Capitulo 1 - Sem Revisão

2838 Palavras
Melinda - uma semana antes. Da sua cobertura podia ver toda Tóquio. Estava no final do congresso da empresa que sempre era feito em uma de suas filiais e a bola da vez era Tóquio. A presença de outras empresas eram sempre bem vindos é claro. Era um momento para negócios e parcerias sempre lucrativas. Conseguia circular entre todos com elegância e parcialidade. Também era conhecida como Tigresa de Jade por causa dos seus olhos verdes e de ser implacável nos negócios. Sempre conseguia o que queria. Mas olhando para aquele lugar e ter a consciência de onde chegou se sentiu vazia. Para quem ia deixar tudo aquilo? Edik Petrovich seu falecido marido tinha morrido antes de concretizarem o sonho dos dois de ter um filho. Um acidente de carro que quase matou os dois roubou-lhe o seu sonho. Tinha trinta e um anos que ia completar daqui duas semanas. Possuía uma família que a amava, mesmo não sendo de seu sangue, tinha dinheiro e poder, mas se sentia...vazia. O que ainda faltava? _ Nossa! - exclamou Sandra sua assistente entrando na minha suite - Isto tudo é para o pobre do Carter? - brincou admirando o meu vestido preto rendado quase transparente. Eu tinha amarrado meus revoltos cabelos castanhos-avermelhado num coque frouxo e sexy, ressaltando mais as minhas curvas, pouca maquiagem no rosto, mas a boca deixei vermelha como um morango maduro. Minha marca! Não era tão alta e magra, mas sabia tirar vantagem do que tinha. _ E para calar a boca da c****a da Pamela. - sorri admirando o vestido amarelo decotado da minha linda assistente morena - Você também está de parar o trânsito. Pretendente a vista? _ Quem sabe. - sorriu ela misteriosa - Chegou uma encomenda para você de New York. Veio pelo malote da empresa. - se aproximou e entregou-lhe uma caixa. Olhou surpresa a pequena caixa com interesse. Devia ser importante porque foi enviado por Luzia sua governanta. Quando abri encontrei uma carta. li e sentiu o meu coração gelar. _ Quem hoje em dia manda carta? - Sandra disse curiosa. _ Belinda. - sussurrou a franzir a testa surpresa reconhecendo a letra bem-feita. _ Belinda. - repetiu Sandra mais curiosa. _ Me deixe sozinha Sandra por favor. - pedi abrindo o envelope com todo o cuidado. _ Tudo bem. - caminhou para a porta e abriu - Estou no bar te esperando. - fechou a porta. Leu a carta com cuidado e atenção. Sentiu todo o desespero em cada linha traçada. Viu as marcas das lágrimas. A letra tremula deixava claro a sua insegurança. Se ela recorreu a mim era porque não tinha mais a ninguém para pedir ajuda. Mesmo longe tanto tempo a conexão entre elas era forte. Por isto podia sentir a sua emoção ali latente. A situação era terrível para não dizer miserável. Seu pai tinha desaparecido ou ter sido morto, ninguém sábia ao certo. A fazenda estava prestes a ser leiloada. Sua irmã caçula se metendo em confusão uma atrás da outra. Muita coisa para a pobre e meiga Belinda lidar. _ Coitado do pobre Carter. - Anton entrou na sua suite vestido o seu terno preto. Seu amigo era lindo, alto, loiro, musculoso um verdadeiro deus grego - O que aconteceu? - me perguntou vendo a minha agonia. Levantei e entreguei a carta para ele ler. Enquanto ele lia fui ao bar e coloquei whisky em dois copos e entreguei um a ele. Os belos olhos castanhos de Anton brilhavam de raiva enquanto lia a carta. _ Mande dinheiro. - opinou irritado. Anton conhecia a sua história e odiava o seu pai pelo que fez. Viu ele tomar a bebida de uma vez só. _ Não é tão fácil assim. - o olhei desgostosa - Belinda não tem estrutura para aguentar tudo isto. _ O que pretende fazer então? - a olhou entre surpreso e irritado. Também não tinha como responder. Muita coisa para pensar. _ Não está pensando em ir lá ne? - a encarou curioso. Anton era um dos seus mais amados amigos. Era alguém para se contar em todas as adversidades. Também um inimigo implacável