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3035 Palavras
Aurora Depois que as apresentações acabavam todos tinham permissão para ir descansar ou no meu caso, ir conhecer o lugar que estávamos abrigados. Felizmente não tinha toque de recolher. Fui pro meu trailer e troquei de roupa, já que estava ficando um pouco frio. Depois de tirar a roupa de apresentação e colocar uma roupa de frio, encontrei o Kauê na entrada, e ele me esperava montado em uma moto o que me causou um pouco de pânico. — Qual é a chance de você me sequestrar? — pergunto subindo na moto toda desajeitada. — eu assisto jornal, ein? — Ih qual foi? Eu só vou te levar pra curtir um pagodinho, gosta não é? — É claro que eu gosto, inclusive já fui em alguns. Não é só porquê eu moro no circo, que eu não tenho a vida de uma adolescente normal. — respondo sentindo o vento batendo no meu rosto enquanto ele acelerava a moto. Durante o trajeto, fomos conversando sobre as coisas que ele me mostrava no caminho, e quanto paramos em frente a casa que tinha um movimento de pessoas, Kauê me ajudou a descer da moto. Já no local, tentava não me sentir desconfortável com as garotas que me olhavam como se eu tivesse invadindo o território delas. — Não liga não pô! As mapoa daqui são tudo insegura! Vem, vou te mostrar minha irmã. — ele resmungou puxando minha mão para uma mesa grande, onde estava várias pessoas das quais foi me apresentando cada uma. — Oi Kauêzinho! Já esqueceu de mim, foi? — uma menina ruiva baixinha chegou, abraçando meu mais novo amigo. — Pô, que isso gatinha! Não esqueço nunca, tu que sumiu! — ele falou, encarando a mulher de cima a baixo o quê me arrancou uma risada. — ah, essa daqui é minha amiga, Aurora. — Olá Aurora! Espero que não se importe se eu roubar seu amigo, né? — ela sorri e logo volta para o garoto. — será que podemos ter uma conversinha, em particular? — pergunta, fazendo o mesmo sorrir. — Ih, é claro pô! Ai, vou ir ali rapidinho. Daqui a pouco tô de volta! Kauê me apresentou pra irmã dele super rápido e saiu com a menina, pra fazer Deus sabe o que. E isso me fez arrepender amargamente de ter vindo, pois estava muito desconfortável. — Pô! tu curte ai e aproveita, porquê o meu irmão vai demorar! — Paloma, irmã dele falou. E ela tinha razão, ele demorou muito. Bebi só duas cervejas, para não ficar com ressaca amanhã. Conheci mais a Paloma e as amigas dela, e até arrisquei dançar um pouco e nada dele voltar. Quando estava perto de ir embora por estar ficando tarde, eu vi ele entrando conversando com o amigo dele. Os dois vieram conversando distraidamente e quando estavam quase chegando na mesa que eu estava, os olhos do Jacarezinho encontraram os meus. Como se soubesse que é lindo, ao ponto de prender a atenção de uma garota i****a igual a mim, ele sorriu de lado e desviou o olhar, me deixando com cara de boba. Aquilo já tinha sido demais até pra mim, então resolvi ir embora. — E ai pô? Curtiu? Foi m*l a demora, tive que resolver outro b.o do morro. — Kauê fala, e os dois se sentam em cadeiras próximas a mim. — Gostei demais! Obrigada por me trazer, mas já tenho que ir. Meu tio é muito rigoroso e eu prefiro evitar irritar ele. — minto em partes. — Que isso, acabei de chegar e a noite tá só começando! — responde bebendo de um copo de 700ml que tinha um líquido roxo. — Você pode continuar ficar tranquilo aqui, eu vou ir caminhando para conhecer o lugar. E novamente obrigada! — digo me levantando para despedir das meninas. — Se tu quer ir, eu te levo! Não agarra em nada! — Pode deixar que eu levo, já tô indo embora também. — Jacarezinho, que até então se manteve calado, bebendo sua bebida igual ao do Kauê, se levantou e virou saindo da laje. — tô te esperando lá embaixo. — é a única coisa que ele disse antes de sair da completamente. — É melhor tu ir, Guilherme não gosta que contrarie ele. Relaxa que é de boa, eu confio nele. Ai amanhã a gente se fala, de boa pra tu? — ele fala e eu concordo, sem saber o porque de aceitar essa loucura. Despeço das meninas rapidamente e desço as escadas, vendo ele encostado em um