O carro engasgou e gemeu. Eleanor conseguiu encostar antes que parasse completamente. Ela suspirou, recostando-se em seu assento. Agora, o que ela deveria fazer?
Ela estava no meio do nada, sem telefone e agora sem veículo. Eleanor lutou contra as lágrimas de frustração. Ela tinha chegado longe demais. Ela não desistia. Ela tinha que continuar. Convocando sua determinação, ela se forçou a sair do carro e foi para o porta-malas. Talvez fosse melhor abandonar o carro de qualquer maneira, embora ela não gostasse de caminhar em direção a um destino desconhecido e não tivesse ideia de quão longe estava. Ela deveria ter comprado um mapa.
Enquanto ela debatia suas opções, o som dos motores ecoou em sua direção. Ela se endireitou e se virou em direção a ele para ver um par de motocicletas subindo a estrada. Embora ela esperasse que eles passassem por ela, eles diminuíram a velocidade e estacionaram atrás dela.
Eleanor mordeu o lábio, estudando-os. Eles certamente pareciam durões em seus jeans sujos e sem mangas, cortes de couro com o nome de seu clube. Embora um fosse definitivamente vários anos mais velho que ela, o outro parecia ter mais ou menos a mesma idade.
O mais velho da dupla saiu da bicicleta e se aproximou lentamente. Ele tinha facilmente mais de um metro e oitenta de altura, com braços tão largos quanto a cintura dela. Uma bandana vermelha, branca e azul envolvia sua cabeça e um par de óculos escuros escondia seu olhar enquanto ele a examinava. Ele tinha uma barba longa e desgrenhada, dando-lhe a impressão de um urso pardo.
O mais novo da dupla permaneceu em sua bicicleta, observando a estrada como se estivesse brincando de vigia. Ele também estava no lado maior com bíceps bem musculosos. Isso era uma coisa para todos os motociclistas ou eram apenas esses dois?
"Quebra do carro?" perguntou a mais velha, chamando sua atenção.
Eleanor se abraçou, desejando estar vestindo qualquer coisa além do suéter grande que tinha. Isso a fez parecer muito menor do que era. Ela tinha pouco acima da estatura média e, quando mantinha seu cronograma de corrida, tinha um corpo tonificado e em forma. Mas anos de sua família e noiva repreendendo-a por ser muito gorda, além de controlar suas refeições, significaram que seu corpo se atrofiou e perdeu seu condicionamento anterior. Eleanor sempre teve o cuidado de evitar espelhos quando estava se trocando, porque odiava o quão ossudo e patético seu corpo havia se tornado.
"Sim", ela finalmente respondeu, encolhendo-se enquanto ele continuava a se aproximar. Ela não tinha esperança de lutar contra nenhum deles e, dado seu estado enfraquecido, ela não seria capaz de ultrapassá-los em uma perseguição.
O motociclista que se aproximava dela parou e franziu a testa, notando a maneira como ela se abraçava. Ela estava praticamente tremendo de medo e ele não gostou. Embora ela mantivesse o rosto desviado e seus longos cabelos loiros obscurecessem sua visão, isso não o impediu de notar os hematomas colorindo sua pele pálida. Por mais escuro que fosse, ele imaginou que não poderia fazer mais do que alguns dias desde que ela foi espancada. Foi o suficiente para incitar sua raiva.
"O nome é Rubble."
"Escombros?" Eleanor chamou a atenção, esquecendo momentaneamente seu medo. "Esse é o seu nome?"
Ele bateu no lado esquerdo do peito. Lá ela viu um remendo bordado com o nome claramente impresso como um distintivo de honra: "É o nome da minha estrada".
"Oh," Eleanor assentiu, sem entender nem um pouco. Seu conhecimento de motociclistas começou e terminou com os Filhos da Anarquia.
"O nome verdadeiro é Andrew", ele continuou com um sorriso amigável, na esperança de deixá-la à vontade.
"Andrew", Eleanor o olhou cuidadosamente.
"Agora você sabe por que preciso do nome da estrada."
Eleanor abriu a boca, mas rapidamente a fechou. Ele riu da reação dela. Ela não pôde deixar de sorrir e compartilhar uma pequena risada.
"Que bom, você pode sorrir. Eu estava preocupado", disse Rubble, pegando-a desprevenida. "Bem, você me conhece e que existe a caixa de fósforos."
Eleanor olhou para o homem mais jovem ainda sentado em sua bicicleta. Ele acenou com a cabeça para ela e deu-lhe um sorriso tranquilizador. Ela deu a ele um pequeno aceno antes de olhar para Rubble e disse: "Então, acho que há histórias por trás desses nomes."
