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639 Palavras

A primeira coisa que senti foi o cheiro. Forte, ácido, um misto de ferrugem, mofo e graxa. Depois veio o frio. Umidade grudando na pele, arrepiando até os ossos. A luz era fraca, um amarelo doente pendurado num fio torto no teto. A lâmpada oscilava, e cada vez que piscava, meu coração parecia parar por um segundo. Eu estava amarrada. Mãos presas atrás das costas, tornozelos apertados com algo plástico. Não dava pra correr. Nem pra gritar. A boca estava livre, mas não havia quem me ouvisse. A sala tinha paredes de cimento descascado e caixas empilhadas no canto. Ferramentas velhas. Correntes. Um colchão manchado dobrado num canto escuro. O chão estava úmido. E sujo. Me arrastei com dificuldade até o canto oposto da lâmpada e encostei a cabeça na parede fria. Minha mente estava em alerta

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