Capítulo 2

2202 Palavras
***Dominique*** - Mais essa agora! – gargalho vendo mais uma foto do safado do Enrico. Pelo menos dessa vez ele está usando uma camisa, mas mostra as coxas torneadas dele emolduradas apenas por uma sunga... branca... obviamente ele usaria uma sunga branca. Enrico Ferraro, um engenheiro gostoso, safado e promiscuo. Ele pensa que me engana, mas eu conheço bem esse tipinho, carinha de nerd, papinho mole, carinhoso, atencioso, te conquista, te convence, você cai, se deixa levar, fica apaixonadinha, depois você entra com a bun.da e ele com o pé, ele some e te deixa a ver navios jurando que nunca mais vai se recuperar. Suspiro com o pensamento de imaginar ele na minha cama. Tudo bem, eu sou vacinada contra cafajeste, mas isso não quer dizer que eu não possa me divertir com eles. Viver longe do Brasil tem dois lados, me encontrei profissionalmente, tenho uma carreira de sucesso e sou bem recompensada por isso, meus pais, apesar de separados, investiram muito em mim, e hoje caminho com as minhas próprias pernas, sobra dinheiro para fazer um pé de meia e ainda posso mimar minha irmã mais nova por parte de pai. Moro em Hobart, capital da Tasmânia, trabalho numa multinacional que presta serviço de TI para várias empresas mundo a fora, atualmente eu gerencio uma equipe de seis homens e uma mulher, Nataly, meu braço direito e companheira de rolê. O lado ruiim é a saudade, saudades da minha família e principalmente de Analiz, minha melhor amiga desde o colégio, ela trabalha como engenheira e tá numa ilha construindo um resort, lá ela conheceu Thomaz, me pediu para fazer uma investigação sobre ele, e descobri seu irmão caçula que é o deliciosamente canalha do Enrico. Há mais ou menos dois meses, ele me stalkeou pelas redes e desde então, cada dia que passa nos falamos mais e mais e mais, trocamos fotos e mensagens, chamadas de vídeo, e apesar da diferença de quatorze horas de fuso horário, dividimos nossas rotinas um com o outro, é aquele romancezinho adolescente que dá borboletas no estomago e ansiedade boa, não acredito que isso tenha futuro, até porque ele trabalha muito e eu também, fica difícil encaixar nossas agendas, embora eu tenha planos de levar isso só até o casamento da Analiz, que pelo que parece, não vai demorar tanto assim para acontecer, alguns meses pelo menos terei para me divertir com o nerd stalker gostoso. Estava sentada numa dessas banquetas altas em um pub localizado no centro da cidade esperando a Nataly voltar do banheiro, posicionei meu drink de Hipocampo com morango a minha frente, estrategicamente na direção das minhas coxas expostas pela minissaia de paetê preto que estou usando, mando para o Enrico sem nenhuma legenda. - Seduzindo o nerdzinho? – Nataly pergunta passando por trás de mim e se sentando ao meu lado. - Talvez – tomo um gole do meu drink – hoje é sábado, ele deve estar na praia procurando a sua próxima vítima – sorrio colocando meu copo em cima do balcão. - E você aí, perdendo seu tempo pensando nele – ela faz uma careta. - Claro que não, Nataly, até parece que não me conhece! Eu só gosto desse jogo de sedução. - Sei! Só não me vem suspirar por ele depois que estiver apaixonada – ela bebe seu drink. - Não existe a menor chance de isso acontecer, ele está do outro lado do oceano, cheio dos contatinhos, eu sou só um passatempo, assim como ele é pra mim – ouço uma notificação no celular, abro e vejo que é mensagem de Ethan, o meu contatinho australiano – viu, e eu não vou deixar os meus por causa dele – viro o aparelho pra ela que sorri. - Tá certa! – ela ri – como já sei que perdi minha amiga pelo resto do final de semana, vou me retirar – Nataly pega a bolsa, beija meu rosto se despedindo. - Até segunda amiga, vou pra casa esperar meu jogador de rugby para esticar a noite – sorrio terminando meu drink. Os homens daqui são bem diferentes dos brasileiros, são mais contidos e não tem o hábito de chegar, essa é outra coisa que sinto falta, nas baladas do Brasil você enche a cara, olha uma ou