Seja uma boa garota Candy!

1583 Palavras
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Pela primeira vez em todo o tempo que estive aqui não recebi olhares feios, empurrões ou cochichos e são dez da manhã, em um dia normal eu já estaria em lágrimas. Experimentei a roupa um pouco depois de ensaiar, tenho que admitir que fiquei bela e bem que eu queria usar algo rosa, eu amo e fica lindo em mim, mas já que Larry quer que seja vermelho, então que seja né.  Não consigo para de pensar nesse homem importante, me sinto nervosa e até diria que em crise. Me sinto desconfortável, ansiosa e propensa a tomar adderall, mas tenho que relaxar! Conta cem Mississipi, respirar fundo, tomar um banho frio. Só quero me acalmar e não pensar tanto nisso, mas parece loucamente impossível! Eu passo e repasso todos os movimentos na minha dança e hoje, obrigatoriamente, irei usar o pole. Admito que sou boa nisso, bem boa! Depois de estender as roupas e ensaiar mais um pouco, saio do Club e vou a um restaurante de comida chinesa. Enquanto estou lá penso sobre fugir, penso nisso sempre que saio, só que descobri que tem pessoas me vigiando a mando de Larry. Tentei ir embora uma vez, e então fui pega,  achei que era um sequestro. Eles me deram uma paulada na cabeça e quando acordei Larry estava na minha frente, ele me manteve em um quarto escuro só com água por uns três dias. Disse que era para eu aprender e aprendi, nunca mais tentei ir embora, não quero passar por nada disso de novo! Esperarei essa divida acabar e vou seguir com a minha vida, conseguir um bom emprego, a minha própria casinha e tomar um bom banho longo! Esse é sem dúvidas o meu maior desejo.  Já são nove e meia, estou no ápice da inquietação. Estou no quarto quando Larry entra com aquele olhar de: chegou a hora! Sem trocar nenhuma palavra sigo ele para um dos quartos especiais que tem aqui e me coloca atrás de uma cortina Larry - Saia quando a música começar a tocar  Isa - Sim senhor - Eu digo e ele segura meu queixo com um pouco de força Larry - Seja uma boa garota Candy! Não me decepcione - O mesmo beija minha testa e sinto ela formigar, se pudesse limparia imediatamente  Larry sai e sinto minhas pernas tremerem, começo a suar frio e me pergunto o motivo para estar tão nervosa, conto dez Mississipi e espero o sentimento de nervoso se apaziguar. Ouço minha música começar a tocar e sei que devo sair de trás da cortina, então é o que faço! Assim que saio me grudo no pole, mas não deixo de observar o homem em minha frente, segurando em sua mão um copo de algo que me parece uísque e me observando atentamente. Ele é alto e loucamente lindo, não expressa nada em seu rosto, apenas me olha atentamente e me ponho a dizer que as vezes ele até entortava um pouco sua cabeça, era como se estivesse observando minha alma! Durante a primeira música ele apenas me observou, sem quase mudar de posição, não me chamou de nada ou tentou passar a mão em mim, apenas observou. Na segunda música ele se pôs a sentar e eu surpreendentemente já me sentia cansada, coisa que só acontece na sétima ou oitava dança seguida. A música acabou e ele estendeu a mão, em um sinal para que eu parasse, senti meu corpo esfriar, mas por algum motivo, não senti medo algum do homem quem está em minha frente! Aleksey - Qual seu nome? - Sua voz grossa me dá arrepios  Isa - Candy, senhor Aleksey - Candy... Você bebe? - Ele diz meu nome como se o saboreasse, mas ao mesmo tempo parece não ser o que queria ouvir  Isa - Não, mas posso se quiser. Aleksey - Você não bebe! Não tem que fazer isso por minha causa. Você é muito linda, sabia? Sinto meu rosto esquentar e fico sem jeito, sem saber o que dizer ou fazer! Então ele levanta e estende a mão, eu prontamente a pego e ele me leva em direção a cama que tem no quarto, sinto arrepios. Não quero que isso aconteça, não estou pronta para isso e nem é o meu trabalho! Ele se senta em um lado da cama e eu me sento no outro! Aleksey - Só iremos conversar, Candy  Isa - Tudo bem. - Ele me encara por um tempo, mas não é um silêncio constrangedor. - Posso saber seu nome, senhor? Aleksey - Meu nome é Aleksey, não precisa me chamar de senhor! Quantos anos tem? Isa - Tenho vinte Aleksey - Um bebê comparado a mim! Tenho trinta, estou velho Isa - Ah ainda é um feto - Eu digo e ele da uma risada bem gostosa de se ouvir - Mas sério, ainda é jovem Aleksey - Só não mais que você Aleksey Panzavecchia: Queria tanto saber seu nome verdadeiro, minha Candy! Obviamente eu poderia mandar meus homens vasculharem toda a vida dela, mas prefiro saber todas as suas informações vindo da mesma. Não estamos trocando muitas palavras, mas ainda sim é a conversa mais deslumbrante, maravilhosa, estupenda que já tive. Sua voz, seus lábios se movendo... Deus eu nunca vi nada mais maravilhoso, mais belo e perfeito! Essa mulher é uma deusa e isso ainda é pouco para defini-la. Depois da boa conversa que tivemos me despeço de Candy e saio pela porta dos fundos, já no carro percebo que esqueci de Eliot e envio uma mensagem a ele dizendo que fui embora. Ele não responde e imagino que esteja curtindo o resto da noite dele! Essa sem dúvidas foi a melhor noite de toda a minha vida. Seu sorriso não sai de minha cabeça, e então penso no poema de Augusto Branco. ''A Garota mais bonita que eu conheço A garota mais bonita que eu conheço não é nenhuma miss, nem engata tantos olhares quando passa por aí A garota mais bonita que eu conheço nem acha que é bonita. Acha graça e não acredita quando eu a digo assim A garota mais bonita que eu conheço não faz nada para parecer bonita Não faz boa maquiagem, não usa joias ou roupas da moda, não vai pra academia nem tem belo manequim A garota mais bonita que eu conheço simplesmente sorri, e, quando sorri, ela é a garota mais linda do mundo!'' - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -   Não Sou Digno de um Anjo Tão Doce como TuBom dia, anjo querido, beijo-te muito. Pensei em ti durante todo o caminho. Acabo de chegar. Sinto-me cansado e instalei-me para te escrever. Acabam de trazer-me chá, e água para me lavar, mas no intervalo escrevo-te umas linhas. (…) Na sala de espera da estação andei de lá para cá a pensar em ti e dizia comigo: mas porque deixei eu a minha Anuska? Recordava tudo, até ao mais ínfimo escaninho da tua alma e do teu coração. Desde que casámos que descobri não ser digno de um anjo tão doce, tão belo, tão puro como tu – e que crê em mim. Como pude eu deixar-te? Para onde vou? Porquê? Deus confiou-te a mim para que nenhuma das riquezas da tua alma se perdesse – pelo contrário, para que tudo se desenvolva e floresça rica e esplendorosamente. Deus entregou-te a mim para que, por ti, eu resgate os meus enormes pecados, ao apresentar-te a Ele amadurecida, conservada, salva de tudo o que é baixo e ofende o espírito. E eu (…) eu o que faço é perturbar-te com coisas tão estúpidas como a minha viagem a este lugar. ( Fiodor Dostoievski, em Carta a Anna Grigórievna Snítkina (1867). )
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