ANGEL NAVARRO_
Noitadas atrás de noitadas, beijando bocas desconhecidas que não me acrescentavam em nada __ essa é a minha, não tão adorável vida.
Levantei-me com os olhos entreabertos, por conta da ressaca em que me encontrava nessa manhã de início de semana. Segundas-feiras são um saco, e eu as odiava muito.
Caminho toda desajeitada indo até meu banheiro, esbarrando na paredes. Por mais que eu tentasse manter meus olhos abertos, eles não pareciam querer me obedecer.
Me jogo debaixo do chuveiro de água fria, com a roupa que ainda estava no corpo ___ precisava de um banho para que eu pudesse acordar de vez, e nada melhor que uma água fria pra fazer isso por mim.
Fiz minha higiene__ visto-me com uma roupa adequada __ não que eu não me vestisse de forma adequada sempre, mas adequada para o compromisso do dia de hoje. Agora eu teria um compromisso todo dia, certamente minhas noitadas não seriam mais as mesmas, e nem mesmo minha vida.
Desço as escadas e encontro meu pai na mesa do café da manhã, folheando seu jornal de todos os dias, aquilo era um costume seu: acordar e folhear jornal, não sei oque ele via nisso, qual a graça disso, me questionava sem entender.
__ Não conseguiu dormir direito? __ pergunta ele sem tirar os olhos do seu jornal.
__ Consegui sim, só acho que perdi a hora. __falo me sentando a mesa para minha primeira refeição do dia.
__ Sabe que precisa ir pra empresa hoje não é?__Agora ele desceu o jornal, para mirar meus olhos. __ Obvio que ele faria isso, quando o assunto é dinheiro e bens materiais ,meu pai dar uma atenção maior pra isso.
__ Como eu iria esquecer? __ respondo com outra pergunta.
__ Acho bom que não esqueça mesmo.
__Hum. __me limito a falar isso, me servindo logo em seguida __ Geralmente quem fazia isso era a Ester, a empregada que trabalha pro meu pai desde o meu nascimento, mas eu não a via simplesmente como uma empregada ,aliás, nem gostava de tratá-la como tal, cresci vendo ela como minha segunda mãe, ou melhor dizendo ,minha única mãe.
Tomamos nosso café em um silêncio absoluto. Checo meu celular enquanto degusto do mesmo, algo que meu pai odiava que eu fazia ,mas bom ,ele folheia jornal na hora da refeição, não poderia me cobrar tanta coisa assim.
Após o nosso café em plena harmonia ( eu estou sendo irônica) meu pai e eu nos separamos ali, apesar de que iríamos para o mesmo lugar, tínhamos o nosso carro próprio, e já seria demais chegar junto com ele na empresa, já bastava sentir todo mundo me olhando torto por simplesmente eu ser a filha do patrão, sendo que essa seria verdadeiramente a parte mais chata de ser filha de uma pessoa poderosa, digamos assim.
Entro na sala, que foi me apresentada como a minha ,e vejo que havia uma bagunça ali enorme, e só de imaginar que eu teria que organizar aquilo tudo ,me dava uma indisposição sem tamanho, mas fazer oque né, estava sendo adulta, agora de fato uma adulta com responsabilidades maiores.
Trabalhar com meu pai e pro meu pai, era algo fora de cogitação, até eu me sentir necessitada em ter minha própria independência financeira e privacidade, se tornando assim, o real motivo que me trouxe aqui, para a empresa Industry Navarro.
Minha relação com meu pai não era das melhores, digamos que eu e ele não nos damos tão bem como deveríamos. Ele nem sabe muita coisa de mim ,e oque eu sei dele, é o bastante pra pensar que dinheiro sempre virá em primeiro lugar.
[...]
__ Eaí lesba! __fala Luke me fazendo engasgar com a água que eu acabava de colocar na boca, após ter me dado um descanso da bagunça em que minha sala se encontrava.
__ Ficou louco Luke? __fui grossa, e o i****a do meu amigo só ria,o que me causava mais ira ainda. _ Da próxima vez, bate antes de entrar. - falo após de fato me recuperar do engasgo com a água.
