Capítulo 1

2118 Palavras
Maya Thompson - 2014 Visitar os meus pais parecia quase impossível agora. Eu estava tão longe deles. Ano passado eu não pensei nisso. Em ficar longe do meu irmão Caleb e eu nem tinha chegado a conhecer a pequena Dora, minha irmã caçula. E lá estava eu, os visitando pela primeira vez depois que me mudei para Riverside. Eu estava sentada no sofá da casa de minha mãe, vendo algum filme na televisão. Minha irmã mais velha, Dalisha, estava sentada ao meu lado. O namorado dela acabara de chegar e estava deitado no chão, brincando de jogar a Dora no ar. Alguns amigos de Drew enteavam sentados em um puff grande no canto da sala e riam enquanto comiam salgadinhos. Pareciam imersos no seu mundo, quase certeza que estavam drogados. Dos três meninos, o que mais me chamou a atenção era o do meio, seu cabelo jogado pro lado, seu estilo tipo roqueirinho e um sorriso maravilhoso de lindo. Mais tarde soube que se chamava Klaus Klain. Meus olhos brilhavam quando eu o via. Não queria sentir aquilo. Mas era como se fossemos imãs. Eu queria desviar meus olhos dele, mas eu simplesmente não conseguia. Ele percebeu por um breve segundo o que eu fazia e sorriu para mim. Eu voltei meu olhar pra televisão, corada. Minha mãe apareceu na sala colocando um cinto na cintura. Ela usava um vestido azul muito bonito. Seus cabelos dourados emolduravam seu rosto jovem de 30 anos, os saltos a deixavam mais alta que o natural. Ela estava simplesmente linda. - Crianças, juízo. Vou sair e só volto mais tarde. - ela deu um beijo em cada um e saiu pela porta. Eu achava extremamente errado o que ela fazia. Quer dizer, ela tinha uma filha pequena que m*l completara seus sete meses. Eu sabia que ela estava indo "jantar" com o pai da Dora, mas mesmo assim. Isso era cada vez mais comum. Eu me levantei e sorri. - Eu vou pra casa agora. Meu pai deve estar me procurando. - eu os olhei, me demorando nos olhos de Klaus e abaixei a cabeça, saindo do apartamento. Ouvi alguns protestos de Dalisha para que eu ficasse mais, mas eu simplesmente os ignorei. Faltavam exatas quatro semanas para eu completar 13 anos. Eu insistia em querer um violão. Meu pai sabia que eu amava cantar, embora fosse o primeiro a dizer que eu não cantava nada. Quando eu cheguei à casa de meu pai, lá estava ele. Parecia que sabia que eu estava chegando. Ele estava com um grande presente embrulhado nas mãos e sorria abertamente. - Decidi comprar algo adiantado para você, querida. Eu me sentia como a pessoa mais feliz do universo. Eu tinha um espírito muito competitivo. E quando alguém dizia que eu não iria conseguir, eu ia até o fim, até conseguir. Eu fui assim com a música. Minha avó, quando eu cheguei na casa dela com o violão, a primeira coisa que me disse foi que não pagaria aulas pra mim. E que provavelmente o violão ia acabar indo pro lixo. Isso nunca aconteceria, eu sabia disso. Durante a minha festa de aniversário de 13 anos, um mês depois, eu peguei meu violão e toquei uma música que eu havia composto para meu pai. Era um "obrigada" muito bom para ser sincera. Todos se surpreenderam. Tanto com a minha voz quanto com a habilidade adquirida com o violão. Eu havia aprendido três notas para conseguir fazer uma música. Eu tinha convidado poucas pessoas para a festa no salão do condomínio e deixei o Drew e Dalisha convidarem algumas pessoas mais ou menos da nossa idade. Eu estava na esperança de Klaus estar na festa e eu poder dizer o que eu já sentia há um mês, mas me deparei com a minha melhor amiga Ally aos beijos com ele nos fundos do salão. Ela sabia que eu gostava dele, eu havia mostrado fotos, eu tinha dito com todas as letras que eu ia chegar nele na festa e aquilo me quebrou. Me afastei de todos e quando a festa acabou eu enchi as minhas malas e falei com a minha avó que eu iria voltar com ela para