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1478 Palavras

137. Manu Narrando O cheiro de sangue era forte. Ele misturava com o da anestesia, do suor e do desespero que parecia preencher a sala. Mas ali, na frente de todo mundo, eu não podia vacilar. Era o Kaick, meu marido, o amor da minha vida, deitado naquela maca, todo fodido, cheio de bala. Meu coração tava em pedaços, mas a cara tinha que ser outra. Fria, firme e forte como ele mesmo dizia que eu tinha que ser, Os olhos dele ainda tentavam me acompanhar, mesmo com o rosto pálido e a respiração pesada. Parecia um jeito de dizer: "Confio em você, lora". E eu sabia que ele confiava. — Me dá a pinça! — pedi firme pra enfermeira do lado, minha mão já coberta de sangue enquanto segurava o bisturi. Os tiros tinham acertado ombro, braço, lateral da barriga. Uns tinham atravessado, outros ainda

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