Solidão

1771 Palavras
Ethan acorda, um pouco atrasado pro treino, ele levanta da cama num salto, e vai imediatamente se arrumar e sair. Ele vai de bicicleta o mais rápido que pode até o clube, e chegando lá ele vê que o treino já havia começado, Thomas estava fazendo uma pequena competição de artes marciais entre os membros do time, ele vê Ethan chegando e vai ao seu encontro: - Está atrasado. - Desculpe, eu perdi a hora. E então Thomas ficou encarando ele, ansioso. - Tá, pode perguntar. - Obrigado, eu tô morrendo de curiosidade, o'que eram aquelas coisas que vocês enfrentaram saindo daquele buraco? Ethan revira os olhos e responde secamente: - Não sei. E ele vai direto para o vestiário se trocar, ele já estava prestes a entrar pra luta, até que ele ouve seu celular tocar de dentro da bolsa. Ele vai ver quem é, era uma ligação do doutor Clay. Ethan desbloqueia o celular, preocupado, ele atende a ligação: - Doutor... - Ela se foi, Ethan. Ele larga o celular, que cai no chão e quebra. Thomas chega no vestiário e pergunta: - Está tudo bem? Mas ele vê a dor no rosto de Ethan, e vai até o amigo consolá-lo, mas ele imediatamente se transforma, e sai dali correndo pelas ruas de Pilgrim o mais rápido possível, até o hospital onde sua mãe estava. Quando ele chega em frente ao hospital, ele dá um salto e se agarra exatamente na janela do quarto de sua mãe, ele abre a janela e entra, Ethan se destransforma ao ver o corpo de sua mãe sobre a cama, ela já estava pálida, o jovem se aproxima andando devagar, até que ele encosta no pulso de sua mãe, e não sente mais a pulsação. Ethan abraça o corpo frio de Sherry Miles, e começa a chorar, profundamente deprimido. O doutor Clay chegou no quarto com um guarda, e assim que viram a cena, eles apenas ficaram parados na porta, observando e respeitando o luto de Ethan. Ele chorava mais e mais, e gemia entre lágrimas, enquanto abraçava o cadáver de sua mãe. - Não... mãe... não... me perdoa! Eu não fiz o suficiente! me perdoa! O policial que estava com Clay tira seu chapéu em sinal de respeito, e então o doutor faz um sinal para o guarda, e eles saem do quarto, deixando Ethan à v*****e. Um tempo depois, quando Ethan parou de chorar, o Dr Clay e o guarda entraram novamente no quarto, Ethan estava num canto, sentado e encolhido, chorando bem baixinho, Clay se aproxima dele e o toca no ombro. - Vamos lá campeão, você precisa ser forte. - disse ele tentando consolar. E então Clay o ajuda a se levantar, e o guarda cobre o corpo de Sherry com um pano branco, e alguns outros guardas entram na sala, e retiram o corpo. - Vamos, vamos beber uma água, respire um pouco de ar puro. - disse o doutor. Clay foi para a varanda do hospital com Ethan, e lá o doutor deu um pouco de água a ele, e o deixou sentado em um banco. Depois ele tentou conversar com Ethan: - Sei que está sendo difícil, Ethan. Mas você precisa ser forte. Ethan não expressava nada, a não ser uns soluços de vez em quando. - Ela foi brava, e lutou até o fim. Sherry era uma mulher de garra, e isso definitivamente você puxou dela. Vai doer agora, mas futuramente, vai se tornar suportável. Procure ficar do lado de parentes, amigos... - Eu não tenho mais ninguém. Clay se cala, e com pena, ele senta ao lado de Ethan. - Isso não é verdade. Tem uma cidade inteira, um mundo inteiro que o ama e o admira, procure apoio nessas pessoas, isso pode te fazer bem. - Elas amam o Extraordinário, não o Ethan. E ele se levanta, e vai embora. Ethan foi andando do hospital até de volta ao clube, para pegar suas coisas e depois pegar sua chave de casa na empresa. Já estava quase anoitecendo, assim que ele entra no clube, ele vê Thomas arrumando os tatames, o Muralha de Ferro vê Ethan, e vai até ele, e lhe dá um abraço. - Meus pêsames, meu amigo. - Eu... só vim pegar minhas coisas, preciso ir pra casa. - Ethan foi andando até o vestiário, e Thomas o deixou. Ele pegou sua bolsa com seus pertences que o capitão guardou em seu armário particular, e saiu do clube. O jovem foi andando pela rua, até que ele senta num banco da praça, e põe a mão sobre o rosto, e ele começa a chorar de novo, sozinho no meio da praça a noite, ou pelo menos ele pensava assim. Ele sente uma mão tocá-lo suavemente no ombro, ele se vira, e Mary estava ali, com o cabelo ruivo de sempre. - Mary? Eles se abraçam forte, e ela diz: - Meu pêsames, Ethan. Soube que você estava de volta na cidade mas... eu fiquei te procurando, e você não mora mais na mesma casa, então... - É, aconteceu muita coisa... - Que tal a gente ir tomar um sorvete? - Não sei se é uma boa ideia. - Por favor! me parte o coração ver você sozinho assim. E então eles vão pra uma sorveteria ali da praça, e a garçonete observa Ethan, e ela já se empolga querendo falar com ele, mas Mary faz um sinal dizendo que não era o melhor momento, e depois de ver a cara terrível que Ethan estava, a garçonete achou melhor deixar pra outra hora mesmo. - Então, agora se você quiser chorar ou desabafar, sou todo ouvidos. Ethan remexe um pouco o sorvete e diz: - Eu não sei muito bem o que dizer... - Bom, se quiser só ficar calado, também é uma opção. Só não quero que fique sozinho. Ele dá um sorriso de leve. - Obrigado, Mary. - Você anda muito isolado, desde que você voltou de Downtown ninguém mais te vê, passou todos esses meses apenas lutando contra bandidos por aí, impedindo roubos de banco... - O Extraordinário n******e parar, eu apenas estava trabalhando. - Sim, mas isso não é razão pra você simplesmente se excluir da sociedade, existem pessoas que te amam e se importam com você, sabia? - Pelo menos o índice de criminalidade diminuiu bastante na cidade. Um g***o de pessoas entram na lanchonete conversando alto, Ethan e Mary olham pra trás. - A gente pode conversar em outro lugar? - pediu ele. Então eles foram pra praça do lado de fora e lá sentaram e conversaram: - O'Que estou tentando dizer, é que você não precisa fazer tudo sozinho. - Mary, não me entenda m*l, eu apenas quero ficar sozinho. - Jura? Porque seu comportamento anda muito estranho desde quando voltou de Downtown, sei lá, eu não te reconheço mais. - O'Que tem de estranho em querer ficar sozinho? Mary fica descrente ao ouvir isso, e responde: - O'Que tem de estranho?! Você sumiu por quase quatro meses, você não aparece em lugar nenhum, ninguém te vê, você não aparece para treinar, Thomas, Brandon e eu sentimos sua falta. Eu sei que você está num momento difícil, mas nós queremos fazer parte do momento da sua dor também, a cidade quer seu bem... - Eu só não quero me tornar uma pessoa artificial, Mary. - O que quer dizer? Ethan revira os olhos e explica: - Todo mundo só me chama de "Sr. Extraordinário", o'que é? Isso é tudo oque eu sou agora? As pessoas só gostam de mim pelo que eu posso fazer? E quanto a quem eu sou? ninguém liga pra mim realmente, você quer saber o'que tem de errado comigo? Eu digo pra você, eu tenho uma doença minando minha alma todos os dias! - Mas você é o Extraordinário, uma doença não significa nada pra você... - Por favor, eu não quero ouvir isso. - Certo... o'que eu estou tentando dizer, é que o Extraordinário não é o poder em si, mas o'que está dentro de você. Ethan, você me salvou de levar um tiro aquela vez. - A bala era direcionada pra mim. - retrucou ele, secamente. - Era, mas naquela época você não sabia disso, e você tomou aquele tiro sem saber que teria poderes para te salvar. Está vendo? Você já era especial desde antes de receber esses poderes, você é que faz o poder ser especial, não o contrário, se as pessoas amam o Extraordinário, é porque o Ethan faz com que isso seja especial. - Eu só não aguento mais andar por aí e cumprimentar um bando de sorrisos falsos, isso me deixa cada vez mais vazio. Ethan se cala, e abaixa a cabeça. - Ok, você disse que tinha uma doença, não é? E que seus poderes não conseguem curar, realmente tem que ser uma doença e tanto. - Eu fui diagnosticado com depressão na minha infância ainda, o médico queria que eu tomasse remédios, mas minha mãe achou uma péssima ideia porque eu ainda era criança, e hoje essa doença é uma agonia e sem fim. Eu tô morrendo em vida, e ter poderes não vai adiantar nada. - explicou Ethan, bem melancólico. Mary fica surpresa, e então responde: - Ao menos você tem coragem suficiente pra assumir isso. Toda doença tem uma cura, isso é certo, porque não tenta procurar? - Se realmente existisse um remédio pra isso, eu já teria tomado a muito tempo. O Dr Clay me disse pra procurar apoio em família ou amigos, pessoas com quem eu pudesse contar, só é uma pena que eu não tenha ninguém. - Então eu não sou nada pra você? Ethan percebe que foi indelicado e fica com bastante vergonha: - Não... quer dizer, não leva a m*l o que eu quis dizer, é só que... - Bom, eu agradeço o sorvete e... o bom papo. - Onde você vai? - Até a próxima. - Mary se levanta e vai embora rápido. Ethan se sente m*l por ter magoado Mary, e pra tentar salvar o mínimo possível do resto daquela noite, ele foi até um bar ali perto, e se sentou em um banco no balcão, e o barman, um homem ligeiramente rosado, gordinho, com uma barba grisalha o atendeu: - Vai querer o que, filho? - perguntou ele enquanto limpava o balcão com um pano. - Um milk shake duplo de baunilha com chantilly e um biscoito waffle. - disse uma voz atrás dele. Ethan achou aquela voz estranhamente familiar e se virou, depois de observar direito, ele reconheceu: - James?!
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