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2200 Palavras
ISABELLE A porta bate contra a parede, me assustando. Eu pisco uma, duas vezes, minhas costas doloridas e frias contra a parede de pedra. Meus olhos pousam no d***o de um homem que aparece no corredor. Lembro-me instantaneamente de onde estou. O que me trouxe aqui. O instinto de sobrevivência me faz pular de pé e arrastar os pés para a extremidade oposta da pequena sala. O tapete arranha meus pés descalços enquanto recolho meus sentidos para colocar espaço entre nós. Estou registrando as batidas do meu coração, a adrenalina correndo pelas minhas veias. Ele parece furioso. Sua mandíbula está apertada, a linha de alguma forma mais nítida para aquela tensão e m*l escondida sob a sombra das cinco horas. Seus olhos estão em chamas, um quase preto de raiva, o outro de um prateado animal. Eu arrasto meus olhos dos dele e meu olhar pega em seus antebraços nus, as mangas enroladas até os cotovelos. Eles são amarrados com músculos, abraçando a pele estão as caudas enroladas das serpentes. Suas mãos gigantes se fecham em punhos. Adormeci. Como diabos eu consegui adormecer sabendo onde eu estava? O que me esperava? Ele dá um passo em minha direção, mas quando eu dou um para trás, ele para. Ele passa a mão pelo cabelo escuro e tenho a sensação de que ele está abalado com alguma coisa. Este homem é feroz. Selvagem. A raiva crua que sai dele é palpável. Eu me pergunto se é assim que ele experimenta todas as emoções. Intensamente. Apaixonadamente. Eu sei que estar do lado errado dessa paixão é letal. E eu estou lá, na mira dele, o objeto de seu ódio. Eu quero correr, mas não há para onde ir. O banheiro pequeno é do tamanho de um chuveiro com espaço suficiente para o vaso sanitário e a pia. E não há fechadura na porta. Embora eu saiba que nenhuma porta ou fechadura impediria esse homem de avançar. Eu nunca estive perto de alguém como ele antes. Nunca senti tanto crepitar, energia animal de nenhum ser humano. — Está feito. — diz ele, jogando os papéis que está segurando na cama. Sua voz é diferente da que era na capela. Mesmo a ameaça que ele fez soa como brincadeira de criança em comparação com seu tom agora. Há uma vantagem nisso. Algo selvagem. Algo que ele está tentando controlar. — O que foi feito? — Eu pergunto, olhando para as páginas, notando que uma escorregou da cama e caiu no chão. Eu inicio o Rito. Ele não pode fazer isso. O Rito não é algo que se possa tomar. É dado e apenas a um amigo de confiança. Ele respira fundo, desvia o olhar pelo quarto, sem se incomodar com a escassez, o frio, o velho. Ele então fixa seu olhar em mim. A tensão em seus ombros diminui um pouco. As mãos flexionam e depois relaxam. Meu olhar cai para aquelas mãos e inevitavelmente para os antebraços tatuados. Para o músculo poderoso sob a pele. — Você me pertence, Isabelle Bishop. Não consigo evitar olhar rapidamente para aquelas folhas de papel na cama, mas não consigo ler mais do que algumas palavras desse ângulo. Está escrito em um roteiro antigo e ornamentado e de cabeça para baixo. O que vejo são as palavras Rito e meu próprio nome. E uma assinatura que reconheço. Os meus irmãos. Christian não teria permitido que isso acontecesse. Ele não assinaria nada que me entregasse. Mas Christian está morto e Carlton é um homem muito diferente do que Christian era. Não preciso ler os detalhes para saber que ele não está mentindo. Que eu pertenço a ele. É assim que a Sociedade funciona. Se fosse outro homem, outro tipo de contrato, provavelmente seria a mesma coisa, embora com menos animosidade. Porque este homem me odeia. Detesta-me. — Por que você me ajudou? — Eu pergunto antes que eu possa pensar sobre o que estou fazendo. Ele parece confuso. — O quê? — Na capela. Por que você me ajudou se você me odeia? Por que não deixar aqueles homens fazerem o que eles queriam fazer comigo? — Ah. Dou um passo para longe dele e sinto a parede nas minhas costas. Não há para onde ir. Ele vê minha desvantagem. Vê que ele me encurralou. E como todo bom predador, ele