📓 NARRADO POR MIGUEL SANTANA O camarote tava do jeito que eu gosto: alto o bastante pra ver tudo, longe o bastante pra ninguém meter o nariz onde não deve. Funk batendo. Povo gritando. Luz piscando. E Touro me enchendo o saco. O desgraçado deu dois tapas no meu ombro como se eu fosse coleguinha de escola. — “E aí, chefe… tá gatinho hoje, viu?” — “Rafael…” Ele abriu um sorrisinho cheio de maldade. — “Se eu não gostasse de mu—” — “Vai tomar no cu, Touro.” Virei com aquela cara de “mais uma gracinha e eu te jogo do terceiro andar”. Ele ergueu as mãos. — “Relaxa, p***a. Só elogiei o shape. Tá fortão.” Revirei os olhos e voltei a olhar a pista. Ele ficou quieto por uns dois segundos que pra Touro é muita coisa. Aí abriu a boca: — “A Manu já chegou?” Meu pescoço virou devagar

