📓 NARRADO POR MIGUEL SANTANA O rádio chiou como um grito de aviso do inferno. O coronel apertou o botão no ombro com os olhos queimando ódio. — “Temos um traidor! Repito, um traidor no pelotão! Santana tá armado contra o comando! Executem a ordem — AGORA!” E foi aí que o mundo acabou. As vozes explodiram na frequência, umas por cima das outras. “Confirma visual.” “Repete o alvo.” “Ordem de abate, senhor.” O barulho de botas começou a subir as vielas. O helicóptero rugiu tão baixo que o vento levantou poeira, telha, sacola, sangue seco tudo junto. O ar cheirava a pólvora e fim. Meu pai ergueu o olhar. O sangue escorria pelo canto da boca, mas o olhar dele não tremia. Rey Santana parecia o próprio demônio com farda rasgada. O coronel virou a arma na direção dele, dedo no gati

