Lelo narrando
capítulo 05
- Ae, Tatinha… tá gostosa hein, lindona… pá c*****o. Já cheguei largando o sorriso safado, daquele que eu sei que ela lembra bem. - Satisfação trombar tu aqui pelas alamedas, po. Feliz Natal pra tu . aproveitei o momento pra chegar mais perto e da um confere no perfume que eu lembrava bem gostoso marcando , daqueles que gruda quando encosta . Ela virou o rosto de lado, tentando segurar a graça, mas eu conheço esse olhar desde outros carnavais. A bicha finge que eu não sou nada pra ela , mas sempre gostou de um elogio meu, desses que vem carregado de malícia e segundas intenções. Dei dois passos pra esquerda, chegando mais pra perto dela .
- Feliz Natal.
- Tá se escondendo de quem, hein? falei rindo. - De mim? Ou da vida boa que tu merece viver, c*****o?Ela rolou os olhos, cruzou os braços, a postura toda de “não tô nem aí”. Mas eu sei quando a mulher tá tentando manter pose. Cheguei mais perto, baixei a voz, botei o papo que eu sabia que ia mexer com ela.-Seguinte… o bagulho é simples. Tu e tua amiga cola pro camarote.
Ela arqueou a sobrancelha, já desconfiada a amiga não parava de dançar.
- Camarote pra quê, Lelo? Tá achando que eu sou quem? Eu ri, língua passando pelos dentes, aquela marra tranquila de quem conhece o próprio charme.
- Nada demais não, princesa… só que o patrão ta de olho na tua amiga. E quando ele bota um bagulho na cabeça… estalei os dedos no ar . - Ele não desiste, não. Ela franziu o cenho, meio curiosa, meio com medo.
- E se a gente for? ela rebateu, toda cheia de si.
- Tu? dei uma risadinha baixa, encarando ela de cima a baixo, apreciando cada detalhe que ela fazia questão de exibir. - Tu vai porque eu quero tu lá. A verdade, nua e crua.- E porque nós dois, Tatinha. aproximei mais, voz arrastada no ouvido dela . - A gente sempre rende história boa quando se tromba. Ela ficou quieta. E silêncio nela é sinal de que eu tô ganhando.- Então… botei as mãos no bolso da bermuda, inclinando o corpo pra trás . - Bora ou vai ficar de graçinha perdendo oportunidade? O som do baile batia no fundo, o movimento aumentando, a energia subindo… e eu sabia que mais trinta segundos olhando pra minha cara, ela ia ceder. Porque eu, modéstia à parte, sei conduzir muito bem.
- Fala tu, gostosa. finalizei. - Vai subir pro camarote comigo ou vai ficar aí bancando difícil pra ninguém?
Ela mordeu o lábio pensativa , de um jeitinho ceduzente que p***a minha boca encheu d'água , essa mina e perigo papo reto , ela me olhava de um jeito que só ela sabe fazer quando tá decidindo se vai me dar trabalho ou se vai facilitar minha vida. Mas ao invés de responder, ela virou pro lado, inclinou o corpo no ouvido da amiga loira. Chegou bem pertinho, cabelo caindo pelo ombro, mão segurando a cintura da amiga enquanto sussurrava alguma coisa.
A loira, que até então tava só dançando, empinando a b***a pro som, parou. Olhou direto pra Tatinha, depois pra mim… e então negou com a cabeça. Uma negativa lenta, teimosa pra c*****o , como quem diz “nem fodendo que eu vou”. E eu entendi o motivo na hora ,mermo com o som alto , eu consegui ler os lábios dela . Ela deu uma encarada no patrão, de um jeito firme , sem baixar a guarda tá ligado ? aí eu já vi essas minas hoje ia dificulta o bagulho.
O mais surpreendente era o meio da pista, o Thor que nunca foi de tá aqui no meio do povo. Já tava sem camisa, o pente alongado a corrente brilhando . De olho na loira mermo trocando ideia com um cria.
