**CAPÍTULO 4: ALESSANDRO**
Chego à mansão e vou direto para a sala onde meu Fratello passa a maior parte do dia.
Sento-me ao seu lado, onde ele estava concentrado na leitura de um livro. Em seguida, fecho o livro e o tiro de suas mãos. Ele me lança um olhar furioso.
Leonardo: Por que você não me deixa em paz, Alessandro?
Alessandro: Quando você se tornar um vero uomo, eu te deixo em paz.
Leonardo: O que você quer dizer com isso?
Alessandro: Que você precisa amadurecer p***a e deixar de lado essa tristeza. Nossa madre e nosso padre já se foram há anos, e você continua agindo como um garoto mimado, se escondendo pelos cantos da casa.
É hora de sair dessa p***a de casa e começar a trabalhar na máfia, c*****o.
Chega de chorar, pelos cantos como se fosse uma criança mimada!
Os seus pais também eram meus, e nem por isso fico lamentando e carregando essa dor. Fui atrás do assassino que os matou e o matei. E você, aí dentro de casa, chorando. Chega, Leonardo!
Leonardo: Não vou me deixar levar por essas bobagens que você fala. Se você passou por isso ou não, sinceramente, não me importa. Não vou sair de casa só porque você quer. Não tenho vontade de sair, e isso é o que importa.
Parece que o que você deseja é que eu me case com uma italiana para te ajudar com suas questões ilícitas na máfia.
Alessandro: São tão ilícitas quanto as do nosso padre, e as dele você não se queixava.
Ele se virou e começou a subir as escadas.
— Prepare suas coisas, porque nesta semana ainda iremos para o Brasil passar um tempo lá.
Leonardo: Eu não vou para o Brasil apenas porque você quer. Esqueceu que sou maior de idade?
Alessandro: Não importa que você seja maior de idade, você precisa obedecer ao seu don.
Isso é uma ordem, Fratello.
Leonardo: Não venha usar essa merda que é o dom, que comigo não vai funcionar. Eu não vou para o Brasil e isso está decidido, Alessandro.
— O que está acontecendo aqui, meninos? Per L'amour di Dio estou escutando os gritos da cozinha.
(Andréa é nossa governanta e já foi nossa babá; ela está sempre ao nosso lado.)
Leandro: Alessandro, que aparenta ter a ilusão de que pode ditar regras na Itália e em minha vida, está tentando me persuadir a ir para o Brasil contra a minha vontade.
Olhei para o meu Fratello e não pude me segurar, comecei a rir.
Aproximando-me dele de maneira cautelosa, percebi que ele começou a tremer. Com uma das mãos, segurei firmemente sua camisa e o empurrei contra a parede, posicionando meus braços ao redor de seu pescoço.
Alessandro: Deixa eu deixar bem claro, Fratello: Eu que dito as regras nessa p***a de Itália, e isso se aplica a você também. Se você não fizer o que mando, vou te trancar em um porão para passar alguns dias ou meses refletindo sobre suas atitudes ao falar com um chefe da máfia, não importa quem você seja, será castigado como os demais que ousarem trair ou desrespeitar o don.
Andréa: Alessandro, solta ele.
Eu o empurrei, e ele caiu sentado na escada. Arrumei minha roupa, que ficou amassada, e fui me sentar novamente. Ele subiu as escadas me olhando com raiva.
A Andreia me lançou um olhar de reprovação, pois é a única que respeito e ainda tenho alguma consideração, já que cuidou de mim desde que nasci e também do Fratello.
Alessandro: me olha como se eu fosse o monstro da história.
Andreia: O que você está fazendo, Alessandro, faz seu irmão pensar que você é um monstro.
Seu irmão está se afastando cada vez mais de você, Alessandro, devido à sua personalidade forte e à maneira como você se posiciona aqui dentro.
Alessandro: Eu não vou mudar minha personalidade por causa de um Ragazzo viziato (garoto mimado). Já não sou mais aquela criança que brincava com ele, Andreia; eu amadureci. Na máfia, você precisa crescer para se tornar um don ou corre o risco de não sobreviver. Não foi fácil chegar até aqui e assumir essa p***a de posição, então o Leonardo não tem ideia do que eu passei para enfrentar aqueles que tiraram a vida dos nossos pais.
Quando nosso padre faleceu, ele não deixou um manual sobre como liderar uma p***a de máfia italiana. Passei por momentos difíceis e dolorosos para chegar onde estou hoje, então peço que não me peça para ter uma personalidade diferente com meu Fratello ou para ser mais afetuoso, pois isso não faz parte de quem eu sou.
Ela se sentou ao meu lado, mas eu me levantei.
Andreia: Eu sei, menino, que tanto você quanto o Leonardo enfrentaram a dolorosa perda dos seus pais. E você nem teve tempo de chorar direito por eles, pois já teve que assumir a máfia como don. Mas lembre-se de que você passou mais tempo com seus pais; o Leonardo, por outro lado, teve uma infância onde só contou com o irmão para cuidar dele, sem a presença de mãe e pai. Por isso, ele às vezes se revolta, porque só quer chamar sua atenção novamente e que você seja o irmão que sempre foi.
Após isso, Andreia se levanta e me deixa refletindo no sofá se realmente estava sendo excessivamente rigoroso com meu Fratello.