14

993 Palavras
Panda Quando eu vi que tinha uma foto no grupo e que o chefão Voraz tinha mandado, eu fiquei nervoso, tá ligado? Só que quando eu abri a foto, eu paralisei. Eu vi a Alexandra morta na hora e, durante alguns segundos, foi como se o meu mundo tivesse acabado. Eu comecei a lembrar do dia que conheci ela, das coisas que a gente viveu e do quanto eu amei a Alexandra. Só que eu também senti raiva por tudo que ela me fez passar: por ela ter me enganado, por quase ter me entregue pra polícia. Então eu agradeci mentalmente por ela ter morrido, porque eu não ia devolver o meu filho pra ela. Eu deixei ela ver o bebê pra ter uma falsa ilusão. Foi ideia da Beatriz. Mas ficar com meu filho… ela nunca ia ficar. Saí da boca e vim direto pra casa. A Beatriz estava sentada na mesa, dando frutinhas pro nosso filho, e eu encarei ele e dei um sorriso. Ela me encarou, e eu me aproximei e dei um selinho nela. Beatriz: pensei que você só viria pra casa à noite. Até porque amanhã tem pagode aqui no morro. Achei que você tava organizando as coisas. Panda: eu tenho uma ótima notícia pra você, e acho que você vai adorar. Beatriz: fala. Panda: o Voraz pegou a Alexandra. Ele mandou uma foto dela morta no grupo da facção, e eu tô aqui pra te avisar que agora a gente vai ficar em paz, e que aquela mulher nunca mais vai voltar pra infernizar nossas vidas. Beatriz: meu Deus, amor, eu não acredito! — ela falou e começou a pular e dançar no meio da casa que nem uma maluca. — Eu pensei que aquela mulher ia ficar rondando nossas vidas pra sempre, mas agora ela está morta! Você tem noção de que agora a gente vai poder criar o nosso filho em paz? Que ninguém vai tirar ele da gente? Nós temos que sair hoje à noite pra comemorar! E… o corpo? Você já deu a má notícia pra sua mãe? Ela vai ficar acabada, né? Porque a Patrícia nunca gostou de mim… sempre preferiu a Alexandra. Panda: eu quis te contar primeiro. O que você acha da gente abrir um vinho pra comemorar? Beatriz: sabe que é uma ótima ideia? Eu vou pegar esse vinho. Ela saiu correndo e voltou com uma garrafa de vinho e duas taças. Ficou me encarando, se aproximou e me deu um beijo demorado. Ela abriu o vinho e encheu as duas taças. Nós brindamos e comemoramos. Panda: aquela traidora teve o que merecia. Beatriz: você acha que ela falou pro Voraz antes de morrer? Panda: se ela tivesse falado, ele já tava aqui no morro atrás da carga dele, e com certeza ia meter uma bala no meio da minha cara. Ele provavelmente atirou de longe porque a cara dela tava desconfigurada. Ou seja: deram um tiro de longe, pegou na cabeça dela, ela caiu morta, e ele mandou a foto no grupo pra deixar de exemplo. Ficou todo mundo com medo. Tá chegando várias mensagens aqui, vagabundo dando apoio pra ele… mas eu sei que no fundo isso é medo. Eu já te falei como ele é. E eu sabia que ele ia pegar ela na segunda carga. A primeira foi sorte. Ele deve tá tentando rastrear, mas como eu troquei o caminhão e larguei o outro na área dele, ele não vai conseguir. Beatriz: viu? No final, deu tudo certo. E mais tarde eu vou colocar uma lingerie nova que eu comprei pra gente comemorar em grande estilo. Amanhã a gente vai viver esse pagode como nunca. Agora vai ser eu, você e o nosso filho pra sempre… não é, meu bebê? Ela falou dando um beijo na testa do nosso filho. Eu terminei de beber o vinho, dei um beijo demorado na boca dela e falei que ia conversar com a minha mãe. Quando cheguei na casa da minha mãe, estava uma música alta. Eu bati na porta e entrei. Quando ela me viu, me encarou com a sobrancelha arqueada. Eu me sentei no sofá. Patrícia: o que aconteceu agora, pelo amor de Deus? Não me diz que teve confusão no morro. E não me diz que a Alexandra voltou e que você não deixou ela ver o menino de novo. Panda, você vai se arrepender de tudo isso que tá fazendo com essa menina. Eu já te falei que não foi ela que te entregou pra polícia, que ela não é vilã da sua história e que você vai se arrepender— Panda: mãe… a Alexandra morreu. Patrícia: o quê? Peguei o celular e mostrei a foto pra ela. Falei exatamente o que aconteceu. Ela começou a derramar lágrimas. Quando secou, agarrou a vassoura e começou a me bater. A vassoura quebrou nas minhas costas. Ela começou a me bater com a mão, jogou tudo que viu pela frente e gritou pra eu sair da casa dela. Panda: para de maluquice! Patrícia: seu monstro! É isso que você é: um monstro que não vale nada! Eu espero que o seu destino seja pior do que o da Alexandra! Porque quando você descobrir que a sua mulher é uma cobra, já vai ser tarde demais, ela já vai ter te picado! Eu só sinto pelo meu neto, que nunca vai conhecer a mãe dele. Você tá proibido de vir na minha casa! Você morreu junto com a Alexandra! Panda: tá maluca? Eu sou seu filho! Patrícia: e se eu soubesse que você ia ser desse jeito, eu tinha te abortado quando descobri a gravidez. Sai da minha casa! Ela jogou um copo de vidro. Depois outro. Eu saí correndo da casa dela. Ela chegou na porta e gritou pra eu nunca mais chegar perto. Eu deixei algumas lágrimas escorrerem… e não por causa da Alexandra, mas porque a minha mãe sempre preferiu ela. Mesmo com tudo.
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR