Pesadelo narrando A noite estava abafada, pesada como chumbo. Lá de cima do morro, eu observava as luzes da cidade piscarem, indiferentes ao que acontecia nos becos apertados e esquecidos. O meu celular vibro no bolso da minha bermuda. Eu atendo no primeiro toque, sem pressa, como quem já sabia que era coisa séria. Do outro lado da linha, a voz firme e direta de Patrícia, a advogada do Comando, preencheu o silêncio. — Consegui o alvará de soltura do Hades — disse ela, sem rodeios. Eu deixo o olhar vagar pelo horizonte, o canto da boca se curvando num sorriso discreto, frio. — Bom trabalho — respondo, a voz grave, carregada de satisfação. Patrícia não disse mais nada. Não precisava. Ela sabia o peso daquela conquista. — Só fiz o que precisava ser feito — respondeu, sem falsa modésti