avança, só parando quando está mais perto do que estava na capela. Quando quase posso sentir o calor saindo dele. O poder absoluto dele como ondas de energia elétrica prontas para me atingir. — Isabelle Bishop. — diz ele, observando a dúzia de grampos de cabelo que deixei cair na mesa de cabeceira antes de pegar uma mecha grossa do meu cabelo em sua mão. Eu o tinha tirado do coque. Estava tão apertado que me deu dor de cabeça. Mas agora, enquanto o observo, me pergunto se deveria tê-lo deixado naquele coque porque ele começa a torcer um punhado em volta do punho. Conto uma, duas, três, quatro voltas. Meu cabelo chega à minha cintura e ele vai usar até isso para sua vantagem. Espero que ele puxe, me machuque e me preparo. Seu olhar encontra o meu e eu o estudo. De tão perto, posso ver as manchas douradas em seus olhos, o anel preto ao redor do cinza. Ele puxa meu cabelo, segurando-o esticado forçando minha cabeça a se inclinar para trás. — Você não era dele para quebrar. Você é minha. Eu engulo quando meus ombros estremecem. Envolvo meus braços em volta de mim, muito de mim exposto neste vestido murcho e arruinado, muito de mim deixado desprotegido. Ele desenrola meu cabelo, os nós dos dedos roçando propositalmente meu ombro nu e depois deslizando pela minha clavícula, até a cicatriz longa e feia ali. Suas sobrancelhas franzem enquanto ele a estuda, toca o tecido cicatricial, os rastros escuros dos pontos. Quando seus olhos encontram os meus novamente, aquele arrepio se transforma em um estremecimento completo e meu peito arfa a cada respiração. Seu olhar cai para ver o inchaço dos meus s***s. Eu tento não hiperventilar enquanto seus dedos deixam um rastro de arrepios no meu braço, sobre a dobra do meu cotovelo. Ele pega minha mão e a vira, esfregando as costas de seus dedos para frente e para trás, do pulso ao cotovelo e de volta de novo e de novo e de novo. A sensação é sensual e totalmente aterrorizante. — Cabe em você, essa cicatriz. — diz ele. — Algo feio em algo tão bonito. Um aviso. Eu me esforço para seguir, mas não consigo pensar agora. Não com o jeito que ele está me tocando. — Eu pretendo quebrar você lentamente, Isabelle Bishop. Meus joelhos tremem. — Vou aproveitar cada momento. — diz ele. Eu me inclino contra a parede para me apoiar. — Não seria bom deixar aquele garoto tocar em você. Então, eu não estava tanto ajudando você quanto eu estava ajudando a mim mesmo. Certificando-me de que as mercadorias não foram danificadas antes de tomar posse. Ele deixa meu braço cair, seu olhar muda mais uma vez para minha clavícula. — Conte-me sobre essa cicatriz. — Eu caí. — É verdade, mas apenas metade e não estou desperdiçando minhas palavras com ele. Fui empurrada, desci as escadas e quebrei minha clavícula, para começar, na noite em que Christian foi morto. Mas tive sorte, porque tenho certeza de que aquele homem teria quebrado muito mais se não fosse interrompido pelo gemido das sirenes. Um de nossos vizinhos ouviu meus gritos e chamou a polícia. — Alguma outra falha que você está escondendo? — ele pergunta. Eu não tenho certeza se ele está esperando pela minha resposta, mas eu balanço minha cabeça de qualquer maneira. — Hum. Vou ver por mim mesmo, eu acho. — Ele dá um passo para trás, mas não há alívio quando ele coloca uma mão na parede acima da minha cabeça e apoia seu peso nela. No entanto, noto que a porta ainda está aberta atrás dele e Dex se foi. — Tire seu vestido, Isabelle. Minha garganta fica seca, meu corpo inteiro fica tenso, m*****s duros, barriga dando cambalhotas estranhas. — Eu o quê? Ele sorri, nunca piscando e eu me pergunto sobre a máscara que ele usou antes. Como o achava uma espécie de b***a. Um d***o. Eu me pergunto se ele é essas coisas agora. Nada humano. — Tire a roupa e me mostre suas cicatrizes. — diz ele. Eu me abraço apertado, olho por cima do ombro dele. Veja o obstáculo de meus saltos descartados ao pé da cama velha e frágil. Ele está me observando quando eu volto meus olhos para os dele e quando eu lambo meus lábios para falar, seu olhar cai para