Capítulo 134

1262 Palavras

Muralha narrando A favela ainda estava mergulhada num silêncio estranho, daqueles que só aparecem depois que a tragédia varre tudo. As vozes sussurravam, os olhares pesavam, e eu ali, no meio da padaria, com o cheiro forte de sangue misturado com café frio e pão amanhecido, respirava fundo pra não explodir. Elias estava no chão, estirado, o rosto pálido, o corpo imóvel. Um homem simples. Um homem de bem. Um pai de verdade pra Mariana. E o que sobrou dele foi um corpo estirado no chão de onde ele tirava o sustento. Uma cena que não vai sair da minha cabeça tão cedo. Foi olhando pra ele, com a camisa manchada de vermelho, que eu decidi. A Heloísa não tinha condição de resolver nada naquele estado. Tava em choque. Tava destruída. Era visível. Por mais forte que fosse — e ela era —, ningu

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