duas vezes para o alvo e daqui a pouco ele vem puxar papo, dançar ou até roubar um beijo, eles são bem mais atirados, não que a timidez dos bonitões daqui me atrapalhe, não tenho problemas em flertar com os que são interessantes, o Ethan mesmo, ele é amigo de um amigo do Harry, que é um dos integrantes da minha equipe, nos conhecemos em uma festinha privada, trocamos alguns olhares, começamos a conversar, e acabamos ficando, ele é jogador de rugby e me pediu que desenvolvesse um software para facilitar o gerenciamento da vinícola dos pais dele, como eu faço uns serviços de freelancer as vezes, não tive problemas em fazer isso, e essa ligação minimamente profissional, faz com que a gente se encontre mais do que só casualmente. Cheguei em casa, tirei os saltos, coloquei umas bebidinhas que gostamos pra gelar, preparei uns petiscos e me sentei no sofá para esperar, a mensagem de Ethan dizia que ele só chegaria em meia hora, olhei o relógio, marcava uma e quarenta da manhã, no Brasil deveria ser quase quatro da tarde, resolvi perturbar o nerd que respondeu minha foto só um emoji babando, o chamo em uma chamada de vídeo, ele atende no quinto toque com cara de sono. - Dormindo a essa hora, gostosinho? Te cansaram tanto assim? – pergunto rindo. - Oi, gata – ele passa a mão sobre os olhos e leva até o cabelo bagunçando-os – tive uma semana puxada e balada de ontem durou até hoje de manhã – sorri. - Balada? Sei – faço cara de desconfiada. - E porque está em casa a essa hora – ele parece me analisar – maquiada e com esse decote? - Hmmn, cansei, vim dormir mais cedo – me ajeito no sofá, jogando a cabeça para trás, fazendo com que meus cabelos caiam sobre o encosto de braço. - Dormir? Tá bom, você não tá em casa vestida assim para dormir – Enrico se ajeita sentando na cama – aposto que está esperando alguém – coloca o celular no colo, pega uma garrafa de água bebendo metade de uma vez. - E você, se preparando para alguém – faço uma careta. - Com ciúmes, Dominique? – pergunta com aquela cara de cafajeste arqueando uma sobrancelha. - Eu? Com ciúmes de você? – mexo no cabelo enquanto seus olhos estão fixos em mim – esquece – mordo o lábio e sorrio de forma sexy. - Sabe, princesa – fala devagar se ajeitando novamente mostrando um pedaço da sua cueca branca. - Você só usa boxers brancas, Enrico? – levanto a cabeça analisando seu corpo. - A maioria delas sim, outras são pretas ou cinzas, mas posso começar a usar vermelho, azul, verde e até rosa se você preferir... - Não! – o interrompo – eu gosto das brancas – ele ri. - Como eu ia dizendo – sorri – é interessante que esteja arrumada assim para encontrar alguém – abaixa mais o celular deixando a mostra mais sua barriga tanquinho e discretamente o volume marcado, coloca uma das mãos na borda da cueca – mas queria te dizer que, o quer que ele faça com você, não chega nem perto do que eu te farei sentir em três semanas. - Três semanas? O que quis dizer com em três semanas, Enrico? – me sento no sofá rapidamente o encarando, ele gargalha. - Em três semanas, por volta de quatro da tarde em horário local, eu desembarco no aeroporto internacional de Hobart – ele sorri voltando a deitar. - É sério que você vai viajar quase oito mil milhas pra me encontrar, Enrico Ferraro? – pergunto sorrindo. - Na verdade tô indo só para experimentar aquele drink que me mandou mais cedo e correr no Jardim Botânico – fala irônico. - Você é maluco, garoto – respondo animada com sorriso bobo no rosto – fica quanto tempo? - Eu nem fui e já quer me mandar de volta? – ele ri. - Não é isso, mané, eu tenho uns dias para tirar, e posso fazer home office, só quero me organizar. - Tenho quatro dias e meio – sorri – o hotel aqui ainda não está pronto, então eu só consegui alguns dias, considerando que são mais de vinte horas de voo e conexões até chegar aí e ainda terei que trabalhar remotamente, não é muito, mas acredito que dê pra gente programar alguma coisa. - Claro que dá! Vou te levar no museu, no Jardim Botânico, no lago Saint Clair, podemos