__ Geralmente a gente pede pra secretária avisar né, mas aí não tem secretária.
__ Quando não tem secretária a gente bate Luke Davis ,e isso se chama E D U C A Ç Ã O! __ falo pausadamente fuzilando ele com meu olhar.
__Não seja por isso. __ o rapaz deu meia volta, e repete o processo, dessa vez batendo na porta.__ Esse seria o nível de idiotice do meu melhor amigo.
__ Entra. __ falo entrando na ceninha. __ Sabia que você ia aprender, você ainda é jovem. Mas vem cá, que ventos te trazem aqui? __ pergunto lhe mirando.
__ Nada, só a falta do que fazer. Estava em casa de boa, aí me lembrei que hoje você se tornava adulta, e vim dar uma conferida.
__ Huum. Você só esqueceu um detalhe.
__ Qual? __ele pergunta curioso.
__ Adulta eu sempre fui bebê.
__ Se essa é sua opinião, não irei discordar da senhorita.
Como era meu primeiro dia, e eu não tinha muito o que fazer, joguei conversas foras com o Luke.
Meu ciclo de amizade era tão curto, eu sou muito antissocial pra me relacionar com pessoas; e de todos os que eu de fato chamava de amigo, Luke era o que eu considerava meu irmãozinho, e apesar dele não ser tão de acordo com meu jeito cafajeste, o rapaz nunca me repreendeu, nem foi contra mim, sempre esteve aqui pra me apoiar em meus ideais.
Retornei pra casa, estava literalmente acabada com a finalização da organização da minha sala. Percebi que seria um saco ficar sentada em uma cadeira mexendo em um computador por horas e horas, um pouco entediante pra mim esse tipo de trabalho, mas eu tinha que me ocupar em algo ,e já estava na hora disso acontecer.
Entro na banheira, busco relaxar um pouco, relaxar meus ossos, meus músculos, sentindo que precisava de uma bela de uma massagem, apenas isso e nada mais.
Visto- me com um vestido não tão curto, coloquei uma maquiagem básica, e calço um salto que aumentava mais um pouco minha altura, mas só um pouco mesmo, não sou tão baixa assim, seguindo para o meu encontro de todas as noites.
[...]
__ Oii gays. __falei ao ver meus queridos e melhores amigos na mesa de sempre.
__ Tá animadinha hoje Navarro ? Nem parece que esteve o dia todo presa em uma empresa. _falou Lucas.
__ É meu dom baby. __ me sento junto deles, já pegando um copo para enchê-lo de whisky.
__ E aí Angel , tá vendo aquela mulher ali?
__ pergunta Caio após retornar do salão onde teria ido dançar, me fazendo olhar em direção ao bar.
Vejo uma moça morena; seus cabelos não eram tão claros, mas seriam tipo um castanho, ondulados e grandes, lindos por sinal. Ela estava vestida com uma saia de cor preta juntamente com uma blusa que não dava pra ver o detalhe na frente devido ela está sentada de lado, mas aparentemente bonita ,e também hétero, muito hétero, não poderia fazer essa minha observação passar despercebida ali.
__ Sim. __ respondo após analisar a mulher por completo.
__ Aposto se você consegue ficar com ela.
__ me desafia,e eu odiava ser desafiada.
__ Ela tem cara de hétero amigo. Eu não me envolvo com héteros, é problema na certa.__ falo na defensiva, bebericando meu copo, e ainda olhando pra morena do bar.
__ Ué, mas essa seria a graça filha. __ Caio responde bebericando sua cerveja.
Passo mais alguns minutos analisando a mulher, e pensando se pegaria essa aposta, porém se eu pegasse seria pra ganhar, não entrava em jogo pra perder.
__ Aposta aceita. __ falo ao perceber que não seria nada m*l pegar a morena, ela de fato era bem atraente, e se ela fosse hétero como penso, não me importaria em mostrar pra ela que o sexo com mulher é bem mais interessante e bem mais gostoso.
__ Por um momento achei que você ia dar pra trás navarro.
__ Humm, fugir é uma palavra que não existe no meu vocabulário. __ dou um último gole no meu copo de whisky esvaziando o mesmo, e sigo para a mesma direção da minha presa.
