A tempestade lá fora parecia refletir o caos dentro de mim. Trovões rasgavam o céu como gritos abafados, enquanto gotas grossas de chuva batiam nos vidros com violência. E ainda assim, dentro da sala, com Helena deitada sobre meu peito, o mundo parecia suspenso.
Ela adormeceu ali, exausta depois de nos perdermos um no outro. Seu corpo delicado repousava sobre o meu como se pertencesse exatamente ali. A mão dela agarrada à minha camisa, como se, mesmo inconsciente, tivesse medo de que eu sumisse.
Mas eu não consegui dormir.
Fiquei olhando o teto, sentindo o peso das escolhas que caíam sobre nós como aquela tempestade. A denúncia estava feita. O escândalo era questão de tempo. Eu tinha contatos — poderia conter por um tempo, tentar apagar rastros — mas não para sempre. E o pior: quem esta
