A noite seguiu, mas aqui dentro não havia tempo. Apenas frio, fome e o zumbido constante da lâmpada morta. Eu não sabia se tinha passado um dia, dois. Só sabia que meu corpo começava a doer de um jeito estranho — como se estivesse perdendo a noção do que era dor e do que era apenas ausência de vida. Minhas costas gritavam. Meus braços formigavam. E minha cabeça latejava, como se uma nuvem pesada estivesse instalada dentro do crânio. Eu não chorava mais. Não porque não queria. Mas porque o medo já tinha tomado um lugar tão profundo que nem as lágrimas achavam mais saída. Ouvi passos outra vez. Dois pares. Pesados. Um arrastado. A porta se abriu parcialmente. Não entraram. Mas as vozes vieram. — Ele não quer que toquem nela ainda. — disse o mais rouco. — Tá esperando o quê? Ela morr

