📓 NARRADO POR MIGUEL SANTANA O relógio da base marcava 04h00 em ponto quando o alarme cortou o silêncio. O som seco, metálico, ecoando pelos corredores como se o próprio d***o tivesse puxado o gatilho do dia. Ninguém reclamou. Aqui, o corpo já acorda antes do barulho. A mente, essa, nunca dorme mesmo. Levantei num pulo, o chão frio mordendo o pé descalço. O alojamento tomou vida num segundo: botas batendo, coletes sendo ajustados, rádios chiando, vozes cortando o ar em comandos curtos. — “Vambora, tropa!” — “Linha de frente, revisa armamento!” — “n***o, confere munição extra!” O cheiro de óleo de arma e suor antigo tomava o ambiente. A mistura familiar. Aquela que, de longe, qualquer um chamaria de inferno. Mas pra nós… era rotina. Sentei na cama e comecei o ritual. Colete

