Acordei mais cedo que o normal, é sempre assim, primeiro dia de aula, fico ansiosa, para ajudar, ainda fiquei encarregada de apresentar a escola para alguns dos alunos novos, a Nicole disse que seria r**m, ela sozinha apresentar a escola para mais de quinze alunos, eu não acho que o problema seja a quantidade, mas, sim, a preguiça dela, de responder perguntas, não sei porque quis ser representante de turma, se tem tanta preguiça assim.
Bom, já que estou acordada em plena madrugada, vou arrumar minhas coisas, e separar minha roupa.
Escutei um uivo bem fraco vindo da floresta, graças aos meus pais, com essa mania de natureza, o nosso quintal fica a poucos metros da floresta, faz cerca de três anos que moro aqui, mas, nunca tive coragem de entrar lá, ás vezes consigo ouvir uivos, antes pareciam mais distantes e menos frequentes, porém, faz aproximadamente um mês que eles foram de “às vezes” para “quase todo dia”, eu fico toda arrepiada quando tenho a impressão de que está vindo de muito perto, fico assustada, mas, sei que nesse lugar, tem muito lobo, afinal, é uma floresta bem grande.
Vou parar de pensar nisso agora, já arrumei minha mochila, e separei o que vou vestir, uma calça jeans preta com pequeno desfiado no joelho direito, uma blusa preta, com desenho do mickey e um all star preto também, nem preciso falar qual é a minha cor favorita né? Separei também um conjunto de pulseiras, creio que não preciso de mais nada. Tenho que aproveitar a liberdade para me vestir, pois, tenho certeza que em breve seremos obrigados a usar uniforme, geralmente nos primeiros meses letivos, a diretora Vera não é tão rígida.
Ótimo! Já arrumei tudo, ainda falta bastante tempo até o café da manhã, vou aproveitar e terminar de ler o livro que eu ganhei de natal, me sentei na cama e comecei a leitura, fiquei bem de frente para a janela, a abri um pouco para aproveitar a brisa fresca, dois uivos fracos fizeram com que eu olhasse para fora, pode até parecer coisa da minha cabeça, mas, foram dois lobos, quase na mesma hora, tenho quase certeza de que os uivos apesar de semelhantes, não vieram de um só lobo.
Apesar de ter medo, me aproximei ainda mais da janela, para tentar ver um deles, sempre tive a curiosidade de ver um real, só vi imagens em livros, e mesmo sabendo que são enormes, e como já disse morrer de medo, eu acho eles lindos, tão peludos, fofos, eu sei, pareço doida né, mas, seria legal poder ver um lobo.
Nem consegui prestar atenção no livro afinal, uma sensação estranha tomou conta do meu corpo, desde que ouvi os dois uivos, parece que fiquei hipnotizada, não consegui parar de olhar para fora, não sei se é medo, ou por causa da vontade de ver um lobo, eu não sei, mas, ainda sim, sinto um misto de sentimentos e sensações que não sei definir, acho que o melhor a fazer, é ir tomar um banho, quem sabe assim eu fico um pouco aliviada, deixar a água cair e lavar essas sensações.
O banho ajudou a aliviar a mente, mas, assim que sai do banheiro, senti arrepios novamente, resolvi ignora-los e fui me arrumar. Assim que terminei fui olhar a hora, e ainda falta um bom tempo pro café da manhã, creio que não tenho muito o que fazer a não ser escutar música enquanto espero o tempo passar. Escuto o meu despertador tocando e acordo rapidamente, nem sei quantas músicas eu ouvi, acabei adormecendo, por sorte eu já estou arrumada, agora só vou ajeitar meu cabelo e vou descer para tomar meu café da manhã. Optei por um r**o de cavalo, e então desci.
— Bom dia pai, bom dia mãe. — eu disse enquanto descia as escadas.
— Bom dia filha, pelo que tô vendo, acordou de madrugada como em todo primeiro dia de aula né? — minha mãe foi a primeira a se pronunciar.
— Sim mãe, sempre fico ansiosa, é tão chato isso, a única vantagem foi que consegui arrumar tudo antes do café da manhã.
—Isso é uma vantagem e tanto, assim você pode arrumar tudo com calma.
—A senhora tá certa.
—Uma tal de Nicole ligou perguntando se você ia ir na aula. — meu pai finalmente parou de mastigar e falou algo.
—Ela é uma chata, se candidata sempre para ser representante de turma, e no primeiro dia de aula, já dá um jeito de diminuir seu trabalho, me pediu ajuda para apresentar a escola para os alunos novos, não sei para quê se candidata se é tão preguiçosa.
Meus pais riram.
É sempre assim, uma semana antes do início das aulas, a diretora chama todos os alunos na escola para resolver quem vai ficar responsável por auxiliar em cada turma, quem vai apresentar a escola para os alunos novos, geralmente os alunos que se oferecem são os mesmos, toda vez, não vejo nenhuma vantagem nisso, mas, se eles preferem assim, bom para eles né.
Me sentei e então tomei meu café com leite e comi um belo pedaço de bolo de chocolate. Alguém começou a chamar, meu pai foi olhar quem era, enquanto isso subi as escadas e fui pro meu quarto escovar os dentes, assim que terminei, peguei minha mochila e desci, peguei uma maça que estava em cima da mesa, e guardei na mochila, deixei a mesma na cadeira e fui até a sala para ver quem era.
Acabei dando de cara com Yuri, meu primo e melhor amigo.
— Bom dia pequena, bora? Vou te dar o privilégio da minha companhia, te acompanhando todos os dias até a aula.
— Nossa, realmente me sinto privilegiada em saber que você vai levar minha mochila. — eu disse rindo.
Fui até a cozinha, peguei minha mochila e entreguei para ele, dei um beijo em sua bochecha e em seguida me despedi dos meus pais. Assim que saí de casa senti arrepios novamente, isso tem sido frequente, mas, geralmente é só em casa, coisa estranha.
— Segundo ano do ensino médio hein baixinha?
Meu primo e essa mania de implicar com meu tamanho, nem sou tão baixinha assim, ele que é alto demais, e eu nem me incomodo com meus um e sessenta e cinco de altura.
— Finalmente né, e você já está no terceiro sortudo.
— Ainda bem! Tô cansado dessa escola já, todo ano entram uns caras meio estranhos, não sei de onde sai tanto cara assim.
— Você e sua mania de pegar no pé dos novatos. Mas, devo concordar que ás vezes entram uns garotos diferentes sim, geralmente são bem gatos, mas, um tanto quanto estranhos, alguns você sequer escuta a voz, parece que tem medo de falar, porém, pode ser só vergonha mesmo.
— Talvez você esteja certa, mas, ficar o ano todo isolado é intrigante, eles só conversam entre eles, sempre estão estressados, ás vezes brigam até por causa de um esbarrão, baixinha.
— Ok, ponto para você, se for parar para reparar é bem assim mesmo.
— Eu sempre estou certo.
— Você nem é convencido né priminho?
— Nem sou. — ele disse ajeitando as mochilas.
Caminhamos por mais alguns minutos, depois que entramos na escola, senti arrepios novamente. Meu primo me deu um beijo no rosto e entregou minha mochila.
— Boa sorte no primeiro dia de aula baixinha e boa sorte apresentando a escola para os novatos.
— Só posso torcer para não ter nenhum chato. Obrigada amore, boa sorte para você também.
Yuri ficou no pátio, eu fui em direção a diretoria, a diretora disse que os alunos novos estariam lá. Assim que entrei, pude ver Nicole e os outros representantes, ela soltou um “ufa” assim que me viu, veio em minha direção e me cumprimentou.
— Chegamos um pouco cedo, os novatos nem chegaram ainda Lara.
— Eles não devem demorar Nicole, fica tranquila.
— Ok, você está certa, a diretora falou que na nossa sala vão ser oito alunos novos, ela viu que tinha muita gente vindo para nossa turma e dividiu entre as outras salas, então você fica com metade, pode ser?
— Pode ser Nick, vai ser rapidinho, ainda mais sendo só quatro novatos para mim.
— Eu até apresentaria sozinha, sendo poucos assim, mas, já que você está aqui. — Ela disse enquanto se sentava.
Eu cumprimentei a diretora Vera e os representantes, um deles é o Bernardo, ele é tão lindo, nós ficamos uma vez, no último dia de aula, desde então trocamos umas poucas mensagens, um dia ele até ligou dizendo que sentia minha falta, ele é muito fofo. Ele se levantou e me abraçou.
— Bom dia linda. — Ele então me soltou.
— Bom dia Bê.
Ele abriu a boca para falar alguma coisa, mas, parou assim que escutamos um barulho vindo da porta, pode até parecer s*******m, mas, senti arrepios, tô ficando incomodada com isso.
— Bom dia. — disse um garoto da pele clara e de cabelos pretos.
— Bom dia. — todos respondemos.
Bernardo colocou a mão na minha cintura e sussurrou.
— Depois conversamos linda?
— Com certeza Bê.