando fundo em meio ao meus pensamentos.   Qual poderia ser o real motivo para que meus pais desaparecessem dessa forma? Por que nunca me trataram como filha de verdade? Será que fiz alguma merda de errado? Mas como poderia se eles sempre agiram de uma forma estranha? Desde que me entendo por gente,na verdade. É tudo tão complicado, difícil de entender. Até parece que fiz algo muito grave e os principais atingidos foram eles, como se eu não fizesse parte da família,mas na realidade fosse uma intrusa,estivesse o lugar de alguém que era de alguma forma,especial. Mais isso não é algo que deva ficar puxando o meu tapete,eu sei que não fiz merda nenhuma,que não ocupei o lugar de ninguém,até porque sou filha única. Tudo o que eles fizerem e ainda fazem,não é problema meu, é tudo porque quiseram que fosse exatamente assim.   A melhor coisa que eu poderia fazer,eu fiz. Que foi ter tomado coragem pra sair fora da casa deles e tomar conta de mim.   Ta certo que ainda não tinha sequer dezesseis anos,mais pela primeira vez em muito tempo,eu estava me sentindo bem,estava me sentindo livre e nada poderia mudar a minha decisão àquela altura,nem mesmo minha mente,as vezes traidora. Mas isso não vem ao caso,eles se mandaram e eu também,o que importa agora, é me resolver com essa merda aqui,tem que ter uma forma de me mandar daqui,voltar pra minha cidade,conversar com meus amigos, com todos que são importantes pra mim, principalmente ela..tomar um novo rumo na minha vida,onde não possam me encontrar uma segunda vez,o que implica tomar mais cuidado com a bebida,ou não vai adiantar muita coisa,quase me matar pra deixar esse lugar e convencer aquela marrenta a ir embora comigo.   " Qual seria a melhor forma para fazer isso o mais rápido possível?"   Adormeci com esse pensamento em mente.
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