Vendido ao Sheik

Capítulo 02

SAI daquela casa correndo feito um louco pelas ruas, eu chorava tanto pois à dor que eu estava sentindo era imensa, por alguns instantes eu pensei que tudo aquilo podia ser um pesadelo, e que logo eu iria acordar do mesmo.

Acabei chegando em uma pracinha próxima, à mesma estava vazia, e tinham algumas pessoas e crianças brincando mais eram muito poucas e contaveis, caminhei e sentei em um banco vazio, fiquei vendo as crianças correndo de um lado para o outro, e mesmo assim às lágrimas não paravam de cair intensamente, era uma dor tão dilacerante e profunda, a traição dupla é a pior que alguém pode passar, e eu ingénuo que até pensava que esse tipo de coisas só acontecesse em novelas ou séries dramáticas.

Fiquei completamente estático naquele banco, e uma sequência de flash's

de memória tomaram conta da minha mente, recheadas dos momentos vividos com Otávio como também com Tiago.

***

Um ano atrás

Eu estava arrumando à casa, quando de repente ouvi à campainha tocar repetidamente, deixei à vassoura em um canto e fui logo abrir à porta, assim que o fiz levei um susto enorme que fez-me sorrir,

"parabéns para você

Nesta data querida

Muitas felicidades...

Hoje é dia de festa"

Cantava Tiago entrando com um bolo de padaria nas mãos, o mesmo tinha cobertura de chocolate e uma vela no seu centro.

Ao ver Tiago cantando para mim, com tanto amor, carinho, fiquei tão emocionado que acabei deixando escapar algumas lágrimas dos meus olhos.

__ Nem eu lembrava que hoje era meu próprio aniversário__ disse sorrindo limpando às lágrimas que se escapavam dos meus olhos

__ Você acha que eu iria esquecer uma data tão especial como essa? __ respondeu piscando seu olho

__ Muito Obrigado, só você mesmo para me fazer uma surpresa linda dessas

__ César você não é um amigo para mim, mas sim um irmão, o irmão que não tive

Nesse momento eu estava me desmanchando em lágrimas, com às palavras proferidas por Tiago, aumentando ainda mais a certeza que tinha em relação a verdadeira família, que não é constituída somente por laços de sangue, mas sim de amor também.

__ apague à vela, mas antes faça um pedido __ Exclamou com feição de ansiedade

Assim o fiz, fechei meus olhos e desejei que sempre estivéssemos unidos pela eternidade, feito o pedido apaguei rapidamente a vela, Tiago colocou o bolo e cima da mesa de jantar e nesse momento o abraçei.

__ Que a nossa amizade seja éterna __ murmuro no cos do seu ouvido

***

Após lembrar desse dia que para mim foi marcado no livro da minha vida, mil e uma questões surgiram na minha mente e nenhuma sem respostas.

__ Porquê você fez isso comigo Tiago, porquê?__ perguntei-me lacrimejando

Sem me aperceber às horas foram passando, às pessoas na praça foram reduzindo e já estava anoitecendo praticamente pois o sol estava se pondo.

Respirei fundo e peguei minha mochila comecei a caminhar em direção à minha casa, quando cheguei na minha rua avistei o portão da minha casa repleta de pessoas dentre os quais os vizinhos do bairro, e eu estava a aproximadamente cem metros de distância,esse alvoroço fez-me ficar preocupado e isso só aumentou ao ver uma ambulância chegando.

E naquele momento à única imagem que veio à minha mente foi a do meu pai.

__ Meu pai__ exclamei apreensivo

Corri o mais rápido que pude em direção à minha casa, e quando lá cheguei dois enfermeiros o traziam em uma maca.

__ Pai__ gritei ao vê-lo imóvel __ O que está acontecendo aqui? __indaguei apreensivo

Corri rapidamente em direcção a maca, ao chegar na mesma e ver à única pessoa que até então era o único pilar ou até mesmo suporte da minha vida, o meu mundo desabou completamente, começei a acariciar o rosto do meu pai, pedindo para ele acordar e o mesmo não respondia ao meu pedido.