passear no Gorge e fazer piquenique no deserto do Monte Wellington, se quiser podemos até fazer rapel por lá! – Disse animada fazendo mil e um planos na minha cabeça. - Podemos, mas um tour na sua cama já é suficiente pra mim – ri sacana – tô brincando, na verdade, não estou, mas vou gostar de fazer tudo isso com você, lindona. Ter o Enrico aqui por uns dias vai ser maravilhoso! A distância do Brasil dificulta bastante para que eu receba visitas, meus pais vieram uma ou duas vezes cada um, eu já fui mais para lá do que eles estiveram aqui, e o fato de ter alguém para mostrar as maravilhas desse lugar é ótimo! Tá Dominique, a sua aguardada visita é o mesmo cara que fica te mandando fotos seminu e faz promessas sexuais ousadas, sei que ele vai continuar sendo aguardado, mas é excitante poder passear com alguém que não sejam meus amigos que já estão cansados de conhecer tudo isso que tem por aqui! Ok, é excitante no outro sentido também! Aaaaaah que ótimo, quero ver se ele é tudo isso mesmo que fala! É, mas ele não precisa saber que estou tão empolgada com a sua vinda pra cá! Contenha-se Dominique, esteja feliz, mas não precisa demonstrar tanto! - Beleza, vou organizar nosso tour turístico – sorrio disfarçando o turbilhão de ideias em minha cabeça. - Ótimo – ele se vira na cama – você tem uns dias para planejar o que quiser fazer – sorri. Escuto a campainha e vejo que já passou mais de meia hora. - Acho que tem alguém na sua porta – ele sorri – vou desligar para você receber sua companhia de hoje, mas é por pouco tempo, em três semanas não lembrará mais de nenhum deles – ri sacana. Sorrio timidamente, tentando não demonstrar o quanto ele me deixou excitada com mais essa promessa. - Não faça promessas que não pode cumprir, Enrico – provoco. - Vou deixar que tire suas próprias conclusões em algumas semanas, Dominique – a campainha toca de novo – vai lá, não o deixe esperando, mas saiba que nada que ele faça vai te fazer esquecer de mim – pisca – tenha uma boa noite, gostosa. - Boa noite, bonitão – é só o que eu consigo responder para esse cafajeste. Jogo meu corpo no sofá de novo olhando o teto imaginando o quanto vai ser bom tê-lo por aqui, quero levá-lo em um milhão de lugares, mas se ele cumprir com metade da safadeza que promete, vou querer me aproveitar muito daquele corpinho sarado que ele exibe. A campainha toca mais uma vez me tirando dos meus pensamentos. - Droga – digo baixo me levantando – até esqueci do Ethan, e ele podia ter esquecido de vir também – paro alguns segundos – porrå Dominique, não se deixe levar pela praga que Enrico jogou. Solto o ar com força e abro a porta com o melhor sorriso forçado que consigo. - Oi! – Digo dando espaço para que entre. - Oi Dom, você demorou – Ethan beija meu rosto – estava ocupada? – pergunta entrando. - Estava no quarto mandando mensagem para uma amiga. - Hmn, trouxe vinho pra gente – ele me entrega uma garrafa. - Ótimo, adoro esse vinho – pego caminhando para a cozinha – separei algumas coisinhas pra gente comer – o vejo vir atrás de mim. - Beleza, podemos assistir alguma coisa, o que acha? - Pode ser, pode colocar na TV enquanto levo as coisas? – pergunto. - Posso – ele pega os copos que deixei separado em cima da bancada e volta pra sala. Acredito que o que define minha relação com o Ethan é amizade colorida, ele é um cara legal, divertido e boa companhia, quando não está na concentração do time ou com a sua família, nos encontramos, as vezes ele dorme aqui, já dormi algumas vezes na sua casa, até já fomos a eventos juntos, alguns da vinícola inclusive, mas não passa disso, não rotulamos nosso relacionamento, é uma convivência leve e agradável, sem cobrança. Assistimos um filme, comemos um pouco, tomamos vinho, trocamos alguns beijos e nada mais, o filho da putta do Enrico realmente não saía da minha cabeça! Ethan ficou até tarde comigo, mas preferiu ir embora, acho que até ele percebeu que minha cabeça não estava cem por cento ali.
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR