Dançando com as ninfas

1577 Palavras
No dia em que Gaion fora convidada para almoçar em sua casa, Gisella ficou ansiosa. Checou se tudo estava perfeito para causar uma boa impressão a sua amiga, sim, estava. — Espero que ela não seja vegetariana. — Disse Evin tirando um frango assado com batatas do forno. — Mas, caso seja… Tem torta de banana com canela na geladeira. Uma batida na porta fez com que Gisella se levantasse do sofá num pulo e fosse correndo abrir a porta para receber Gaion. — Olá? — Disse Gaion exibindo o seu sorriso mais meigo que sempre derretia Gisella. Gaion usava uma blusa vermelha de botões que exibia sua barriga e uma saia longa preta com estampa de papoulas. Calçava sandálias douradas sem salto. Tinha os cabelos soltos e de um lado da cabeça usava presilhas pretas perfeitamente alinhadas. Nos lábios um brilho labial de sabor maçã. Não podia estar mais linda. — Gaion! Você veio! — Gisella disse feliz e a abraçou sentindo o delicioso perfume de flores que vinha dela. — Não perderia isso por nada. — Gaion sussurrou no ouvido dela e então recuou e reparou melhor nela. Gisella usava um vestido amarelo com estampa de margaridas, com alças finas, sem decote, mas que ainda assim marcava seu b***o farto, e com a parte debaixo rodada, um palmo acima dos joelhos. Os cabelos ruivos estavam presos numa trança lateral, e ela calçava sapatilhas pretas. Não usava nenhuma maquiagem e também, não precisava, pois ela era naturalmente bela. — Seja bem-vinda! — Disse Evin aparecendo atrás de Gisella. — Obrigada. — Falou Gaion sorrindo. — Por favor? Entre. — Disse Evin a Gaion. — Sim, com licença? — Falou Gaion entrando. Não havia paredes que separassem a cozinha da sala, mas havia espaço mais que suficiente para organizar toda a mobília de forma adequada. Do lado esquerdo, ficava a cozinha com grandes armários amarelos de madeira, uma geladeira branca grande, um fogão vermelho a lenha, uma mesa amarela de madeira com lugar para seis, caprichosamente forrada com uma toalha branca de renda. Do lado direito ficava a sala, com dois sofás vermelhos, fofos e espaçosos, um grande tapete preto ficava no centro, assim como uma mesinha redonda de vidro onde uma toalha branca de renda fora posta e dois bibelôs de cisnes. Uma estante marrom onde ficava a TV, alguns livros e outros bibelôs (Evin colecionava bibelôs e os espalhava pela casa), e num canto ficava uma cadeira de balanço onde Evin se sentava em frente a lareira e bordava todas as noites. — Vem, Gaion? Eu te mostro a casa. — Falou Gisella pegando a mão dela e já a arrastando rumo as escadas. Elas seguiram por um corredor espaçoso onde as paredes eram enfeitadas por lindos quadros, todos pintados por Mabel: O primeiro, intitulado “Girassóis”, foi um presente para Evin, que adorava girassóis e costumava cultivar alguns; o segundo, “Bem-te-vis”, um presente para Gisella, pois, esse era o pássaro preferido dela e Eldar adorava imitar seu canto dele; o terceiro, “Anel Élfico”, tinham elfas graciosas com vestidos de tule azul dançando em um anel élfico. — Que lindos! — Disse Gaion observando, encantada, as pinturas. — Foi a Mabel quem pintou todos eles. Ela tem talento! — Falou Gisella e parou em frente a terceira porta, abrindo-a. — Esse é o meu quarto. O quarto de Gisella era simples, mas com ar aconchegante. O papel de parede era branco com flores e borboletas. As cortinas eram num tom cor-de-rosa claro, assim como a cama, o guarda-roupa, o baú que ficava aos pés da cama e a escrivaninha que ficava próxima a janela. No centro do quarto ficava um tapete redondo e felpudo, branco. Tinham dois pedestais acima da escrivaninha com livros sobre fadas e ninfas, e em cima da cama, três pedestais com bonecas de pano e pelúcias. — Hmm… Adorei! — Falou Gisella prestando a atenção em cada detalhe. — Que bom que está aqui, assim, poderemos ver as ninfas mais tarde. Estou ansiosa para conhecê-las. — Disse Gisella. — Eu tenho certeza que vai adorá-las. — Falou Gaion. Gisella não achou prudente mostrar a Gaion os quartos dos outros, então lhe mostrou o banheiro e os jardins, antes de elas voltarem para a sala onde Irwan e Eldar, sentados no sofá, assistiam ao noticiário, que informava que mais uma vez, uma quadrilha de djinns azuis conseguiu sair ilesa após uma série de roubos a bancos em Ljossalfheim. Irwan teve medo de não segurar a onda ao ver Gaion tão perto de Gisella e para evitar um desentendimento, foi para a casa da prima. Gaion aproveitou para entregar a todos envelopes vermelhos, decorados com laços de crepom. Dentro dos envelopes tinham balas brancas com sabor de coco e leite. Como elfos tinham compulsão por doces, todos adoram o mimo e não esperaram até a sobremesa. Gisella e Gaion ajudaram Evin a pôr a mesa e logo o almoço foi servido. Frango assado com batatas, arroz a grega (arroz de forno com azeitonas, passas e muçarela, etc), purê de batata e cidra. Como sobremesa, torta de maçã. — Hmm… A senhora cozinha bem. — Gaion disse a Evin. — Obrigada. Pode me chamar pelo meu nome. — Falou Evin. — E você, Gisella? Já se acostumou a culinária élfica? — Gaion perguntou. — Sim. Na verdade, não tem muita diferença. Digo… Vocês ainda comem torta de maçã e tomam sorvete como qualquer humano. Não tem receita especial ou tem? — Disse Gisella alternando olhares entre Gaion e Gisella. — Nosso povo tem sim, algumas receitas típicas… Como todos os povos, mas está certa… Não tem muita diferença. — Evin sorriu, exibindo um brilho malicioso no olhar. — Eu diria que o que torna nossa culinária especial, além de nossos temperos, são nossos encantos. — Falou Gaion. — E não é por nada não, mas a nossa comida é muito melhor que a das fadas, viu? — Oh, isso com certeza. — Concordou Irwan. — Mas dizem que a comida das fadas é irresistível… — Gisella quis argumentar. — Ah, querida. Só que os humanos usam a palavra “fada” indiscriminadamente para se referir a qualquer ser mágico. — Falou Evin. — Mas é verdade que uma vez que se prova a comida dos elfos ou das fadas, perde-se o interesse pela comida humana? — Perguntou Gisella, curiosa. — Sim, é verdade. — Confirmou Gisella. — E não só pela comida humana, mas a de outros elementais também. — Quer dizer então que… Não vou gostar da comida das fadas?! — Gisella abaixou a cabeça chateada. Sempre tivera curiosidade em provar a comida das fadas para comparar o sabor com o de outras culinárias de seu mundo. — Infelizmente não. — Falou Evin. — Mas, ainda que tivesse provado a comida delas primeiro, assim que provasse a nossa, você perceberia que é melhor. — Mas então eu não preferia a delas a de vocês? — Perguntou Gisella confusa. — É impossível não gostar da comida élfica. Não importa o que digam. — Evin piscou. Após o almoço, Gisella lavou as louças e Gaion as secou e as guardou no armário. Então, as duas foram até o bosque. Gaion tirou as sandálias e pediu para que Gisella também tirasse suas sapatilhas. Gisella obedeceu. Descalças, elas sentiram a grama úmida sob seus pés. Gisella olhou ao redor, fascinada pela beleza das árvores, arbustos e flores. — As ninfas estão recolhidas em suas árvores, dormindo. Todas as noites, elas despertam para dançar e cantar para a lua. Podemos despertá-las agora. — Falou Gaion pegando as mãos de Gisella e girando com ela suavemente. — Elas, logo se juntarão a nós. Gaion começou a cantar com sua voz sedutora e suave: Hoje é noite de luar Quando as ninfas saem pra dançar Talvez as fadas e elfos possam a nós se juntar Dançando e girando, Girando e dançando, Posso lhe dar um beijo Ou até conceder-lhe um desejo Porque hoje é noite de luar É tempo de sonhar É tempo de amar É noite de luar. Enquanto Gaion cantava e dançava com Gisella, luzes douradas reluziram dos troncos das árvores e também dos arbustos. Moças de aparência angelical que usavam vestidos longos de cores claras e tecidos leves, e tinham flores enfeitando seus cabelos, saltaram das árvores e arbustos, aproximando-se devagar e olhando para as estranhas com curiosidade. Gaion soltou uma mão de Gisella e gesticulou para que as ninfas se aproximassem. Uma a uma, elas vieram, uma dando a mão a outra, formando um grande círculo onde todas dançaram e cantaram belas canções que Gisella não conhecia. Infelizmente, o tempo passou depressa e, logo Gaion e Gisella tiveram de se despedir das ninfas. — Obrigada por essa tarde inesquecível, Gaion. — Disse Gisella a encarando enquanto segurava suas mãos. — Não por isso. — Disse Gaion sorrindo e aproximou seu rosto do de Gisella. Quando percebeu que a elfa se aproximava, Gisella fechou os olhos e prendeu a respiração, sentindo o coração acelerar. Gaion lhe deu um beijo no rosto e então recuou. Gisella abriu os olhos e sentindo as bochechas corarem, disfarçou rápido, virando o rosto e abaixando a cabeça. — Tenha uma boa noite e bons sonhos. — Disse Gaion antes de soltar as mãos dela, se afastando. — Você também. — Gisella respondeu e observou Gaion até perdê-la de vista quando ela cruzou a névoa.
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