− Ha-Harlan? Você não pode contar isso pra ninguém, por favor!
Era isso! Lucas tinha estragado tudo e quando chegasse na escola no dia seguinte todos na sala estariam rindo dele.
− Não chore Luke. Não precisa ficar assim.
Lucas não entendia. Porque Harlan ainda não estava gritando. Ele esperaria estar com os outros garotos da escola?
− Meninos normais não choram, nem brincam de bonecas, Harlan, mas eu...
O pequeno Luke arregalou ainda mais os olhos, agora ainda mais azulados por chorar, quando Harlan ao invés de afastá-lo, o puxou para um abraço desengonçado.
− Minha mãe disse que isso é um-uma grande babaquice. Eu choro por qualquer coisa e brinco de casinha com a Nathalie, não tem nada de errado nisso, entendeu?
Lucas queria chorar ainda mais, queria correr para sua mãe, mas ao mesmo tempo se sentiu seguro nos braços de Harlan.
− Você não me odeia, então?
− Não, nunca! Ainda mais se você deixar que eu brinque com elas algumas vezes. Porque eu te odiaria?
− Meu pai? Ele se separou da mamãe porque ela me comprava bonecas e roupas diferentes dos meninos normais.
Algumas pessoas já o olharam torto e sussurraram coisas que Luke nem entendia na época, mas seu pai não era tão discreto, sempre que podia estava gritando para o menino e sua mãe que aquilo não era normal, que seu filho não podia ser uma aberração.