carro prata, que eu julgo ser um Corolla, que também tinha os vidros todos escuros. Os pelinhos do meu corpo se arrepiaram, ao ver o quanto ele ficava lindinho daquele jeito. Tsc, que besteira de pensamento! Ele fez um toque com um homem que estava conversando e entra no carro. Fiz o mesmo abrindo a porta do carro e sentando no passageiro, ficando completamente inebriada pelo cheiro do perfume dele. — Toma, segura aqui pra mim. — ele me entregou o copo que segurava e deu partida no carro descendo o morro em direção ao campo. — toma um gole, pô! — ele me tirou do transe e eu desvio o olhar de suas mãos sobre o volante. — Ah não, valeu! Eu bebi cerveja já, amanhã eu trabalho cedo! — respondo tentando não transparecer a vergonha que se instalou em mim, por ter sido pega no flagra. Ele soltou um sorrisinho torto e me encarou. De novo eu sentir os pelos do corpo se arrepiando e passei o copo pra outra mão, virando o rosto para a janela enquanto bebia da sua bebida. Era até que gostoso, tinha um gosto de uva e bem no final pude sentir o gosto de álcool. Não resistindo ao sabor gostoso, dou mais um gole e a gargalhada dele me tira novamente do transe. — Que foi? — pergunto sem graça. — eu só experimentei, nunca tinha bebido antes. — Ih, qual foi? Eu nem falei nada pô! Relaxa. — ele continuou e liga o som, um pouco alto pelo horário, mas eu não me atreveria a dizer isso. Nem morta! — Essa musica é muito vulgar, você não acha não? — pergunto um pouco alto, e logo ele abaixa um pouco o som para me responder. — Acho não, tu que não é acostumada com meu mundo! — diz, mas troca o som até começar a passar um pagode. — Do jeito que você fala, parece que eu vim de marte! — bebo mais um pouco do copo dele. Se continuasse assim, não ia sobrar nada. — Mas pô, tua vida é diferente da minha mermo! Tu vive legal, deve conhecer vários lugares e pessoas maneira. Tô mentindo? — Tá... — resmungo e vejo que paramos em frente ao arco de entrada, não queria descer, não queria ter que encarar "minha família" então suspiro fundo. — Tu tá entregue. — ele desliga o som e pega o copo, bebendo também. — Obrigada Guilherme! — murmurro e sem olhar para ele, e tento abrir a porta que estava travada. — Como tu sabe meu nome? — pergunta segurando meu braço. — Ouvir sua namorada mais cedo, e também o Kauê me disse antes de você me trazer. — Que namorada pô? — sua gargalhada me pega desprevenida, pois sinto algo no meu interior que queimar. — tu deve tá falando da Layla, mas ela é só minha amiga, quase irmã, sacô? Meu rosto queima por ter pensado e dito em voz alta sobre sua “amiga”. Eu me controlo e passo a mão na testa, pois o frio que estava fazendo quando eu sair, se transformou em um mormaço por permanecer no mesmo espaço que esse homem. — Desculpa, interpretei errado! — E mesmo assim tu não deixou de admirar o pai aqui, né? — diz com um sorriso, que me passava a energia daqueles homens bem cafajestes. — Seu ego é tão grande! Deve tá acostumado a ter todas no seu pé, não é mesmo? — debocho me aproximando um pouco dele. Seus olhos percorrem pelos os meus, e descem observando cada detalhe até parar na minha boca, onde permaneceu um tempo antes de falar. — Resposta errada. Tô acostumado a correr atrás do que eu quero, e eu sempre consigo, por mais difícil que seja. — com aquela sua fala, algo me diz que estávamos flertando. — Boa sorte então! — falo e dessa vez eu desço do carro. Escuto ele sorrindo, mas só viro para trás, para mandar um tchau antes de entrar. […] No outro dia acordei com uma leve dor de cabeça, mas foi por não ter dormido nada bem, pensando no Guilherme. É estranho dizer que não dormir pensando nele, pois eu sei que nunca fui de me apegar a alguém, nem mesmo as pessoas que eu já fiquei e isso não ia acontecer agora. É só que, a presença e pensar nele, faz revirar meu estômago de uma maneira tão intensa. Estou agindo igual uma adolescente apaixonada sem nem está apaixonada, o que é palhaçada já que daqui duas semana vamos embora. E pensar nisso também faz meu estômago revirar, ele tava certo em partes, eu já conheci