eles. Vejo desejo em seus olhos e penso em todas as mulheres no baile de máscaras. Tantas que são muito mais bonitas do que eu. Mais elegantes do que eu. Mais Sociedade do que eu. E eu me pergunto por que ele me escolheu. O que ele iria querer com alguém como eu. — Isabelle. Eu pisco, olho novamente para a porta aberta antes de voltar meus olhos para os dele. — Você quer correr para isso? — ele pergunta como se tivesse notado meu interesse naquela saída. Eu não respondo. Ele está brincando comigo. — A liberdade está a poucos metros de distância. — Ele abre um sorriso largo e dá um passo para o lado. — Você está considerando isso. Eu também faria. — Ele estende o braço, apontando para a porta. — Você pode tentar, eu suponho. Você não vai muito longe, mas pode tentar. Eu não me mexo e tudo o que ouço é o bombeamento de sangue em minhas veias, meus ouvidos zumbindo com adrenalina. É um jogo. Ele está jogando um jogo. A voz dentro da minha cabeça grita. Cada molécula lógica do meu ser sabe disso. — Prossiga. Você quer. Ele está me provocando. Ele se inclina mais perto, bochecha ao lado da minha, nuca roçando minha pele, respirando um sussurro ao longo do meu ouvido. — Mas se você fizer isso, saiba que quando eu te pegar, eu vou puni-la. E eu vou te pegar. Estremeço com suas palavras. Luta ou fuga. Eu sei que vou perder a luta e a fuga, mas não estou pensando mais. O instinto tomou conta. A sobrevivência é o objetivo, então eu escolho voar e minhas pernas se movem. Eu salto para frente sabendo que ele vai me pegar, sabendo que eu não vou conseguir ou se eu conseguir, haverá uma armadilha esperando por mim. Mas eu corro de qualquer maneira, ouço sua risada ou é um rosnado? O ronco baixo de uma fera entrando em ação enquanto sua presa faz exatamente o que ele espera, o que ele quer e a perseguição começa. Eu corro pelo quarto, os músculos se movendo em um movimento familiar. Eu sou uma corredora, mas este é um terreno desconhecido, quando eu saio para o corredor, eu paro porque está ainda mais escuro do que antes. Ele não vem atrás de mim, não imediatamente. Eu sei por que ouço sua risada. Quando olho para trás, vejo que ele não se moveu, mas no momento em que seus olhos encontram os meus, ele dá um passo. Eu corro. Ele está atrás de mim, mas não tem pressa. Ele está tomando seu tempo. Corro em direção às escadas. Eu sei que o corredor passa mais longe pelas escadas, mas está muito escuro e estou com muito medo de ir até lá. Quando chego às escadas, ele ainda está no corredor. Eu posso fazer isso. Treze passos. Eu posso fazer isso. Agarro o corrimão e corro, tropeçando na minha pressa quando ele chama meu nome, a voz calma e provocante. Estou quase no topo, porém, não preciso olhar para trás para saber que ele não está correndo para me alcançar. É uma armadilha. Um jogo. Uma desculpa para me punir. Eu sei disso. Eu sei disso antes de minha mão fechar a maçaneta, sei disso antes de tentar a porta. Eu sei que está trancada. E não importa o quanto eu puxe e bata, não vai abrir. Um momento depois, braços poderosos envolvem minha cintura. Ele me levanta sem esforço, me carregando de volta escada abaixo, braços presos, minhas costas pressionadas contra seu peito duro. Eu grito. Eu grito e luto, meio enlouquecida de medo enquanto ele me carrega calmamente, quase pacientemente, de volta pelo corredor. Aquela luz na extremidade oposta de alguma forma, impossivelmente, acendendo de novo, ela também, me provocando, piscando, como se estivesse vendo o d***o me arrastar de volta para aquele quarto. Ele me joga na cama, eu pulo, as molas gemendo. Ele fecha a porta e nem um fio de cabelo está fora do lugar, nem uma gota de suor escorre em sua testa enquanto ele enfia as mãos nos bolsos, me observando. Sua expressão sombria e curiosa e sem pressa quando eu me levanto e enxugo meus olhos. — Por que você está fazendo isso comigo? — Eu grito as palavras, mas minha voz secou, minha garganta como uma lixa. Ele dá de ombros. — Porque eu posso. Agora tire.
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