"Você entende rápido", concordou Rubble, embora não estivesse disposto a entrar em longas explicações na beira da rodovia. "Seu nome?"
Ela hesitou. Quando ela deixou Nova York, ela pretendia deixar tudo para trás. É por isso que ela deixou seus cartões, mas ela não tinha certeza sobre seu nome. Ela imaginou que teria que mudá-lo em algum lugar ao longo do caminho, mas não tinha elaborado um plano em sua pressa de desaparecer. Contanto que ela mantivesse seu primeiro nome, tudo ficaria bem, não é?
"Eleanor."
"Prazer em conhecê-la, Eleanor," Rubble assentiu. "Então, seu carro."
"Ah, sim. Simplesmente parou."
"Hmm. Bem, vamos ver o que podemos fazer."
Obedientemente, Eleanor soltou a trava do capô e ficou de lado enquanto Rubble olhava para o motor.
"Tente virá-la", disse ele depois de um momento.
Ela voltou para o banco do motorista e ligou a ignição. O carro gemeu, estremecendo em resposta. Eleanor não sabia nada sobre carros, mas até ela sabia que isso não era bom.
"Parece que a correia dentada errada foi colocada", disse Rubble depois de mexer por alguns minutos. "Estou surpreso que tenha chegado tão longe."
"Então, se o certo fosse colocado, ele funcionaria?" Eleanor perguntou.
Rubble fez uma careta: "Isso depende de quanto dano foi causado. Hastes dobradas e quebradas precisarão ser substituídas, sem mencionar a árvore de cames."
"Então eu deveria comprar um veículo novo", Eleanor murmurou mais para si mesma. Provavelmente era melhor assim. "A que distância da cidade mais próxima?"
"Serenidade", disse Rubble, acenando com a cabeça na direção que ela estava indo. "Fica a cerca de seis milhas daqui."
"Seis milhas", repetiu Eleanor, voltando para o porta-malas e arrastando as malas. Era um pouco longe, mas ela conseguia.
Ela acenou com a cabeça para Rubble, jogando as chaves do carro dentro do veículo, e começou a arrastar sua bagagem em direção à cidade distante. O mais importante era continuar em movimento.
"Ei, o que você acha que está fazendo?" Rubble perguntou depois de observá-la por um tempo.
Ela fez uma pausa, olhando para ele, "Oh, desculpe. Obrigado pela ajuda."
Eleanor se virou e começou a andar novamente. Rubble soltou um longo suspiro antes de marchar até ela, pegando uma de suas malas e forçando-a a parar. Assustada, ela olhou para ele.
"Em primeiro lugar, não me agradeça quando eu não fiz nada", disse Rubble, erguendo a bolsa e balançando-a sobre o ombro enquanto a escoltava gentilmente de volta para suas bicicletas, "e em segundo lugar, não vou deixar você andar até a cidade."
Pegando sua outra bolsa, ele acomodou os dois no assento atrás da caixa de fósforos antes de prendê-los com cordas elásticas de um de seus alforjes. Rubble deu uma sacudida no fardo precário para se certificar de que ficaria tudo bem pelo menos até chegarem à cidade. Então ele gentilmente pegou a mão de Eleanor e puxou-a para sua bicicleta. Ele subiu antes de orientá-la a montar no pequeno assento atrás dele.
"Ok, agora estacione seu pé aí. Boa menina. Não toque nisso porque fica quente." Rubble se levantou, dando partida em sua bicicleta antes de se acomodar no assento novamente. "Agora, segure firme. Não vamos enlouquecer, mas quero que você se sinta seguro."
Eleanor fez como instruído, lutando contra o rubor que estava rapidamente vindo ao seu rosto. Fiel à sua palavra, Rubble começou devagar, deixando-a se acostumar com o passeio antes de se prepararem e voltarem à velocidade da rodovia. Ela nunca tinha andado de moto antes, nunca sequer considerou isso. Eleanor nem pensou neles como particularmente seguros, mas cavalgando atrás dos ombros largos de Rubble, ela se sentia notavelmente segura. Ela olhou para Matchbook para vê-lo sorrindo para ela, o que trouxe um rubor fresco às suas bochechas, mas não era desagradável.
Em pouco tempo, Serenity apareceu rapidamente no horizonte. Eleanor olhou para a grande placa de boas-vindas com uma mistura de apreensão e expectativa. O que exatamente essa cidade reservava para ela?