Capítulo 4

1809 Palavras
Maya Albuquerque Partimos com Lucas na garupa da minha moto, e a tensão entre nós é palpável. Sinto o peso de seu corpo e o queixo encostando no meu ombro, mas o que realmente me chama atenção é a rigidez inconfundível do seu m****o. Que piada! Esse i*****l m*l pode se controlar ao estar perto de uma mulher. Será que é um dos comparsas do desgraçado que eu tanto odeio? Não importa. Pouparei esforços para derrubá-lo. Sei que ele está vivo, se escondendo como o rato que é, e eu o encontrarei. Ele não tem para onde fugir. Enquanto ele está em algum canto, talvez rodeado de família, a minha foi destroçada pela sua ganância e covardia. A dor da perda é insuportável, mas a sede de vingança a supera. Cada rosto que vi naquele dia, cada cúmplice, vai pagar. Só então estarei livre dessa prisão que é a minha mente. Se Lucas for realmente um parente dele, então o destino — ou talvez o d***o — está me dando a oportunidade perfeita para a retaliação. Mas, sinceramente? Que se dane quem está me ajudando. Só quero sangue. Ao chegarmos, desço da moto e Lucas vem direto até mim, me pegando de surpresa com um beijo. Retribuo com frieza, forçando-me a suportar o contato, apesar da repulsa que cresce dentro de mim. — Você é incrível. Tão deliciosa que m*l consigo me conter — ele diz, com aquele ar de macho confiante. — Nunca me senti assim antes, mesmo com todas as opções que tenho. Que ridículo. — Bom saber que estou te agradando. Eu também acho você bem... atraente — minto descaradamente, enquanto forço um sorriso. Lucas não é de se jogar fora. Alto, esguio, pele n***a que brilha sob a luz da noite, e olhos que transbordam charme. Mas nada disso me afeta. Para mim, ele é apenas mais uma peça no meu jogo. Um peão. E logo será descartado. Se for mesmo parente do homem que estou caçando, talvez até precise acabar com ele antes. Eliminar a família é uma ideia que sempre esteve no meu plano. Quando você cresce com ódio, com sede de vingança, essas coisas passam a ser a única verdade que te resta. Mas, no fundo da minha mente, a imagem da minha tia surge. Quando minha missão acabar, o que sobrará de mim? Espero que ela tenha alguém, porque, quando o fim chegar, eu não estarei mais aqui. Não posso estar. — E aí, gata? Vamos t*****r aqui mesmo, ou você prefere algo mais reservado? — Lucas interrompe meus pensamentos com uma proposta nojenta. Eu poderia acabar com ele aqui e agora. — Vamos entrar — digo, segurando a irritação. — Tenho outros planos para você. E não envolvem sexo, desculpa te desapontar. Ele é incapaz de captar a frieza nas minhas palavras. Típico. Assim que estamos dentro, ele vem para cima de mim de forma agressiva, tentando arrancar minha blusa. Peço para ele parar, mas o i*****l não ouve. Seu toque se torna violento, apertando meus braços com uma força desnecessária. Ele está prestes a cruzar uma linha perigosa. Minha paciência se esgota. Acertei seu rosto com um golpe forte, e por um segundo ele fica atordoado. Mas então, para minha surpresa, ele saca uma arma, apontando-a diretamente para mim. — Você deve estar louca, vagabunda! Vai se arrepender de ter me tocado — ele rosna, com raiva nos olhos. Que piada. — Sério mesmo, Lucas? — dou um sorriso cínico. — Você é tão fraco que precisa de uma arma para lidar com uma mulher? Ele ignora e mantém a arma firme, achando que me intimida. Ele não tem ideia de quem eu sou. Num movimento rápido, desarmo-o, e agora sou eu quem segura o revólver, mirando bem entre seus olhos. O medo finalmente toma conta dele, e o o****o se cala. — Agora vamos ver quem se arrepende primeiro. — Você é surdo ou apenas burro? Eu falei para abaixar essa maldita arma! — minha voz ecoa firme, mesmo com o coração pulsando feito uma bomba-relógio. — Se você não gostou de levar um soco na cara, é bom sair daqui AGORA, antes que eu faça algo do qual você não vai voltar pra contar. O homem à minha frente ri. Um riso seco, carregado de ódio e desprezo. Ele está sangrando, mas age como se nada o atingisse. O olhar de psicopata está fixo em mim, como se quisesse me devorar. — Como diabos você conseguiu tirar a arma da minha mão... sem que eu percebesse? — Ele passa a língua pelos lábios, como um animal encurralado que ainda acredita que pode atacar. Ignoro a pergunta. Não vou dar a ele a satisfação de uma resposta. Estou muito perto do limite, a adrenalina queimando em minhas veias. Sinto o peso da arma em minhas mãos, fria, letal. Eu a apontei para ele sem hesitar. A verdade é que, nesse exato momento, a única coisa que me traz paz é a ideia de pôr um fim nisso de uma vez. De vez em quando, parece que a violência é a única linguagem que esse tipo de homem entende. — Saia. Agora. — minha voz é baixa, quase um sussurro, mas cortante como uma lâmina. — Desapareça da minha frente antes que eu decida não ser tão generosa. Não estou a fim de te machucar mais... ou pior, t*****r com você. Então, faça a escolha certa ou vai acabar enterrado. Ele hesita por um segundo, surpreso. Talvez