Capítulo 2

2022 Palavras
Naquela mesma noite: — Uau, ela com certeza sabe como virar um copo. — Jena você não está bebendo um pouco demais? — Lis perguntou. — EU ESTOU BEM — falei gritando, o barulho da música era muito alto, eu m*l conseguia escutar minha própria voz. Continuei bebendo e dançando, até que as pessoas começaram a ir dançar no meio da pista de dança, instintivamente eu peguei a mão de Yan e o puxei para dançar comigo, para falar a verdade eu não sabia dizer quem estava realmente comigo, mas nós dançamos ali juntos, depois de um tempo eu segurei a sua nuca e puxei ele para perto de mim. — Eu quero te beijar — falei baixo em seu ouvido para que só ele ouvisse porém alto o suficiente para que minha voz não fosse abafada pelo som. Quando ele afastou um pouco nossos rostos ficaram quase colados, eu me aproximei apenas o suficiente e deixei que ele vinhesse me beijar, encarei sua boca enquanto ele ainda me olhava e em seguida nossos lábios se uniram, seu beijo era doce e ardente ao mesmo tempo, ele com certeza tinha uma pastilha na língua, para alguém que estava bebendo o seu hálito era muito refrescante, o sabor se misturou com a bebida que eu estava tomando anteriormente e logo o beijo se tornou ainda mais indecente, ele segurou meu pulso e me puxou para si enquanto minha língua explorava a sua boca. — Vamos sair daqui — pude deduzir, ele havia falado muito baixo e eu tive que interpretar as palavras. Sua mão segurou a minha e ele foi andando entre as pessoas até irmos novamente para o deck, a noite estava muito mais brilhante do que o costume, o mar brilhava por causa da lua, tudo ainda estava um pouco borrado para mim mas eu ainda conseguia enxergar alguns detalhes. Voltei a mim quando ele me sentou numa mesa de bar que havia por ali, sua mão subiu segurando o meu cabelo e sua outra mão segurava minha cintura, sua pegada era espetacular, eu não sabia dizer se era por que eu não ficava com ninguém a muito tempo mas eu não me lembro desse tipo de pegada ser muito comum, ele nem estava passando dos limites como pegar na coxa nem estava sendo sensível demais, ele era o ideal. Para o meu azar eu pude ouvir a voz de Lis me chamando. — Jena! — ela gritava entre as pessoas até ver onde eu estava. Parei de beijar o Yan e olhei para ela que assim que me viu correu em minha direção. — Vamos embora, um dos meninos passou m*l, temos que voltar! Eu olhei para trás. — Mas e o Yan? — Ele vai nos encontrar lá no dormitório. E dessa forma nós fomos embora, eu me lembro apenas de chegar no campus e me jogar em minha cama nova, eu costumo ter dificuldades de me adaptar em um lugar novo, mas nada que uma bebida forte para me apagar de vez. Eu acordei no outro dia com uma dor de cabeça infernal, era como se eu tivesse voltado cinco anos atrás quando eu era adolescente e vivia em festa. — Acorda Jena, se não vamos perder o café da manhã. Olhei o celular, eram nove horas da manhã de um sábado. — Hoje é dia de limpeza, temos que levantar e arrumar o quarto inteiro. Levantei sem a menor vontade e fui ao banheiro, eu estava com a maquiagem completamente borrada e a roupa toda amassada, passei a mão no meu cabelo e ele estava completamente embaraçado, tomei um banho que me rejuvenesceu uns de anos e depois fui comer. — Eu estou completamente morta. — Eu falei para você não beber tanto, era para ter me escutado. Pegamos o nosso café da manhã e nos sentamos na mesa de sempre. — Eu já estava bêbada quando você falou isso, gênia. — Não precisava extrapolar desse jeito também, mas você não foi a única, Rafael passou muito m*l e o Yan teve que levar ele para a casa de um amigo. — Por falar em Yan, você viu quem eu estava beijando? Eu nem acredito nisso. — O quê? Você não estava beijando o Yan — ela falou afirmando com toda certeza e imediatamente um frio me percorreu pela espinha. — Como assim não era ele? — JENA! EU NÃO ACREDITO NISSO! — ela falou gritando — Cala a boca! — eu falei sussurrando. — Como assim você não sabe quem beijou? — Olha, eu estava muito bêbada, eu achei que eu tinha beijado o Yan, não foi? Eu lembro de ter puxado ele pra dançar. — Sim, você estava dançando com o Yan, mas quando eu te vi você estava com outra pessoa? — Com outra pessoa? — naquele momento eu tive uma má impressão, como algo definitivamente tinha dado errado mesmo sem que eu soubesse com quem eu havia ficado, eu queria acreditar que tivesse sido com qualquer pessoa, mas a minha intuição dizia outra coisa — Você sabe com quem eu fiquei? — Eu sei dizer quem era se eu ver, mas o nome dele eu não sei, ele deve ser algum veterano. Terminamos de comer e eu fui comprar um remédio para enxaqueca, por sorte tudo era muito perto, a farmácia era apenas uma rua depois, quando eu estava voltando para o dormitório vi uma silhueta que eu reconhecia muito bem, seus olhos se encontraram com os meus e nos encaramos por alguns segundos, continuei seguindo meu caminho como se nada tivesse acontecido, esperava que ele não me reconhecesse, faziam muitos anos que nós não nos víamos. O nome daquele homem era Tiago e ele havia sido o meu primeiro namorado, como quase todo primeiro namoro aquele também chegou ao fim, sinceramente ele também estava diferente, ele escondia muito mais a sua beleza antigamente, com ele eu tive todas as minhas primeiras experiências, além disso ele que me apresentou ao mundo do b**m, nós misturamos o nosso relacionamento com a nossa prática de