As semanas que se seguiram foram, para minha surpresa, leves. Havia uma calmaria estranha rondando meus dias, como se o caos tivesse tirado férias. Eu continuava com as sessões de terapia com Aline, agora duas vezes por semana — por minha escolha. Não era só porque funcionava. Era porque, de alguma forma, conversar com ela me ancorava. E também… havia algo em Aline que mexia comigo. Ela era profissional, claro. Sempre muito contida, muito técnica. Mas vez ou outra, eu percebia algo além. Talvez fosse meu instinto, minha habilidade de ler pessoas — afinal, sempre precisei disso pra sobreviver num mundo onde ninguém dizia o que realmente pensava. Um dia, por exemplo, ela terminou a sessão com uma frase que ecoou por horas na minha cabeça: — É curioso como alguém com tanto poder sente tant

