Capítulo 2

1343 Palavras
Helena estava em seu escritório degustando de seu flat white e croissant enquanto pensava na balconista. Laura. Ela deveria ser nova na cidade? Apesar de que Nova Youk é uma cidade enorme, mas ela nunca a tinha visto antes naquela cafeteria. E o que foi aquilo? Não entendia o que tinha acontecido, mas esperava ver a loira novamente. A loira que com poucas palavras foi capaz de lhe fazer perceber que ainda estava viva. Palavras, que sequer possuíam uma importância. Olhou para o copo descartável de café ao lado de sua bolsa na mesa e sorriu quando percebeu o desenho nele. Laura tinha feito um emoji sorrindo enquanto piscava o olho. Helena mordeu o lábio inferior ainda sorrindo. Pegou a bolsa para retirar seu crachá, mas não o encontrou em lugar nenhum e ela tinha certeza de tê-lo visto antes de sair de casa.  Bufando de raiva e frustração, ela contou de zero a dez tentando se controlar. Tentou focar na leitura de dois contratos que sua assistente deixou em sua mesa assim que chegou. Quando já estava finalizando a leitura do primeiro, alguém bateu em sua porta. — Pode entrar. — avisou e sua assistente apareceu em seu campo de visão. — Senhorita Brown, tem uma moça aqui desejando falar com a senhorita. Ela diz ter algo que lhe pertence, mas só irá entregá-lo presencialmente. — Ruth disse acanhada. Helena arqueou as sobrancelhas, quem seria? — Tudo bem. — disse por fim. Ruth se retirou e logo depois sua porta foi aberta novamente, mas não por ela e sim por outra pessoa. — Você? — A morena ficou surpresa, mas deixou escapar um sorriso sutil e quase imperceptível. — Eu — Laura respondeu e um sorriso genuíno dominou seus lábios. Helena tinha certeza que era o sorriso mais lindo que já tinha visto. A Connor andou até a mesa de Helena e parou ao lado — Tenho algo que lhe pertence. — Retirou do bolso da jaqueta que vestia o crachá da Brown. A morena quando viu o objeto se levantou e foi de encontro a Laura. — Nossa, obrigado. Você não sabe o quanto me ajudou e me poupou de uma dor de cabeça. — Helena falava enquanto segurava nas mãos de Laura. A loira estava com as bochechas vermelhas. — O que posso fazer para te compensar? — Não precisa, Senhorita Brown. — a moça disse acanhada — Só fiz o que achei ser o certo e não esperava nada em troca. — Por favor, me chame de Helena. É Laura, não é? — A morena inquiriu. — Isso. Meu nome é Laura Connor. Bom, agora tenho que ir, o trabalho me espera. — Laura começou a dar passos para trás com as mãos nos bolsos — Te vejo por aí? — Perguntou sorrindo. A morena mordeu o lábio inferior enquanto sorria antes de responder. — Se depender de mim, sim. — Quando Laura saiu, Helena continuava com o sorriso bobo nos lábios. Sentou-se na cadeira e se permitiu viajar pelos caminhos de seus pensamentos. Ela havia acabado de flertar com alguém que acabou de conhecer.  [...] Naquela noite, Stefany foi até o apartamento da irmã a fim de cumprir com o combinado. Depois de muitas pizzas, cervejas, refrigerantes e pastéis, sem falar do segundo filme que estava quase no final, Stefany revelou que estava namorando. A jovem era uma mulher alta, de cabelos ruivos e olhos castanhos. — Sério? — Incrédula, Laura perguntou, mas em seu rosto um sorriso brincava com seu lábios.  — Muito sério — A ruiva confirmou depois de tomar mais uma gole de cerveja — Eu pensei que não conseguiria me envolver tão cedo com outra pessoa, não depois dela. Você sabe como foi difícil terminar o noivado. — Laura se aproximou mais da irmã e a abraçou de lado. — Sim, Stefany, eu sei bem o quanto foi difícil para você. – Laura a manteve no abraço por um tempo. Stefany tinha uma noiva. O relacionamento delas acabou há cerca de um ano atrás. Stefany a amava, e a moça dizia sentir o mesmo, porém, em uma noite ela tocou a campainha da casa da ruiva e disse que estava tudo acabado e depois foi embora. Stefany ficou sem entender nada e chorou a noite inteira. Nos dias que se seguiram, as redes sociais de Julia não possuíam nada que provasse que um dia ela e Stefany tiveram alguma coisa. Enquanto as da moça de coração partido continuavam do mesmo jeito, cheia de fotos e momentos das duas.  