[...]
__ Boa noite. __ falo ao me aproximar da morena e a mesma direciona seu olhar para mim, e eu nem poderia negar que ela era verdadeiramente uma bela mulher. Torço internamente para que ela não viesse a ser hétero,seria uma perdição uma mulher bela como ela, gostar de macho.
__ Boa noite. __ respondeu ela bebericando algo que tinha no seu copo.
__ Me chamo Angel navarro, prazer. __ me apresento.
__ Gabriela Yıldız, prazer. __ respondeu a morena.
__ Prazer só na cama. __ não sou de enrolar, iria direto ao ponto, jogando a minha investida pra ver como ela reagiria, e para a minha surpresa, a filha d'uma mãe só sorriu, e reparo que ela tinha um belo de um sorriso. A mulher era linda pra um c*****o , oque deixou essa aposta bem mais interessante, pois eu pegaria ela até sem aposta.
__ Já ouvi essa cantada. __ responde sincera, conquistando minha atenção.
__ E a pessoa que a usou, conseguiu oque queria? __ indago prolongando um pouco aquele momento, antes de ir pro ponto principal. Aquilo não era algo que eu faria, geralmente as mulheres não respondem minhas cantadas assim, me atacam antes de eu atacá-las, mas essa parecia que iria ser difícil, mas só um pouco difícil, pois até mesmo o difícil tem seu sabor.
__ Sinceramente? __ Acinto com a cabeça para que ela desse continuidade ao que vai falar. __ Não! A pessoa não conseguiu oque queria. __ A sinceridade que era perceptível na resposta a ser dada a mim me surpreendeu.
__ Eu posso ser a primeira, e garanto que faço jus ao que falei... Só preciso de uma oportunidade. __ Joguei meu charme, e como ela não me deu resposta, além daquele olhar fixado ao meu, aproximo-me de seu rosto, suspirando seu perfume, e percebo que ela estava tão cheirosa, em um nível em que me fez cogitar a ideia dela ter tomado um banho de perfume antes de vir para essa boate.
Miro os olhos castanhos de Gabriela ,que por conta do escuro, só deixaram o brilho dele mais forte. Levemente levo minha boca em direção da sua, e posso sentir seu ar bater em meu rosto, um ar tenso e quente. Encaminho minha mão para seu queixo, a puxando para mais perto de mim.
__ Preciso ir. __ Ela fala se afastando de mim, e isso me fez praguejar a mesma em pensamento.
Direciono meu olhar para onde meus amigos estavam e eles estavam com o olhar atento em mim, e vejo os mesmo rir. Aquele era de fato o meu primeiro não recebido.
__ Quer alguma bebida? __ pergunta o barman chamando minha atenção.
__ Não. __ Respondo voltando para a mesa.
[...]
__ Eu nunca achei que veria Angel Navarro levar um fora __ zoou Caio, antes que eu me acomodasse do lado deles. __ A zoação ali seria sem tamanho.__ pensei.
__ Ela estava assustada, apenas. __ tentei usar uma desculpa aceitável.
__ Geralmente as pessoas não se assustam com você, elas simplesmente te comem com os olhos. __ respondeu Lucas, e modéstia parte ele tinha razão em sua fala. Eu conseguia perceber os olhares famintos das mulheres sobre mim, como também o olhar de recusa de alguns homens, certamente insatisfeitos por perceberem que eu pego mais mulher que eles - rio do meu pensamento.
__ Eu dobro a aposta... __ digo enquanto encho meu copo de whisky. __ Agora mais do que nunca eu quero pegar essa mulher.
__ finalizo minha fala dando um gole em minha bebida, que desce queimando minha garganta. __ A recusa de Gabriela havia despertado em me, um interesse maior na garota.
__ Ok. Dou duas semanas pra você conseguir, caso contrário, considere-se aposta perdida. __ Caio foi direto, como sempre.
__ Não vou precisar usar nem uma semana completa. __ falo convencida.
Se Gabriela acha que pode me dispensar assim, ela estava muito enganada, não perdi nenhuma aposta até agora, não seria com ela que eu iria perder, não mesmo.