📓 NARRADO POR MIGUEL SANTANA O riso foi secando no canto da boca, igual fumaça que se perde no vento. Pardal olhou pro relógio, resmungou qualquer coisa e se levantou. — “Vou ver como tá o pessoal lá embaixo. Se deixar vocês dois juntos por muito tempo, um morre e o outro vira lenda.” Meu pai deu um meio sorriso. — “Vai, antes que eu te bote pra dormir a tapa.” Pardal soltou um “vai se f***r” de canto e saiu. A porta bateu, e o quarto ficou pequeno demais. O barulho do morro lá fora longe, abafado ainda lembrava que a guerra tinha nome e endereço. Mas ali dentro, era outro tipo de batalha. Meu pai pegou o cigarro da beira da mesa, acendeu com calma e soltou a fumaça pra cima, sem pressa. O olhar dele vinha pesado, direto. Nenhum deboche, nenhuma ironia. Só verdade. — “E agora, Mi

