Capítulo 2

1357 Palavras
YANA KIMI Ai, minha cabeça parecia que ia explodir. Fiquei mirando o teto do quarto esperando que aquela dor melhorasse. É por isso que eu não bebia. Não nasci pra aguentar uma ressaca. - Como você está? - Lili falou entrando no quarto. - Com muita dor de cabeça. - Toma esse remédio pra melhorar. - Ela me entregou um copo com água e um analgésico. Peguei e tomei. - Você dormiu aqui? - Perguntei. - Sim. Você não lembra de nada sobre ontem a noite? - Lembro de ter ido dançar com o Caio. Talvez alguma coisa sobre você me colocando no banco do carro. Mas nada além disso. O resto se tornou um borrão. - Falei, ainda deitada. - Tem certeza que você não lembra de nada? - Lili estava estranha. Será que eu tinha falado alguma bobagem? - Eu fiz alguma coisa errada? - Perguntei apavorada. - Além do fato de você ter tirado a camisa no meio da pista de dança. - Falou séria. - Que droga. Sério? Eu não acredito que fiz isso. - Falei me sentando na cama e colocando minha cabeça entre as mãos. - É mocinha, você me deu o maior trabalho ontem. - Promete que nunca mais vai me deixar ficar bêbada na vida. - Falei nervosa. - Você é muito teimosa. Não sei se consigo prometer isso. - Que horas são? - Perguntei massageando a lateral da cabeça. - 7:20. - Ai não, eu estou atrasada. Tenho prova no primeiro tempo. - Pulei da cama e fui direto para o banheiro. Tirei minha roupa e entrei no box. - Você quer comer alguma coisa? - Lili gritou do quarto. - Não, mas pode ficar a vontade Lili. - Ela não respondeu. Então imaginei que já tinha descido para a cozinha. Tomei um banho super rápido e me troquei pegando um blusão do meu guarda roupa com um shorts pequeno. Depois coloquei um tênis. Deixei meu cabelo solto e me maquiei. - Você já tá pronta pra ir? - Perguntei entrando na cozinha. - Sim, peguei um roupa sua e fiz café pra você. - Tudo bem e obrigada. Vamos que meu professor é um velho muito m*l encarado e a prova já deve ter começado. - Lili me deu um copo e fomos para a garagem. - Usa o meu carro. - Ofereci as chaves pra ela. - Tudo bem Kimi, eu vou de busão. - Lili, seu trabalho é do outro lado da cidade. Eu posso pegar o carro do meu pai. - Insisti. - Tá bom. Obrigada Kimi, fico te devendo essa. - Deixa disso. Você já me pagou ontem. - Beijei seu rosto e entramos nos carros. Lili saiu primeiro. Saí logo em seguida cantando pneu para dar tempo de fazer minha prova. LÍVIA DUARTE - Lívia? - Lívia? - Oi, me desculpa. - Falei saindo dos meus pensamentos. - Nossa Lívia, você estava no mundo da lua? - Samantha falou irônica. - Eu só... - Eu não quero saber bobinha. Pega isso aqui é para o seu chefe. - Ela colocou uma cópia de um livro em cima da minha mesa e saiu com o queixo empinado. Eu não gostava de Samantha. Ela era ignorante e tinha quase certeza que queria o meu cargo de assistente do editor. Eu trabalhava em uma editora que escrevia sobre política e economia, pela manhã e a tarde cursava Letras na Universidade Federal de Santa Catarina. Dei leves batidas na porta do meu chefe. - Pode entrar. - Senhor Rodrigo. A cópia do livro sobre a Economia mundial depois do covid 19 já chegou. - Entreguei o livro para ele. - Ok Lívia. Vou dar uma olhada mais tarde. Você já escreveu sua opinião sobre artigo que vamos publicar semana que vem? - Sim, está no meu computador. Vou enviar para o senhor agora mesmo. - Lívia, lembre-se que uma boa opinião sempre vem acompanhada de referências, contextos e... - Experiências. - completei. - Isso mesmo. Nunca esqueça disso e você será uma ótima escritora. - Obrigada Rodrigo. - De nada. Você é a melhor aprendiz que já tive. - Devolvi o sorriso que ele me lançava. - Vamos voltar ao trabalho. Quando você for pra faculdade me avisa. - Ok Senhor. Com licença. - Voltei para a minha mesa. Enviei a minha opinião sobre o artigo que falava sobre os inúmeros erros que o governo Bolsonaro cometeu durante a pandemia. Apesar da quarentena ter acabado e as coisas terem voltado ao normal, nada seria igual e o país estava enfrentando uma crise terrível. Cheguei na faculdade atrasada como sempre. Hoje eu teria seis tempos de aula. Tudo estava uma loucura, muitas atividades e provas. Os professores corriam contra o tempo para recuperar as aulas perdidas do período em que ficamos em casa. E eu me virava nos 30 para conseguir dar conta de tanta coisa. Quando estacionei o carro na frente da minha casa já eram 19hs. - Mãe, cheguei! - Gritei entrando na sala e indo direto para o meu quarto. Meu celular vibrou indicando que recebi uma mensagem de texto. Kimi ❤ COMO FOI SEU DIA?😊19:02 Lívia FOI UMA TRAGÉDIA.😥 MAS O MEU CHEFE VAI LER MINHA OPINIÃO SOBRE AQUELE ARTIGO QUE TE FALEI.😊19:02 Kimi❤ PELO MENOS UMA NOTÍCIA BOA. PARABÉNS. VOCÊ QUER JANTAR COMIGO?19:03 Ainda não tinha parado pra pensar no quase beijo que Kimi me deu. É claro que ela estava muito bêbada pra se lembrar, mas eu estava muito sóbria para esquecer. Não era como se eu e Kimi nunca tivéssemos jantado juntas, pelo contrário, fazíamos isso sempre. Só que dessa vez eu estava um pouco nervosa. Lívia QUERO SIM. VOU PRA SUA CASA DAQUI A 30 MINUTOS. 19:05. Kimi ❤ NÃO ESQUECE DE TRAZER ROUPAS PARA PASSAR A NOITE. NÃO QUERO DORMIR SOZINHA HOJE. BJOS ATÉ DEPOIS.😘 19:05. Fui para o banheiro e tomei um banho rápido. Coloquei algumas roupas, coisas da faculdade e do trabalho em uma bolsa e fui até o quarto da minha mãe. Ela estava com a porta aberta vendo um vídeo de ginástica que tentava imitar. Mamãe sempre cuidava da saúde. Desde que o homem que dizia ser meu pai foi embora de casa e nos deixou desamparadas ela passou a viver como queria e eu achei essas mudanças maravilhosas. Era como se ela só tivesse encontrado a alegria de viver quando se divorciou. - Oi mãe. Como você está? - Oi filha, estou bem. Você já jantou? - Vou jantar com a Kimi e vou dormi lá também. - Se cuida tá. Se você puder amanhã passar no mercado e compra algumas coisas. Eu vou trabalhar até mais tarde essa semana. - Você já ganhou aquele caso? - Não, o cliente estava escondendo algumas informações, o que atrasou um pouco meu trabalho. Mamãe se formou em Direito depois que o meu progenitor se mandou. Passamos tempos bem difíceis, mas aos poucos conseguimos terminar de pagar a casa e ela até comprou um carro esse ano. - Ok, amanhã vou sair mais cedo da faculdade. Daí já passo no mercado. - Fui até minha mãe e beijei seu rosto. - Nada de bebidas hoje a noite minha filha. - Falou séria. - Hoje é quinta-feira mãe e não quero ser demitida por chegar de ressaca no trabalho. - Melhor assim. Como estão as coisas no trabalho e na faculdade? - Meu chefe vai ler uma análise que fiz sobre um artigo muito importante. Se ele gostar eu posso acabar publicando alguma coisa. E na faculdade tá tudo igual. - - Tenho certeza que você vai ser uma ótima escritora meu amor. E a Kimi? Aquela pergunta me deixou nervosa e eu acabei gaguejando. - A Ki-mi? O que tem ela? - Como ela tá? - Bem eu acho. - O Roberto não tinha viajado ? - Sim, ele só volta no domingo. - A Kimi deve se sentir muito sozinha. Diga a sua amiga que ela pode dormir aqui sempre que quiser. - Eu vou dizer mãe. Agora deixa eu ir que estou atrasada. - Se cuida e juízo filha. - Pode deixar mãe
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