pessoas e lugares incríveis, mas nenhum me deu tanta vontade de ficar quanto esse daqui, o que é uma p**a loucura. A minha energia e a dele juntas e muito gostosa, e mesmo com medo disso, quero explorar pois não é possível que só eu tenha sentido. Ele é uma pessoa boa, apesar das coisas ruins que eu li sobre ele na internet, eu fico me perguntando até que ponto é verdadeiro esses "boatos" nas matérias. Ainda não tinha limpado o minha casa e estava tudo fechado e quase pouca claridade entrando pela frestas da porta. Ouvir alguns passos e logo em seguida, meu tio começou a esmurrar a porta e me chamar. Até pensei em ignorar e fingir que não estava, mas logo levantei e fui atender. — Você ainda está deitada? Chegou que horas garota? Eu já estou de saco cheio de suas palhaçada, quase onze horas e você atoa, esqueceu que aqui você é igual a qualquer um? — Eu sei os meus deveres, tio Valter! E eu vou fazer, não preciso que fiquem na minha cola o tempo todo, você deveria verificar mais o trabalho da Helena e da Jade e esquecer o meu! — digo emburrada, péssimo dia para qualquer um me perturbar porquê quando não durmo bem a noite, parece que meu dia automaticamente deixa de ser bom. — Fala direito comigo garota! — ele grita segurando meu braço forte. — já está abrindo as pernas para esses bandindinhos daqui né? Por isso tá toda se achando. Você é igualzinha a sua mãe, uma p**a. — Não fala da minha mãe. — tento estapear ele que agora segura meus dois braços. — me solta, você não merece dizer que era irmão dela, não merece! — Solta ela pô! — alguém interrompe e logo quando procuro, vejo Guilherme e Kauê, parado olhando para aquela cena ridícula. Eu não me importei de estar descabelada e chorando na frente deles, só queria derreter e sumir pra sempre. — Só estava conversando com minha sobrinha. Precisam de alguma coisa? Posso atender vocês agora. — diz soltando meus pulsos e virando para os dois, como se não tivesse falado m*l deles agora. — A gente ouviu a sua conversinha, tendeu? Então vaza daqui, antes que eu apele contigo, morô? Fanfarrão. — Guilherme se aproximou dele, com os olhos negros, brilhando e diferente de ontem a noite, tenho certeza que eles estava com raiva. Antes que ele aproximasse totalmente do meu tio, ele saiu praticamente correndo entre os trailers, sem nem olhar pra trás. — Ele te machucou gatona? — Kauê se aproximou de mim para me "verificar" como se eu tivesse sido quebrada. — Tá tudo bem. Já estou acostumada com isso. — resmungo sem animo. — Vai, bora Aurora! — Guilherme diz dessa vez, sem me encarar. — se ajeita ai pra tu ir ali com a gente. — Pô o otario do seu tio acabou com o bom humor do irmão! Tava todo sorridente, doidinho pra te ver, s*******m. — Tô de boa, chefin. Agora se apruma e fica esperto! Vai atrás do cuzão e fala que a Aurora não vai trabalhar hoje, anda. — Guilherme fala e o outro vai no mesmo instante. Novamente ao invés de negar, já me vejo dentro do trailer trocando de roupa, fazendo minha higiene pessoal e por ultimo penteando meu cabelo. Quando acabo, saio e encontro os dois fumando, o que tenho certeza que é um cigarro de maconha, mas ignoro pois não é da minha índole. Fecho minha casinha e sigo eles para fora do campo. Encontrei com a Jade e Helena, no meio do caminho, o que era de um grande azar! — Oi prima, está indo aonde? — Helena pergunta parando na minha frente. Kauê que estava um pouco na frente com Guilherme, parou me encarando, como se tivesse pronto pra me defender a qualquer custo. — Não é da sua conta, falsa! — Que isso Rora. Papai disse pra gente ir com você, então vamos obedecer ele. — insiste e antes que eu pudesse responder Kauê apareceu do nada na minha frente. — Pois avisa pro velhote lá, que ninguém chamou vocês duas, enxeridas. — o mesmo agarra minha mão e sai me puxando. Um sorriso escapa dos meus lábios e logo em seguida uma gargalhada. Pela primeira vez eu tinha saído por cima, a cara de quem comeu e não gostou delas vai ficar pra sempre na minha memória. Mesmo sabendo que depois disso voltaria tudo igual, ou até mesmo pior, eu não