Ursula Perion
Estava na minha sala quando a porta se abre, olho e vejo que é meu digníssimo marido.
— Claro que você pode entrar, marido. — Falo divertida.
— Você é engraçada. — Ele fala e se senta em cima da minha mesa. — Você conhece um tal de Christian Corrêa, que trabalha aqui? — Ele pergunta e eu tento vasculhar na minha cabeça e não encontro nada.
— Não, porquê?
— Vi ele no elevador ontem e depois procurei saber dele pela minha secretária e soube que o garoto é incrivelmente responsável com o trabalho, e rápido.
— Huum, só isso? — Pergunto e ele fica me olhando.
Há, peguei.
— Você sabe..... — Corto ele.
— Ok, ok... — Levanto minhas mãos.
— Eu estou indo almoçar, vim pegar você. — Ee diz se levantando.
— Ok.. vamos.
Pego minha bolsa e saímos da sala de mãos dadas. Entramos no elevador e nesse horário fica cheio por ser a hora de almoço. Olho para o Antony e ele está com a cara fechada como sempre.
Nem parece que em casa brinca de comidinha com a filha de 6 anos.
No quinto andar o elevador abre e entra mais duas pessoas, por ter um homem na minha frente eu não consegui ver as pessoas. Sinto o Antony apertando a minha mão e eu olho pra ele e percebo que ele está olhando fixamente para alguém.
Me boto em sua frente e agora consigo ver melhor, entrou um rapaz que no máximo deve ter uns 19 anos e uma menina que deve ter a mesma idade.
Levanto o meu rosto e vejo o meu marido olhando fixamente para o garoto. Sorrio de lado. Começo a reparar o menino e ele é lindo. Os olhos dele são claros, parece mel. Seu corpo não é grande mas parece ser definido, seu cabelo é castanho e sua postura é impecável. Agora eu entendi o porquê do Anthony não tirar os olhos dele.
Isso nunca aconteceu.
As portas se abrem e todos saem do elevador. Vamos andando para fora da empresa em silêncio. Vejo o garoto saindo com a mesma menina e eles estão conversando animadamente. O Antony ainda não tirou os olhos dele. E pra falar a verdade nem eu.
— Você só precisa disfarçar. — Digo e ele me olha e sorri de lado sem graça. Fofo.
— Eu já disse que eu te amo hoje? — Ele pergunta parando na minha frente me abraçando.
— Não, e eu quero ouvir.
— Eu te amo, você é a mulher mais incrível que eu já conheci.
— Eu sei, eu sei. Agora a mulher incrível aqui, está com fome.
— Vamos te alimentar dragãozinho.
— Antony... — Bato no braço dele e ele sai rindo da minha cara. Babaca.