submissão e dominação, esse foi o nosso maior erro, só de pensar nisso eu me arrepio. Balancei a cabeça para afastar aqueles pensamentos e continuei meu caminho, suspirei de alívio quando finalmente cheguei ao dormitório feminino, eu continuaria o evitando se assim pudesse continuar, ele não tinha motivo nenhum para falar comigo e eu não tinha nenhum motivo para falar com ele. Passei o sábado ocupada arrumando o quarto junto com a Lis, no final do dia ainda saímos para jantar e relaxar um pouco, nós tínhamos saído com os meninos. — Eu só tenho certeza de uma coisa na minha vida — Rafael falou. — Que todos nós vamos morrer um dia? — eu falei e todos ficaram em silêncio me encarando — Não entendi vocês me olhando, por acaso eu falei alguma mentira? — Não, mas não precisava falar desse jeito também, quase entrei em desespero agora — Lis respondeu. — Enfim, nunca mais eu misturo bebidas. — E eu nunca mais bebo daquele jeito — completei a sua fala. Notei que Yan havia olhado para mim assim que eu falei, ele sorriu e desviou o olhar, será que ele estava a fim de mim? Com certeza eu amaria ficar com ele, se tivesse sido ele quem eu beijei na festa de ontem… Chegamos ao restaurante, lá eles serviam comidas orientais, fomos por recomendação dos gêmeos, o que me surpreendeu foi o fato de que onde quer que estivéssemos sempre teriam pessoas da nossa faculdade, parecia até que todos os habitantes da cidade eram universitários. Nos sentamos em uma mesa e começamos a conversar enquanto esperávamos o nosso pedido. — Boa noite, o que vão pedir? — chegou o garçom, sua voz fez meu corpo arrepiar completamente, olhei em seu rosto e ele fez o mesmo. Todos da mesa pareciam estar em silêncio enquanto nos encaramos. — Vocês se conhecem? — o Rafael perguntou. Saímos do nosso transe e desviamos o olhar um do outro. — Não — eu respondi. — O que vão pedir? — ele repetiu. Todos então falaram algum item do cardápio, até que chegou a minha vez de pedir. — Eu quero isso — falei tentando parecer o mais natural possível. Quando ele finalmente deu as costas e saiu todos começaram a me encarar. — O que foi? — perguntei. — O que foi? — Rafael repetiu — Só eu senti essa tensão? — Quem é ele? — Yan perguntou. — Eu achei que você não se lembrava dele, mas pelo jeito que vocês se encararam… — Como você sabe quem é ele? — perguntei. Eu não era amiga de longa data da Lis, não tinha como ela saber quem ele era. — Por que eu vi vocês dois ficando na festa? — O quê? — eu quase gritei. Eu não estava querendo acreditar no que eu havia acabado de ouvir. — Você está bem? — Lis perguntou. Eu puxei seu braço e levei ela até o lado de fora do restaurante. — Amiga, aquele é Tiago, ele foi o meu primeiro namorado. — Sério? Eu não acredito! O que aconteceu? — Olha, é uma longa história. — Você quer ir embora? — Nada disso, nós acabamos de fazer os nossos pedidos, não vamos embora. — Tem certeza? — eu acenei com a cabeça e segurei a sua mão, em seguida entramos juntas novamente no restaurante. Os meninos pareciam apreensivos mas não perguntaram nada quando a gente voltou, conversamos até a nossa comida chegar, quando Tiago chegou eu senti meu coração bater mais rápido até o momento que ele foi embora. — Desculpa, mas ele é muito bonito, se ele tirasse o óculos… — Lis falou baixinho no meu ouvido. Eu instintivamente dei uma espiadinha, mas para o meu azar ele olhou na nossa direção bem na hora, rapidamente eu virei a cabeça para o meu prato e comecei a comer. No final eu havia comido tão rápido que comecei a me sentir m*l do estômago. — Eu falei que era melhor irmos embora… — Desculpa, eu acho que comi rápido demais. Tiago chegou naquele exato momento para pagarmos a conta. — Passem nesse cartão meninos, nós temos que ir, vou comprar um remédio para ele. — Jenna está bem? — ele se aproximou, seu olhar parecia preocupado comigo. — Estou bem, volte ao trabalho — eu falei resistindo à dor. Fomos embora só eu e Lis, ela me sentou na pracinha que havia ali na frente e foi na farmácia buscar algum remédio. Colei minha nuca no banco e fiquei olhando para o céu noturno enquanto esperava Lis chegar, de repente, um rosto aparece. — Tiago? — Você está muito branca. — Eu sou muito branca. — Está mais que o normal, cadê a sua amiga? — Foi comprar o remédio, onde estão Yan e Rafael? — Eu não sei, eles pagaram a conta e foram embora, acho que foram para o dormitório — ele falou enquanto tirava seu sobretudo e colocava por cima de mim — Não acha que está muito frio para sair vestida assim. — Não me encha o saco, por favor, eu estou muito m*l para isso. — Jenna! — Lis chegou quase correndo com o remédio. — O que você comprou? — Tiago perguntou. — Eu só pedi um remédio para dor de estômago. — É mas ela é alérgica a quase tudo no mundo — ele pegou o remédio e começou a ler a bula — Esse não parece ter nada que ela seja alérgica. Eu estava cansada e com frio pelo corpo, aquela dor estava quase insuportável. Tomei o remédio e os dois me levaram para o dormitório feminino, Tiago não poderia entrar então Lis me ajudou a subir para o nosso quarto, quando chegamos ela me colocou na cama e eu só conseguia gemer de dor. — Acha que vai conseguir dormir hoje? — Espero que sim. Depois de algum tempo a dor começou a passar lentamente, depois de algumas horas eu tomei o remédio novamente e finalmente consegui dormir em algum momento da madrugada.
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