casa. Viver com a minha avó me deixou um pouco insegura quanto ao mundo. Eu não sabia me defender das pessoas e qualquer coisa que me dissessem, me ofendia. Eu era uma menina sensível. Não sabia pegar um ônibus sozinha. Tive que insistir muito quando eu fiz 14 anos para poder ir embora depois da aula sozinha, como muitos colegas meus faziam. Confesso que me arrependi amargamente disso. Muitas vezes eu perdia um ônibus (que passavam apenas de 50 em 50 minutos) e quase desmaiava de fome no ponto. Minha avó se recusava a ir me buscar. Dizia que era assim que eu queria. O ano de colégio daquele ano foi bem agitado. Eu morria de amores por um menino muito esquisito da minha sala, que m*l falava comigo e que além de tudo era cheio de espinhas na cara. Ele tocava piano, violino, gaita. Me surpreendi uma vez, quando ele levou um arco e flecha pro colégio. Eu também vivia cantando em espanhol pelos corredores. Isso sim encantava a todos. Fiz muitas amizades falsas naquele colégio. Mas também fiz amizades verdadeiras. Como o pequeno Gregg e a pequena Mandy. Eles eram grandes amigos, embora menores do que eu. Aquele ano também eu quase fui expulsa do colégio... A diretora me pegou falando algumas "verdades" sobre ela que não a agradou. Minha avó foi chamada e tudo foi por água abaixo. No ano seguinte eu fui para um colégio de freiras. Eu não sei, mas acho que minha avó achava que lá eu poderia melhorar meu comportamento rebelde. No primeiro ano do ensino médio, lá estava eu. Fingindo ser uma boa aluna de um colégio de freiras. Eu andava com duas meninas, que por acaso eram as "rainhas" do pedaço. Betsy Dickson era a loira dos p****s gigantes, não existia um único garoto naquela escola que não a desejasse. Sandra Paege era a ruiva quente, que deixava qualquer garota babando. E por fim, eu. Mace Thompson, a morena tímida. Betsy dizia que eu era perfeita para o grupo por que eu me fazia de santinha, mas no fundo ela sabia que eu era a mais safada de todas. Ela não errava nunca. Isso até me dava medo. Um certo dia ela chegou no colégio desesperada dizendo que a camisinha tinha estourado na noite anterior. O “peguete” dela comprou a pílula do dia seguinte, mas cadê que a loira ficava em paz? E justo naquele dia, a gente ficava o dia inteiro no colégio. Foi um verdadeiro pé no saco. No meu aniversário de 15 anos apresentei meu primeiro namorado oficial à minha família. Ele levou o violão dele e tocou a festa inteira. Tenho certeza que encantou minha avó. Ele era muito simpático. Mesmo. Doug Blessed. Não durou nem um mês nosso namoro. Ele era louco e obsessivo. Ele cismou que eu o trairia e criou vários "fakes", tanto no MSN quanto no f*******:. Eu quase morri quando descobri o que ele estava fazendo e acabei cedendo àquilo e nós terminamos. Naquele mesmo ano eu conheci um dos caras mais lindos do colégio. Além de ser lindo de corpo e rosto, ele gostava de Megadeth e tocava guitarra como um Deus. Ele também desenhava magnificamente. Phill Parrets era um amigo excepcional. Eu tive uma paixonite por ele, e tenho certeza que ele também teve por mim. Mas eu fiz muita besteira e fugi dele. No fim do ano ele começou a namorar uma menina e nunca mais desgrudaram. Quer dizer... No início do ano seguinte ele me ligou e disse que eles haviam terminado. Ele estava arrasado. Eu fui à casa dele e nós nos beijamos pela primeira vez. Eu tive uma crise depois disso, pois sabia que nunca ficaríamos juntos, e tentei evitá-lo ao máximo. Ele não morava mais em Riverside, ele tinha se mudado para Los Angeles por causa da faculdade. Mas por alguma razão, ele estava lá naquela semana. Eu costumava dormir 20h da noite durante a semana, pois eu acordava muito cedo de manhã para ir ao colégio. Era uma terça-feira, 20h30min, estava começando a chover e o Phill estava tocando minha campainha. Minha avó me