Decisão

692 Palavras
Vejo meu melhor amigo refletir cada sentimento meu. Surpresa, choque, medo, alegria. Não sei se grito de felicidade, ou se choro de tristeza. Nunca imaginei realmente que fosse ser aceita em Harvard. Me candidatei a vaga na brincadeira. Simon ia se candidatar para manter o legado dos Reed, e como somos inseparáveis eu me candidatei também, mas nunca acreditei que fosse conseguir. Como posso ter conseguido e ele não? – Ali, meus parabéns – ele me abraça orgulhoso e ao mesmo tempo triste. Eu não sei o quer dizer. Talvez “Obrigada”? Ou quem sabe “ Eu não quero ir”? Mas eu realmente não quero? Afinal, é Harvard. É a melhor universidade dos Estados Unidos. As pessoas se matariam para conseguir uma vaga. Tento me convencer que minha única razão para querer ir pra Harvard é sua ótima reputação, mas no fundo eu sei que meu maior motivo é o fato do Daniel estar lá. Eu vivi minha vida como ele queria. Eu fui à festas, eu fiz mais amigos, eu conheci lugares novos, mas isso não mudou o fato de que eu ainda o amo. Não se pode deixar de amar alguém do nada. – Ali? Olho para o Simon e percebo que a decisão não cabe somente a mim. Somos uma dupla. Não posso abandona-lo assim e nem pretendo. – Eu não sei o que fazer, Simon. – Claro que sabe. Você deve ir – ele diz tão baixo, que preciso olhar em seu rosto para ter certeza do que ele disse. – Você deve ir, Ali.- repete – Eu não quero ir. – Claro que quer. – ele bufa. – Todo mundo quer, Ali, é de Harvard que estamos falando. E nós dois sabemos que você tem mais um motivo para ir . – um sorriso s****o se forma em seu rosto, e se eu não estivesse tão tensa, eu com certeza teria rido. – Simon, eu não quero ir pra uma Universidade onde você não vai estar. Nós prometemos um ao outro que sempre estaríamos juntos. – Tínhamos seis anos, não sabíamos o quão complicado a vida era. Alissa, é claro que eu quero ir pra mesma universidade que você, você é minha melhor amiga, minha gêmea, a Robin do meu Batman. Mas isso não é algo que se possa discutir. Não é a mesma coisa de quando eu impedi você de fazer gastronomia pra fazer marcenaria comigo. É Harvard, Ali, a melhor universidade do país. Eu não posso impedir você disso e nem vou. Você vai. – ele responde com firmeza, me lembrando vagamente o meu pai. – E eu sei que você tá doida pra ver meu irmão de novo. – é, bem vagamente mesmo. Meu pai nunca diria isso. Solto uma risada. Apenas o Simon para me fazer sentir melhor. – Quem sabe não é o destino dando mais uma chance a vocês? Será? – Se for, eu não vou impedir. Eu amo você e quero que você seja feliz, assim como quero para o meu irmão. Abraço meu melhor amigo, completamente agradecida por ele ter derramado acidentalmente meu achocolatado 14 anos atrás. Se não fosse por isso, eu não o teria empurrado, e a gente não teria ficado amigo na detenção. Então, valeu, Simon, por ser um completo desastrado com as coisas. – Eu também amo você. – lhe digo – Eu sei disso, é impossível alguém não me amar. Pode perguntar a Briana. Dou um t**a no seu braço, e ele ri, descarado. – Simon? – Oi? – Não quero que pensem que estou seguindo o Daniel. Só me candidatei porque você ia se candidatar. – Relaxe, Ali. Ninguém vai pensar isso. E se pensar e daí? Vamos estar do outro lado do país. – Você vai pra Universidade de Boston? – Claro que sim. Vamos estar na mesma cidade e a gente vai se ver sempre que quiser – ele para de repente, pensando. – Sempre que quiser não, só quando a Universidade permitir, mas você entendeu não é? – Sim. – reviro meus olhos para ele. – Eu daria tudo para ver a cara do Daniel quando descobrir que você vai para Harvard. – ele solta uma risada – Vamos contar por Skype?- ele pergunta esperançoso. Então uma ideia me ocorre. – Não, melhor ainda. Não vamos contar nada a ele. Eu quero fazer uma surpresa. E que surpresa!
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