importei. Percebi que os dois se entreolharam, provavelmente achando que sou doida, mas quem liga pra isso agora? Kauê ia de moto, por que segundo ele, ia buscar uma mina e eu novamente de carro com o Guilherme. — Sabe, tô achando que você tá gostando de desfilar comigo pra cima e para baixo. Até porque eu poderia ir de moto com o Kauê. — falo mais entro no carro, que era diferente do outro, esse sendo é preto e mantinha os vidros escuros. — Tu tá tão ligada quanto eu, que queria ir grudada comigo. — Talvez tenha razão. Aproveitando que estou de folga hoje, onde posso comprar daquela bebida de ontem? — pergunto feliz, sentindo um ventinho gostoso batendo no meu rosto. Ele sorriu e me encarou, meu coração acelerou quando eu vi o tanto que ele tava lindo dirigindo daquele jeito. Guilherme estava relaxado, segurando o volante com um mão só, enquanto a outra ficava apoiando na janela. — Vamos passar ali na adega rapidinho e eu pego um pra ti, morô? Já que pelo visto tu gostou. — Gostei até demais! Espero conseguir encontrar depois que eu for embora. E lembrando aqui, onde estamos indo? — Já tu descobre. — ele balança a cabeça negando, porém o sorriso permanecia ali. [...] Eu tomava aquela bebida como se fosse a oitava maravilha do mundo. O dia começou péssimo, mas como poderia continuar r**m? Estava me sentindo ótima. Paramos em frente um restaurante, nós dois descemos e caminhamos lado a lado até encontrarmos um grupo de pessoas, julgo ser os amigos dele. A Paloma também estava com uma outra menina que conheci ontem. As duas conversavam animadas sobre alguma coisa. E a amiga do Guilherme também estava, porém ela estava sozinha e não falava com ninguém e quando ela me viu chegando na mesa, seus olhos me fuzilaram, ali eu tive certeza que só ele considerava ela como irmã. — Demoraram em c*****o! Sol da p***a e vocês caçando jeito de f***r? — Kauê fala me fazendo revirar os olhos. — Cuida da tua vida, filho da p**a! — Guilherme bate na cabeça dele, e os murmurinhos começam, virando uma conversa em tom alto. — Tem alguém se mordendo de ciúmes. — Paloma diz gargalhando junto com a Aline, assim que eu me sento do lado delas. — Mas ela não é quase uma irmã pra ele? — pergunto em tom de fofoca. — Só ele que acha que ela também ver ele assim. Escuta só, na primeira oportunidade ela dá o bote nele. — Aline responde e Paloma prossegue: — Eu odeio essa songa! Ela é toda interesseira, e fica se fazendo de coitada. Se eu fosse você tomava cuidado, porque ali é uma cobra. — Convivo todo dia com um ninho, provavelmente essa daí não vai me atingir. — Continuamos fofocando, de uma maneira tranquila é claro! Quando fomos ver, o assunto já era homem. Dai juntou eu que já estava “alegrinha” por conta da bebida, com elas que também já estavam ficando bêbadas. — Alá ó! Ele não para de olhar pra você. — Paloma diz e eu sorrio encarando Guilherme. — tá doidinho contigo, conheço esse daí. — Eu também tô querendo ele. — falo justo no exato momento que todo mundo resolveu ficar calado. Foi inevitável não sentir minhas bochechas esquentando. Todo mundo ficou calado, e eu sem saber onde enfiar a cara, mas Paloma falou me salvando: — Todo mundo quer amiga, mas é muito caro! Meu celular é o Iphone xr pro max e ainda atende minhas necessidades. — Vocês duas tão falando, mas e eu que tô no Android ainda? — Aline fala tomando um gole da sua cerveja e no fim, nos três gargalhamos, sabendo que a verdade estava distorcida. Almoçamos e a comida estava maravilhosa, mas esse “rolê” como Kauê disse não tinha acabado ainda já que tinham combinado de ir pra casa do Guilherme. Aquela Layla grudou nele tentando marca território, e ele ainda ficou emburrado quando eu disse que iria ir com as meninas dessa vez. Não compreendi, mas também não tentei. Estava sendo um dos melhores dias da minha vida, parece até que conheço Paloma e Aline de outras vidas pois tínhamos a mesma vibe. E lá estávamos as três, rindo enquanto conversamos coisas bobas. Não demoramos para chegar na casa onde já estava todo mundo.
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