Ele não tirava o olho da loira nem por um segundo. Parecia até que o baile inteiro tinha desaparecido pro cara. Ele falava com o cria, mas o olhar cravado nela. Eu dei uma risadinha de canto, porque conheço ele de anos p***a e na moral vê ele aqui assim e sinal de que ela chamou atenção dele legal e ele não ia aceitar ser rejeitado por ela.
Tatinha falou mais alguma coisa e a loira balançou a cabeça de novo, mais firme, como se ja tivesse irritada , cara de marrenta po . Só que eu não sou cria novo pra aceitar patada fácil. Encostei de leve no ombro dela, sem agressividade, só pra ela virar o rosto pro lado certo o meu.
- Calma aí, loira … falei no respeito, com tom que impõe sem precisar levantar a voz. - Tô aqui dando o papo suave desde o início, né? Ninguém tá te chamando pra nada errado, não. Só um curti no camarote po , lá e mais tranquilo , visão melhor, drink gelado… e sem esse monte de gente esbarrando em tu pegou a visão? Custa nada cara , patrão ta fazendo as honras até porque eu nunca te vi por aqui , e ele também não po , nada melhor do que curti de cantinho po , sem neurose . Ela respirou fundo, mas o olhar dela continuava duro. O tipo de olhar de mina que já enfrentou coisa demais pra tremer com homem. Mas mesmo assim… dava pra sacar que ela não entendia o jogo que tava rolando.
- Valeu pelo convite cara mas tô de boa aqui .
- Olha só… cheguei mais perto, deixando a postura reta, porque agora era papo sério. -Eu te entendo. Tu não quer ir? De boa. Mas eu preciso te falar a real o patrão botou o olho em tu. E quando ele mira…Desviei o olhar dela pro Thor ele fez um joinha , tava naqueles pique vários paga p*u vindo troca ideia com ele , cumprimenta e p***a pega a visão ele e o rei da favela que ninguém ousa contrariar e essa loira que não tem nem tamanho de gente po ta pagando pra testar ele . Ele ria da conversa com o cria, mas o olhar… o olhar tava fincado nela como mira laser.… - Ele não costuma receber “não”, Loira . completei, voltando a encarar ela. -Tu tá achando que é gracinha? Que é só uma olhada? Não é, não. Ele já desceu aqui na pista pra fazer o convite , e ele nunca desce. Nunca. E tu chamou atenção dele. Tu tem noção do que é isso?Ela engoliu seco. E foi ai que eu senti a virada.
- De verdade , eu só vim com a tatinha na intenção de curti , quero nada não, não leva a m*l .
- Amiga no camarote e legal da pra curti melhor, você precisa ver. Tatinha insistiu com sorriso no rosto cara de travessa.
-Eu tô te falando no respeito, de coração, Vai fazer essa desfeita pro dono da festa ? Se tu quiser continuar tua noite tranquila, sem dor de cabeça, sem homem te cercando, sem ninguém puxar tu pelo braço… aceita o convite po . É só subir, beber, curtir. Ninguém vai te tocar se tu não quiser, ninguém vai te apressar. Só presença. Ela abriu a boca pra retrucar, mas eu levantei a mão, calmo.- Eu sei o patrão que eu tenho. minha voz ficou pesada, verdadeira. - Sei quando ele tá na vibe de “pegar” e quando ele tá na vibe de “tomar”. E hoje… se tu continuar aí na pista dando mole , ele vai vim. E não vai vir conversando bonito igual ele chegou aqui não. O som bateu mais forte. - Então pensa com carinho. dei um passo pra trás, abrindo espaço. - Tu sobe comigo, suave, na paz… ou tu fica aqui arriscando virar alvo de um cara que não entende a palavra “não”.
Fiquei olhando ela decidir.O baile não era lugar seguro pra quem chamava a atenção de um homem como Thor. - E aí, princesas … finalizei, voz baixa. - Vem comigo… ou tu vai apostar contra tua própria sorte? uma olhou pra outra como se tivesse decidindo pelo olhar.
Vamboraaaaa meus amores .... Adicionem na biblioteca pra ajudar a autora