capitulo 10

1940 Palavras

📓 NARRADO POR MIGUEL SANTANA O caveirão desceu o morro num silêncio que feria. Nem rádio, nem piada, nem ruído só o ronco pesado do motor e o som da chuva batendo no teto de aço. Lá dentro, o cheiro era o mesmo de sempre: suor, óleo, pólvora… e agora, morte. Negão tava deitado no chão, coberto com a bandeira preta da caveira. Touro mantinha uma das mãos sobre o corpo, firme, sem dizer nada. O resto da tropa olhava pra frente porque olhar pra baixo dói mais que bala. Quando o caveirão parou no pátio da base, o portão de ferro se abriu com o som arrastado de uma despedida. O pessoal do plantão já sabia. Aquela sirene curta, única, ecoou no pátio. Todo caveira sabe o que ela significa. Morte na tropa. Saí primeiro. O ar da madrugada ainda cheirava a diesel e chuva velha. Dois h

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR