MATTHEW *
Eu não conseguia acreditar que no dia que casaria com alguém que não amo, a garota que eu realmente amo tinha matado o pai para salvar minha vida, justo a minha quem ela disse que não amava mais. Vai de joelhos no chão, meu corpo todo estava pesando por todos os golpes que Elijah tinha me acertado. Encarei novamente Malia e ela chorava sobre o corpo do pai, parecia estar revivendo o dia em que a mãe morreu, me partiu o coração ve-la chorar daquela forma, eu queria correr e abraça-la, mas não sabia o que fazer, fiquei apenas paralisado.
- Você está bem? - perguntou Andy entrando no meu quarto, estava sentado na beirada da cama ainda com a roupa toda suja e rasgada. Brian que tinha me ajudo a subir.
- Eu não sei. - Andy estava com o vestido de noiva ainda, ela era bonita e estava mais bonita ainda, mas nunca pensei que seria outra pessoa e não Malia. - Sinto muito por hoje.
- Matthew devia ir ver como ela está. Eu sei que te magoou muito, mas a garota matou o próprio pai para te salvar, ela ainda ama você. - eu a encarei. - Quanto a mim, não deve se preocupar, estou bem.
- Tenho certeza que eu sou a última pessoa que ela quer ver.
- Deveria tentar, vou conversar com meu pai e tentar convencer ele a fazer a aliança com você sem termos que nos casar. Nós dois amamos outras pessoas, seriamos infelizes, os divertimos, mas isso não seria certo com nós mesmos. - ela sorriu.
- Obrigado Andy. - forcei um sorriso e ela beijou minha bochecha.
- Se recupera e vai conquistar sua garota de novo. - ela sorriu. - Sabe que sempre que precisar, pode me ligar, qualquer hora.
Ela saiu e eu fui tomar banho, senti uma leve ardência quando a água tocou nos meus machucados, acho que quebrei algumas costelas, pois doía muito mesmo, estava com uma mancha roxa enorme e com certeza não iria curar tão cedo.
Não conseguia tirar a cena da Malia chorando sobre o corpo do pai da minha cabeça. Queria muito poder conforta-lá, abraçar e dizer que tudo ficaria bem.
***
Já fazia pouco mais de uma semana que tudo tinha acontecido, fui ao funeral do pai da Malia, fiquei longe claro, ela estava bastante triste e não tinha muitas pessoas. Jackson não tinha derrubado uma lágrima, acredito que estava lá mais para apoia-la, pois eu sei o quanto ele odiava o pai.
Eu sei que apesar de tudo que Elijah causou a Malia, m***r a mãe dela, ameaça-lá, e possivelmente muitas outras coisas, ele ainda era o pai dela. Perder alguém é como perder um pedacinho de nós, é chorar por dias, semanas, meses ou anos porque sente falta a pessoa, porque não nos acostumamos a viver sem a pessoa, mesmo que se estivesse ali e distante, ainda saberíamos que estaria ali, viva, respirando. Nos agarramos as memórias que vivemos, para que a pessoas que morreu nunca seja esquecida.
Quando voltei para Grécia pretendia encerrar minhas pendências e voltar a morar na aqui França, já que era aqui que estavam meus negócios e era meu lar, mas eu não sabia onde deveria ser meu lugar, não conseguia nem lidar com meus sentimentos pela Malia, não tinha a coragem de procurar por ela e ver se ao menos está bem. Alguém bateu na porta e era a Emily, a encarei e ela forçou um sorriso.
- Aconteceu alguma coisa? - perguntei e ela riu em silencio.
- Olha, eu sei o quanto você ainda ama a Malia, e mesmo que ela negue e já tenha dito na sua cara, por absoluta raiva, ela também te ama.
- Emily não tem nada que eu possa fazer, ela no mínimo deve me odiar, eu não sei nem o que dizer para ela. - me escorei na mesa e ela sentou em uma das poltronas.
- Vocês dois são dois cabeças duras, eu os quero ver infeliz. Devia saber que ela pretende ir embora em alguns dias. - a encarei, eu sei que eu também iria, mas parte de mim queria que ela ficasse, me daria esperança de que algum dia iríamos nos acertar. - Toma. - Emily me entregou uma carta com meu nome.
- O que é isso? - peguei e ia abrindo, mas ela me impediu segurando minhas mãos.
- Uma carta né. - rimos. - Malia escreveu quando foi embora, eu deveria entregar se algo acontecesse a ela, mas acredito, que está carta, tenha a sinceridade dos sentimentos dela por você. - ela beijou minha bochecha e se afastou. - Tchau Matthew, espero que tome uma atitude. Brian e eu iremos para Grécia em dois dias.
Apenas sorri e vi ela ir ao encontro do Brian que em algum momento havia surgido na porta do escritório e apenas assentiu com a cabeça para mim. Fiquei os observando sair da casa, estavam felizes e aquilo, isso era o que eu queria, ou quis um dia.
Após ler a carta muitas coisas foram explicadas, mas existiam ainda muitas perguntas sem respostas. A questão era, eu podia entregar novamente meu coração a Malia? Eu sobreviveria a isso? Eu sempre quis ela na minha vida, mesmo quando sentia raiva e estava magoado. Eu a amo com cada pedacinho do meu corpo.
Caminhei de um lado para o outro dentro de casa, dei voltas na quadra onde Malia morava, parei por horas em frente a casa dela. Meu corpo todo estava travado, eu queria descer, bater na porta e ver como ela estava.
- Se não entrar nunca vai saber. - gritou Jackson do portão.
- Oi Jackson, sinto muito pelo seu pai. - forcei um sorriso, eu realmente não sabia se ele gostava de mim ou não.
- Obrigado, Malia está em casa, ela não tem saído muito, talvez seja bom te ver. - ele riu em silêncio e eu assenti.
Entrei com o carro e deixei estacionado, desci com as pernas bambas, Jackson era simpático, me cumprimentou como se fôssemos amigos a anos. Não consegui ter coragem para entrar, esperei na varanda da casa sentado no sofá que tinha, um turbilhão de pensamentos que passavam em minha mente, o que eu poderia dizer que iria ajudá-la? Como iria ajudá-la?
- Matthew? - foi só nesse momento que percebi que Malia me encarava provavelmente a um bom tempo. Seus olhos estavam um pouco vermelho, parecia mais magra, a bochechas estavam rodadas, mas ainda continuava linda.
- Oi. - levantei e sorri, ela riu em silencio e sentou, me sentei ao seu lado. -Como você tá?
- Melhorando. - forçou um sorriso.- Você parece bem.
- Então porque me sinto como um barco navegando no meio do oceano sem uma bússola? - rimos.
- É, as vezes tem surpresas boas.
- Sinto muito pelo seu pai. - ela me encarou e sorriu, vi seus olhos encherem de lágrimas.
- Obrigado. - não queria vê-la chorar, não devia ter falado disso.
- Seu irmão parece legal. - tentei mudar de assunto.
- Sim ele é, uma pessoa incrível e que me apoia muito. - ela sorriu.
- Preciso perguntar, ele me odeia? - sorri e ela gargalhou, fiquei feliz em ver ela rir de verdade, sentia tanta falta da voz dela, da gargalhada.
- Não, ele não odeia você. Apesar de tudo que falam sobre o Jackson, ele é uma boa pessoa. Ele sabe de toda nossa história e mesmo que até ele odeie admitir, foi eu quem fez toda a m***a. - ela riu rapidamente. - Ele admira você sabia? Mas por favor, não conta para ele que eu disse isso.
- Tá bom, mas porque me admira?
- Ele nunca entrou em detalhes quanto a isso, mas ele sabia desde o início quando aceitou o lugar do seu pai. - sorri. - E o casamento?
***