Quase duas semanas depois elas voltaram, mas a Connor sabia que se prender a alguém que lhe fez sofrer e que achava ser sua dona não lhe faria bem. Pois, não demorou para Julia dizer que estava tudo terminado mais uma vez, mas daquela vez, foi Stefany que deu um basta, não era nenhum brinquedo que ela poderia descartar quando se cansasse e depois recorrer à ele de novo quando sentisse falta. No momento que Julia foi embora, Stefany levantou a cabeça, enxugou as lágrimas e ligou para irmã. — Como naquele dia, falarei novamente — Laura se abaixou na frente da irmã e olhou bem em seus olhos — Você merece ser feliz ao lado de alguém que a ame de verdade e a trate com o devido valor. Se sua namorada a trata desse jeito, então sinto-me feliz em recebê-la na nossa família. — ela falou sorrindo e depois dessas palavras, Stefany se jogou em seus braços.  O restante do filme foi esquecido por ambas, enquanto Stefany descrevia com paixão cada detalhe de sua namorada. Como Laura, ela havia chegado na cidade recentemente, poucos meses atrás. Trabalhava em uma empresa conhecida no ramo da tecnologia. Quanto mais a ruiva falava, mais Laura queria conhecer essa mulher que aos olhos e boca de Stefany, era incrível. [...] Nos dias que se seguiram, ainda na mesma semana, Helena foi mais vezes ao café e  cumprimentou a loira pelo nome. O sorriso que Laura deu quando ouviu a voz da morena atrás de si, parecia que iria rasgar seu rosto. Enquanto preparava os pedidos de Helena, Laura sempre tentava pensar em um jeito de pedir o número da morena sem parecer uma maluca. Então algo lhe veio à mente e talvez desse certo.  Helena pegou seu pedido e esperou que Laura dissesse algo, que talvez a perguntasse algo sobre ela ou até quem sabe pedisse seu número, mas isso não aconteceu. Ela sabia que não seria adequado uma mulher casada flertar com outra pessoa, ainda por cima trocar telefones com interesse maior que somente amizade. Mas há anos seu casamento passou a ser só por comodidade.  Se ela fosse sincera consigo mesma, tinha um certo medo de ter que mudar toda sua vida, sair de sua comodidade e se arriscar em um novo mundo. Porém, ela também tinha consciência que viver dessa forma não era saudável nem para ela e muito menos para Jackson. Então, mesmo com o medo do desconhecido, de se arriscar e quebrar a cara, ela queria mais tempo com Laura. Queria uma conversa decente com ela, onde pudesse conhecer a pessoa por trás daquele sorriso gentil e voz meiga. Queria a chance de experimentar mais daquelas sensações há muito esquecidas e algumas talvez nunca sentidas. Sentada em sua cadeira por trás de sua mesa, Helena se permitiu pensar em possibilidades diferentes para sua vida dali para frente. Quando ia dar a primeira mordida em seu donuts, ela viu algo que não era para estar ali, mas se sentiu extremamente feliz em encontrar. Sorriu feito uma adolescente boba ao encontrar o crush na rua. Laura havia escrito seu número no donuts por cima da cobertura. Era hora dela decidir se daria o passo que a levaria para um futuro incerto, ou iria continuar a comodidade de um presente há muito fracassado. Pensando em seu passado, seus últimos anos em um casamento fracassado, ao lado de um homem que sequer a tratava como uma mulher, Helena olhou para aquele donuts e soube o que fazer.
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