quando necessário. Respirou fundo confusa. _ Hoje vamos ao final do nosso congresso. - coloquei um sorriso nos meus lábios e fui ao bar novamente - Tenho que dar uma lição na c****a da Pamela e fazer uma aliança com Carter. Depois penso sobre isto. Anton sorriu divertido. _ Vamos à festa! - lhe estendeu o braço que aceitei sorrindo. _ Vamos ao divertimento! Vamos a caça. _ Vamos, minha Tigresa. Sorri é o acompanhei, mas sabia que tinha questões ainda a resolver. A carta aberta de Belinda em cima da mesa lhe lembrava isto. **** Uma semana depois Sua moto Harley Davidson percorriam a estrada rapidamente. Podia ouvir a respiração ofegante de Zeus a suas costas. Seu rottweiler amava andar de moto por isto mandou fazer um suporte para levá-lo. Ao longe pode observar as luzes da pequena cidade de Green Valley. Nada havia mudado nestes últimos quinze anos, só algumas lojas a mais e um bar digno. Alex ia gostar de beber ali. Rodou pela cidade por algumas horas reconhecendo o local. Um prédio próximo à praça central lhe chamou a atenção pela quantidade de carros parados. _ O conselho da cidade está reunido Zeus. - desceu da moto é o cachorro saltou para o seu lado - Toda a cidade deve estar aí. Vamos ver o que discutem? - passou a mão pela cabeça do animal que ganiu prazeroso - Também estou cansada. Daqui a pouco descansamos e comemos. - bateu no seu flanco - Vamos. Subiu as escadas e entrou pela porta ficando escondida atrás de uma coluna observando o salão cheio. Alguns dos rostos eram conhecidos da sua adolescência. Mas estavam enrugados pelo passar dos anos. Viu as pessoas que estavam sobre um pequeno palco. Pelo visto o homem do meio era o prefeito, um homem gorducho, branco e calvo que suava muito pelas quantidades que passava o lenço pelo rosto. O da direita pelo distintivo devia ser o xerife um homem de meia-idade com um bigode farto. A da esquerda era uma mulher que parecia a sua professora da quarta série. Havia mais um homem e uma mulher que não sabia o que fazia ali. As pessoas gritavam e pareciam furiosas por causa do roubo de gado. O prefeito tentava colocar ordem, pedindo silêncio e ordem, mas estava sendo impossível. _ Daqui a pouco vai sumir outra pessoa como aconteceu com o Thompson. - gritou alguém. Conseguiu ver uma cabeça vermelha conhecida sentada na primeira fileira de cadeiras. _ Thompson foi defender a sua terra e veja só o que aconteceu. - gritou uma mulher. _ Pessoal por favor. - pedia o prefeito. _ Ele deve ter fugido isto sim. - um homem gordo se levantou sorrindo - Fugiu da vergonha se ver a sua fazenda leiloada. Conhecia aquele homem e sorriu friamente. Nem fudendo Lewis você vai ficar com a fazenda da minha família, pensei irritada. Vou mandar levantar a vida deste i****a, determinei e passei logo uma mensagem para Bummer. _ Meu pai não é um covarde! - gritou Belinda do outro lado do salão e eu sorri feliz. Belinda permanecia igual - Você não vai colocar as suas mãos sujas na fazenda da minha família. _ Como pretende pagar as promissórias, querida? - uma loira levantou-se ao lado de Lewis e a reconheceu como sendo sua filha, e se a sua memória não falhou seu nome era Amanda. _ Vou dar um jeito. Mas vocês não vão pôr a mão nela. - esbravejou Belinda e eu adorei. Se fosse eu, é claro daria um murro na cada de cada um, mas fazer o que ne? Ninguém é perfeito! _ Papai por favor. - um homem levantou-se e tocou no ombro do senhor. O reconheceu também, era Liam Lewis - Não é lugar para isto. O xerife levantou-se e bateu na mesa com força fazendo todos se calarem. _ Senhores calem a boca. - gritou o xerife furioso - Thompson está sumido e estamos o procurando. Parem de especular sob o que vocês não sabem. - olhou para todos, furioso - Há uma família que teve um familiar sumido. Não é motivo para chacota! Gostou do xerife! Pediu uma investigação de cada pessoa envolvido no caso da raposa velha Thompson, mas gostou dele. _ Mas que ele fugiu antes do leilão ele fugiu. - rebateu um rapaz que tinha a idade de Beatriz. A risada estourou no salão e Belinda se levantou exasperada. _ Seu fedelho filho de uma c****a! - gritou. _ Não xinga a minha mãe sua v***a. - gritou o rapaz de volta. O rapaz avançou para ir até Belinda, mas foi contido. A confusão instalou-se novamente no salão. Se abaixou próximo a Zeus e deu-lhe uma ordem. O cão não demorou para correr para Belinda e ficar a sua frente latindo ferozmente para o rapaz. _ Alguém tira este cachorro daqui. - gritou alguém. _ Chamem o controle de animais. - outra pessoa gritou. _ Se alguém tocar no meu cachorro eu mato. - gritei e todos pararam. Andei pelo salão e subi até o palco sobre o olhar atento de todos. _ Zeus junto. - chamou o seu cão que logo foi para meu lado - Me empresta por favor prefeito. - pegou o microfone - Boa noite, amada cidade. A sua ovelha n***a favorita voltou. - gargalhei diante de uma plateia apática. _ Desça daí. - ordenou Lewis furioso - Você não tem direito de estar aí. Olhei para ele e balancei a cabeça negativamente sorrindo. _ Bem povo, só vim dar um recado. A fazenda não será vendida. - avisou. _ Como pretende fazer isto? - quis saber Amanda. _ Não e da conta de vocês. - sorriu a fazendo ficar irritada - Mas a fazenda será reerguida. Queira vocês ou não. Não brinquem comigo ou fiquem no meu caminho. - olhei para os Lewis - Não terei nenhum problema de chutar certos traseiros ou usar qualquer outro meio para atingir o meu objetivo. Não terei misericórdia! - vi com satisfação o Sr. Lewis engolir em seco. Ia descer, mas retornei - E meu p... a raposa velha será encontrado. - olhei para o xerife e continuou - Amanhã vou ao seu escritório xerife. Temos muito que conversar. O xerife assentiu. _ Boa noite. E obrigada pela atenção. Desceu do palco ainda sobre o olhar atento das pessoas com Zeus. Já estava na porta quando ouviu Belinda a chamar. _ Em casa Bel. Te espero lá. Subiu na sua moto e prendeu Zeus e partiu. A minha mente estava a trabalhar a mil por hora. Fez bem em ter vindo afinal. Belinda não ia suportar a pressão. A fazenda da família Thompson estava uma ruína. A casa antes imponente e motivo de orgulho estava aos pedaços. Uma imagem muito triste do que foi um dia. Uma mulher saiu da porta enquanto avaliava a casa. _ Quem está aí? - a mulher perguntou. Sorriu, saindo das sombras e encarando a mulher que ajudou a cria-la. _ Como vai Nancy? Viu os olhos azuis se encherem de lágrimas ao reconhecê-la. A velha senhora a abraçou forte e chorou. Só para receber aquele abraço já valeu toda aquela viagem. _ Calma mulher. - a afastou devagar com carinho sorrindo. Também me sentia emocionada e piscava os olhos para evitar que as lágrimas descessem - Não é todo o dia que a ovelha n***a retorna ao aprisco né? - acariciou o rosto enrugado querido. _ Que saudade Mel. - a mulher lhe acariciou o rosto com carinho. Nancy era sua tia e veio morar com eles depois que a sua mãe morreu. Nunca se casou e cuidou das filhas da irmã como fosse suas. Ela era ruiva, mais menor e de grandes olhos azuis, que não herdou - Sofri todos estes anos sem ter notícias suas. _ Bel me achou e me mandou uma carta contando tudo. Por isto estou aqui. - expliquei - Podemos entrar Nancy? Estou realmente cansada. _ Claro. - disse a mulher se recuperando limpando o rosto - Você deve estar com fome também. _ Morrendo. - admiti descendo para pegar a minha bolsa. A vi recuar quando Zeus se pós do meu lado - Não se preocupe com ele. Zeus é um bom menino. - passou a mão a cabeça do cão que latiu feliz - A viagem foi longa e estamos com fome. Nancy assentiu e entrou e eu a acompanhei. Assim que entrei não pude evitar a minha cara de desgosto. Tudo que um dia indicava riqueza e prosperidade estava quebrado e em ruína. _ Foram tempos difíceis. - disse Nancy me encarando - Seu pai... _ Não fale nele Nancy. - pedi brusca. _ Tudo bem. Venha comigo a cozinha. - caminhou para o ambiente e eu a segui. Não passou despercebido a geladeira quase vazia - Que tal um sanduíche? - propôs ela tirando os ingredientes da geladeira. _ Para nós parece ótimo. - me sentei numa banqueta e Zeus se deitou aos meus pés. _ Bel está na cidade. E Bia saiu com alguns amigos, foram ao cinema. - explicou a mulher trabalhando rápido fazendo quatro sanduíches enormes. _ Encontrei com Bel na reunião da cidade. - expliquei pegando dois sanduíche e dando um a Zeus - A coisa estava quente. Tive que intervir. Nancy parou e ficou me olhando por alguns minutos antes de balançar a cabeça e encher uma caneca com café. Ela me conhecia muito bem. _ É incrível que depois de tantos anos vocês ainda são idênticas. _ Eu fiquei loira por alguns anos. - sorri a vendo arregalar os olhos - Pura rebeldia. - passei a mão pelas minhas madeixas rebeldes. Meu cabelo estava cumprido demais, mas fiquei feliz por não ter cortado - O pessoal reclamou tanto que deixei voltar a cor natural. _ Gosto do tom de seu cabelo. Vou arrumar seu quarto enquanto você come. - colocou o restante dos sanduíches em minha frente num prato. _ Obrigada. - tomei o café e sorri ao ver a curiosidade brilhar nos belos olhos azuis - Amanhã conversamos e te conto tudo está bem? _ Sim. - ela sorriu e se afastou, não antes de me dar um beijo na bochecha - É bom que esteja de volta. Respirei fundo e recomecei a comer e tomar café. Estar de volta naquela casa era como descavar velhas feridas que pensou que tinha curado, mas estava enganada. Era muito difícil estar ali. A dor ainda era muito grande. Estava pegando sua bolsa quando escutou um carro estacionando e uma exasperada Bel romper a sala. Assim que a viu se jogou nos meus braços e chorou como uma criança. Deixei que a emoção me tocasse e a abracei forte também. Por anos trancou este sentimento dentro do peito, se convencendo que era melhor ficar afastada, mas agora com a sua irmã ali nos seus braços teve que admitir que sentiu saudades dela, de Nancy, Bia... _ Minha irmã. - Bel sussurrou ao meu ouvido - Senti tanto a sua falta. _ Eu também. - sorri a afastando um pouco. Era como se ver num espelho, Belinda Thompson era sua irmã gêmea idêntica com poucas diferenças sutis como: ela era mais baixa que eu uns dois centímetros, mas ainda era alta para os padrões normais, seus cabelos castanhos avermelhados pareciam estar mais curtos que o meu, os olhos verdes eram mais expressivos, a boca carnuda tinha covinhas quando sorria, ela não tinha sardas no nariz como eu e para minha infelicidade eu parecia ser mais branca nem as sessões de bronzeamento artificial dava jeito nisto. _ Nem acredito que está aqui. - ela sorriu limpando os olhos feliz. _ Eu também não. - não menti, pois me sentia desconfortável ainda naquela casa - Temos muito o que conversar. Mas pode ser amanhã? Estou exausta! _ Claro. Amanhã ti coloco a par de tudo. _ É muito bom vê-las junto de novo. - disse Nancy da escada feliz, não escondendo a emoção - Seu quarto está pronto Mel. Está tudo como você deixou. _ Obrigada. - peguei minha bolsa e beijei o rosto das duas mulheres antes de desejar boa noite com Zeus atrás de mim. Realmente o meu quarto era do jeito que me lembrava. Um quatro de uma adolescente rebelde cheio de postes de bandas pelas paredes, atores de cinemas, postes de cidades e países pelo mundo... Passeie as minhas mãos pela parede saudosa me lembrando da pessoa confusa e perdida que fui. Mas tinha força, por isto chegou até onde chegou. Muitos daqueles sonhos tinha realizado. Sorriu triste! Tirou a sua roupa de motoqueira e colocou sobre uma cadeira, pegou uma camisa longa em suas coisas e foi tomar banho enquanto Zeus se apoderava de um tapete. Assim que deitei passei uma mensagem para Anton dizendo " Em casa."
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