acordou muito irritada. - O Phill está no portão. Veja logo o que ele quer e volte pra cama! - ela saiu do meu quarto batendo os pés e bateu a porta violentamente atrás de si. Eu vesti meu roupão e desci até o portão. Dava pra ver no rosto dele que ele não estava bem. - O que houve? - perguntei passando a mão em seu rosto molhado. Ele levantou o rosto e me enviou um olhar de tristeza. - Eu a vi hoje. Ela estava treinando com a equipe de dança dela bem em frente à minha casa. Eu precisei andar um pouco e acabei chegando aqui. - eu o abracei forte e senti lágrimas lavarem seu rosto. Continuamos naquele abraço por muitos minutos e por fim, ele se afastou. - Você é ótima pra mim. Sei que há essa hora você devia estar dormindo e que sua avó provavelmente vai te dar um esporro amanhã, mas aqui está você. De baixo da chuva por minha causa. - eu sorri pra ele. - É pra isso que servem os amigos. - eu achei que ele iria embora depois disso, estava ficando preocupada com a hora, mas ele pegou uma de minhas mãos e chegou mais perto de mim. Seus lábios gelados tocaram meu ouvido, sua voz estava rouca. - Eu te amo. Mais do que como uma simples amiga. Mas eu a amo mais. - quando se afastou ele me beijou. Eu, que estava um pouco triste com o que ele acabara de me dizer, fiquei chocada quando ele me beijou de repente. Depois disso ele se afastou e foi embora, me mandando mensagem horas depois me dizendo pra passar na casa dele no dia seguinte. Seus grandes olhos azuis e seus cabelos loiros não saíam da minha cabeça. Eu fiquei até um pouco surpresa por minha avó não ter brigado e também por ter me deixado ir até ele depois do colégio naquela Quarta-Feira. Dia 6 de fevereiro, uma quarta-feira a exatos dois meses do meu aniversário de 16 anos, eu visitei meu amigo Phill. Foi uma tarde mágica e muito importante pra mim. Eu perdi minha virgindade com ele aquele dia. Nós transamos feito loucos. E foi uma experiência e tanto. Essa parte da minha vida somente eu e ele sabemos. É quase como se nunca tivesse acontecido. Três meses depois eu conheci algo parecido com o amor da minha vida. Ronnald Fellt. Eu o conheci pelo f*******:. Na época que comecei a sair com ele, eu saía também com um japonês magrelo e eu era muito apaixonada pelo japonês. Mas ai eu transei com o Ronnald certa vez durante um banho e ele me contou que era virgem. Minha cabeça fez "puf". Duas semanas depois ele me pediu em namoro e ficou tudo certo. Eu comecei a me apaixonar por ele e ele me amava cada dia mais. Quando estávamos perto de completar três meses de namoro, eu fugi com ele. Naquele dia eu havia discutido com a minha avó e saído pra pegar meus novos óculos na ótica. Na volta pra casa eu acabei desviando do caminho e parei na casa de Ronny. Nós saímos e fumamos minha primeira maconha. Ele era completamente contra eu me drogar. Eu dizia sempre que se ele podia, eu também podia. E que eu não ia deixá-lo se matar sozinho. Talvez tenha sido meu erro. Minha avó começou a me procurar desesperadamente e recorreu ao meu pai. Eram quase 22h da noite quando ele me ligou dizendo que estava indo pra Riverside. Eu acabei voltando pra casa e aquele dia foi o ultimo que eu o vi. Nunca mais me deixaram vê-lo. Meu pai me trouxe com ele para o Chicago e minha avó ficou com meu avô em Riverside. Minha avó passou a odiá-lo mais ainda quando descobriu que eu não era mais virgem e logo disse que eu havia perdido com ele. Eu não discordei. É claro que se ela soubesse que havia sido Phill o responsável ela também não me deixaria vê-lo. E foi assim que eu acabei voltando para Chicago. A diferença era que eu já não tinha mais 12 anos. Não era mais a menininha ingênua que achava que o mundo era lindo. Eu sabia exatamente como ele era e como me adaptar a ele. Eu era quase outra pessoa.
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