__ pai, acorda por favor __ suplíco já em prantos __ Não faz isso comigo por favor, por favor

Os enfermeiros somente se mantiveram imóveis com feição de que nada poderia ser feito, transparecendo o que eu temia ouvir, e nesse instante Regina a mãe de Tiago aproximou-se tocou meu ombro em sinal de reconforto.

__ César você vai ter que ser forte __ murmurou com feição de tristeza

__ O que aconteceu?__ Indaguei virando minha atenção para si__me fala, eu quero e preciso saber, ele está bem não é? __ digo em prantos pedindo por uma resposta que pudesse acalentar o meu coração

E naquele momento ela começou a deixar escapar lágrimas dos seus olhos.

__ César o seu pai morreu

__ Não, não, ele estava tão bem hoje de manhã, com tanta esperança vontade de viver e agora isso, não é justo, só pode ser um erro

__ não é verdade? __ indaguei em prantos olhando para todos ao redor, porém à resposta da feição dos seus rostos era totalmente contrária às minhas espetativas

Rapidamente tomei novamente minha atenção ao meu pai na maca, toquei seu rosto com uma mão enquanto eu limpava às lágrimas que caiam dos meus olhos.

__ paizinho eu sei que você dorme e vai acordar, acorda eu prometo que faço seu prato preferido, aquela lasanha com quatro queijos, acorda por favor, você vai acordar eu sei que sim

Ele nada respondia o que só confirmava o que eu me negava à acreditar, o choque de realidade veio atona, virei minha atenção para Regina e eu disse o que eu queria que fosse mentira.

__ Ele morreu, ele morreu, ele morreu __murmuro em tom baixo

__ Nós precisamos levar o corpo para a realização da autópsia __ exclamou um dos enfermeiros

Naquele mesmo instante deitei minha cabeça rapidamente no peito do meu pai, gritei tanto mas tanto ao ponto de deixar minha voz rouca.

__ Nãooooo! __vociferei em prantos

Regina rapidamente veio abraçar-me por trás enquanto os enfermeiros já levavam a impuravam a maca para à ambulância, virei e abraçei Regina tentando encontrar um pouco de reconforto ou o suficiente para aliviar aquela dor insuportável.

__ Ele era à única coisa que eu tinha, à única pessoa que me restava nesse mundo __ murmuro em meio ao abraço

__ Você não está sozinho, eu estou aqui e não te vou deixar sozinho __ disse acariciando meus cabelos

Senti um toque no meu ombro seguido de uma voz, que me encheu de raiva.

__ Eu sinto muito César__ Exclamou Tiago

Desvencilhei-me do abraço e virei lentamente para trás.

__ O que você faz aqui? __ indaguei furioso __ Será que você não consegue respeitar nem um momento de dor como esse__ perguntei exaltado

__ César eu só... __ exclamou porém o cortei rapidamente

__ Saia daqui, você já arruinou minha vida o bastante, tentar me consolar não irá aliviar a culpa dos teus actos__ vociferei

__ Eu só espero que um dia você me possa escutar, uma amizade como a nossa não pode terminar desse jeito

__ Eu não tenho nada para escutar de você, a amizade que você se refere morreu, e se formos à ver ela nunca existiu, amigo de verdade não faz o que você fez comigo, agora me faça um favor e vá embora daqui

Às pessoas ao redor só olhavam e escutavam sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo pois todo o mundo sabia que eu é Tiago éramos praticamente inseparáveis um do outro.

__ Do que você está falando César?__ perguntou Regina interrompendo com feição de agônia __ vocês nunca se trataram desse jeito

__ Pergunte ao seu filho, com certeza ele saberá te contar o que ele fez

Virei às costas e corri para dentro de casa, fechei a porta e me escorrei na mesma até ao chão, olhei tudo ao redor naquela sala e à única imagem que me vinha era dele, do meu pai.