nunca tenha ouvido uma mulher falar com ele desse jeito. É o tipo de homem que gosta de se aproveitar, que busca prazer na dor e no medo dos outros. Ele é grande, muito maior do que eu, e está acostumado a impor a própria força. Mas hoje não. Se eu fosse outra pessoa, talvez estivesse apavorada. Talvez já tivesse corrido, gritando por ajuda, ou simplesmente aceitado o destino. Mas eu não sou qualquer uma, e ele vai aprender isso do jeito mais difícil. — Não posso deixar que ele escape — murmuro para mim mesma, o olhar fixo nele enquanto ele finalmente dá um passo para trás. Aquele verme já fez m*l a muitas mulheres, e sei que, se não agir agora, ele continuará. Ele é um estuprador, um monstro. E monstros merecem ser caçados. Talvez, de certa forma, eu também seja um, mas pelo menos meus monstros não se alimentam de inocentes. — Ele fugiu outra vez, chefe. A voz do meu parceiro ecoa na minha cabeça, uma lembrança fria e cheia de frustração. O homem sempre encontra uma forma de escapar, mas não dessa vez. — Quero ele morto. Dessa vez, sem erros. Lembro-me das conversas abafadas que eu ouvia quando era criança, quando me escondia para escutar meu pai. Ele nunca soube que eu sabia. Sabia sobre os homens que ele caçava, os mesmos que traziam terror ao nosso bairro. Mas, para esses monstros, a morte era rápida demais. A punição vinha nas sombras, lenta e dolorosa, até que eles implorassem para nunca terem nascido. Agora, eu sou a sombra. E ele... ele vai implorar. O i****a à minha frente continua falando, como se suas palavras tivessem algum peso. Ele deveria ter ido embora, mas não vai. Enquanto isso, minha mente vaga para longe, como sempre, presa ao passado que nunca me abandona. Mesmo aqui, no meio desse confronto, são as sombras antigas que me assombram, mais do que qualquer coisa que ele possa dizer. — Você quer que eu suba e desça esse morro, sozinho, sabendo que tenho inimigos em cada canto? — ele rosna, a tensão vibrando em sua voz. — Eu não tenho nada a ver com isso, cara. Dá o fora agora mesmo — minha resposta vem rápida, fria, deixando claro que ele está em território desconhecido. Ele sorri, mas o sorriso é venenoso. Um misto de provocação e desejo, como se estivesse prestes a lançar mais uma armadilha. — Podemos nos encontrar de novo, gata. Quero conhecer você mais... profundamente. Fiquei fascinado. Inacreditável. O cara está me provocando, brincando com fogo, e nem sabe o quão perto está de se queimar. A ironia da situação me faz sorrir internamente. Ele quer me "conhecer melhor" enquanto eu só penso em como poderia despedaçá-lo por tentar tirar minha blusa à força. É quase cômico. Mais um que sucumbiu ao meu jogo. Mais um que caiu na minha armadilha. Mas sua ousadia, a forma como ele tentou me tocar, deixou meu sangue fervendo. Cada vez que um homem pensa que pode controlar uma mulher, o desejo de retaliação me consome. Esses caras adoram ver uma mulher no controle, até perceberem que não são eles quem puxam as cordas. Tenho outros planos para ele. Eu vou entrar na vida desse desgraçado, me infiltrar em cada canto de sua existência até que ele nem perceba o que aconteceu. Só preciso estar preparada para quando ele tentar algo e******o, porque aí... não haverá volta. — Tudo bem, querido. — minha voz sai doce, mas o veneno está lá, disfarçado. — Já que você se encantou com minha "gentileza", vamos nos conhecer melhor, sim. Mas, da próxima vez, não tente tirar minha roupa antes da hora, entendeu, bonitão? Ele ri e se afasta, mas vejo o brilho suspeito no celular que ele esconde no bolso. Ele está passando informações, é claro. Já sei como esse jogo funciona, e ele acha que está no controle. Pobrezinho. Alguns minutos depois, um dos meus informantes me avisa que um veículo está a caminho para buscar o i****a. Permitiram a entrada do motorista porque sabem que ele estava comigo. m*l sabem eles que cada movimento dele é vigiado, cada passo monitorado. Aqui, eu sou os olhos e ouvidos. Não há como escapar sem que eu saiba. — Mais um passo em falso, e você vai ver o que é lidar comigo — murmuro, mais para mim do que para qualquer um. Estou sempre à frente. Esse jogo de gato e rato é a única coisa que mantém minha adrenalina no máximo. O perigo, a tensão, são como combustível, e eu já passei do ponto de volta. Quando os disparos começaram da última vez, eu percebi que nada aqui é por acaso. Cada decisão conta, e eu preciso ser implacável. Não posso me dar ao luxo de errar, muito menos de confiar cegamente. Qualquer fraqueza e eles vão devorar você. Agora, não é mais medo. O que corre nas minhas veias é pura excitação. Cada ameaça é uma nova oportunidade, cada erro dos outros é a minha vantagem. Não sou mais a presa, mas a caçadora. E quem estiver no meu caminho vai aprender isso da pior maneira. Então, deixe a polícia tentar. Deixe eles virem atrás de mim. Enquanto eles correm atrás do meu rastro, tudo o que conseguem fazer é correr em círculos.
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR