Nunca me divertir tanto com alguém, quer dizer, Gabriela era minha melhor amiga e nós dávamos muitas risadas juntas. Mas estar com uma figura masculina e rir daquela maneira, era diferente de tudo.
— Essa comida está maravilhosa. — Havia um purê maravilhoso com uma carne e molho.
— É a primeira vez que eu trouxe alguém aqui. — Deixou escapar.
— Gosta desse restaurante? — Perguntei.
— Sim, é o meu preferido. — Respondeu.
Deveria levar o fato de ele ter me levado no seu restaurante preferido um bom começo?
— O vinho foi uma escolha ótima. — Comentou.
Como havia ido em diversos jantares como acompanhante, acabei decorando alguns nomes de vinhos, o que me possibilitava escolher os mesmos.
— Quando eu receber o meu primeiro salário prometo retribuir o jantar. — Falei assim que pisamos na calçada do restaurante.
— Está me chamando para jantar? — Perguntou, deixando novamente as covinhas aparecerem.
— Digamos que sim. — Brinquei.
Despedimos um do outro como "bons amigos" se esse termo já pode ser utilizado entre nós dois.
O meu dever de fazê-lo se apaixonar estava a caminho, quem sabe ele estivesse gostando da minha companhia, assim como eu estava gostando da dele.
Mensagens me esperavam no meu computador assim que cheguei no meu apartamento.
Todas eram do senhor Estevan.
"Fiquei sabendo que conseguiu resolver um problema no escritório."
Estevan
"Foi um bom primeiro dia."
Estevan
"Boatos pelos corredores que saiu com o meu filho... Onde foram?"
Estevan
"Não estou recebendo notícias do Alan!! Você ainda está com ele?"
Estevan
Como o senhor Estevan estava preocupado com o seu filho.... Ou quem sabe ele só estivesse curioso para saber com quem o seu filho estava naquela noite.
"Olá senhor Estevan. Acabei de chegar em casa. Estava com Alan, fomos jantar para comemora o meu primeiro dia de trabalho e o novo projeto da empresa. Talvez tenha sido um encontro, um dia iremos descobrir. Estou um pouco cansada, amanhã começo cedo. Até mais."
Selena
A questão era que eu estava cansada demais para qualquer trabalho como acompanhante naquele momento. Ou quem sabe fosse apenas uma desculpa para não precisar ir encontrar com qualquer homem e fingir ser a sua namorada/noiva/mulher.
A banheira que ficava no banheiro do meu quarto estava chamando pelo meu corpo. Foi um dia exaustivo, fingir que eu era outra pessoa, quer dizer, eu mesma.
O celular tocou, por sorte estava ao lado da banheira. Era Sabrina.
"INÍCIO DE LIGAÇÃO"
Sabrina: Oi Selena.
Selena: Oi Sabrina, aconteceu alguma coisa?
Sabrina: Estou precisando de mais um pouco de dinheiro.
Selena: Mais presentes?
Sabrina: Na verdade mais ou menos.
Selena: Explique por favor.
Sabrina: Irei comprar o bolo, alguns salgadinhos e refrigerantes.
Selena: Convidou alguém?
Sabrina: Algumas pessoas da nossa família, os mais próximos.
Selena: Tudo bem... Mas só poderei entregar amanhã bem cedo antes do trabalho.
Sabrina: Será acompanhante de manhã? Que desagradável. Sabe que é mais fácil das pessoas te reconhecerem.
Selena: Na verdade estou trabalhando em um prédio de construção, sou secretária.
Houve um silêncio do outro lado da linha em seguida de risadas e gritos.
Sabrina: Você tem um trabalho normal agora?
Selena: Sim.
Sabrina: Mamãe adotará saber da novidade.
Selena: Agora irei dormir, não esqueça amanhã irei passar cedo aí. Boa noite.
Sabrina: Boa noite.
"FIM DE LIGAÇÃO"
Amanhã quem sabe o meu celular iria tocar e teria que explicar toda essa história sobre estar trabalhando como secretária para a minha mãe.
Fiquei na banheira até que a água por fim esfriasse. Não precisei pensar muito, foi questão de segundos para o meu corpo se chocar com a cama e meus olhos fecharem. Fazendo-me cair em um sono profundo.
O tão esperado sábado chegou.
Por sorte minha Alan deixou que eu trabalhasse apenas no período matutino. Estava apenas fazendo novas anotações e precisava agendar algumas reuniões.
— Senhor Alan? Está tudo terminado. — Avisei, entrando com todo o cuidado em sua sala.
— Obrigada pelo seu trabalho. — Agradeceu.
— O senhor irá ficar aqui? Em pleno o sábado? — Perguntei.
— Preciso resolver alguns compromissos da minha agenda. — Mentiu.
Como eu sabia que ele estava mentindo? Deve ser pelo fato de eu ser a secretaria dele e saber que naquele sábado não havia nenhum compromisso.
— O senhor quer ir comigo no aniversário da minha mãe? — Não havia problema em convidá-lo, isso ajudaria no plano de ambos os lados.
— Não tem como, não conheço sua mãe e nem comprei nenhum presente. — Resmungou.
Em quantos aniversários já fui em que muitas pessoas não sabiam quem era o aniversariante. Isso não era um problema.
— Faço questão que você vá. — Avisei, indo até ele, dando a mão para ajudá-lo a se levantar.
— Você tem certeza disso? Irei ficar chateado se me mandarem ir embora da sua casa. — Falou.
— Da casa da minha mãe você quis dizer.
Alan havia vindo para a empresa acompanhado do seu pai, ou seja, não seria problema algum em ele ir comigo no meu carro.
— Você dirige muito bem. — Elogiou.
— Obrigada. — Agradeci.
Demorei um pouco para chegar em casa, perto das duas da tarde, já que Alan me fez parar em uma loja para que pudesse levar um presente para mamãe.
Ele parou em uma loja de joias, não me deixou sair do carro prometendo que iria ser rápido.
— Essa loja é cara. — Comentei.
— Nem tanto. — Retrucou.
— Depois irá brigar comigo por estar te dando prejuízo. — Resmunguei.
— Você me ajudou em um projeto que irei ganhar milhares de reais, não se preocupe. — Avisou.
Assim que chegamos na minha casa, ainda sem nenhum convidado, é claro, minha irmã estava a minha espera no portão.
— Você demorou. — Resmungou.
— Reclame com o senhor Alan, ele quem me atrasou. — Apontei para ele que estava um pouco longe.
— Não foi minha culpa, ela me pegou desprevenido. — Justificou-se.
Sabrina não sabia quem ele era, muito menos do que estávamos falando.
— Esse é o meu chefe Alan, trouxe porque ele não tinha nada para fazer. — Expliquei. — Essa é a minha irmã Sabrina.
Após fazer as devidas apresentações, fomos entrando na casa vazia.
— Onde a mamãe está? — Perguntei.
— A vizinha levou ela para fazer compras no mercado, como combinado. — Piscou.
— É uma festa surpresa? — Alan perguntou, assim que se sentou no sofá.
Nós duas assentimos juntas.
Os presentes da minha mãe estavam no meu carro e iriam permanecer lá até que a festa começasse.
A pequena festa organizada pela minha irmã teria início às 15hrs30min, ou seja, faltava uma hora e meia para isso.
Precisei virar cozinheira e fritar todos os salgadinhos que foram encomendados congelados.
Como havia explicado para Sabrina, nós iríamos tentar economizar o máximo.
Ela fez o brigadeiro e beijinho em casa, como um belo cavalheiro, Alan nos ajudou com tudo que era necessário. Confesso que me deixou impressionada, assim como a mina irmã que esboçava sorrisos nada discretos para mim.
— O bolo ficou maravilhoso. — Sabrina comentou assim que abriu a porta da geladeira.
— Isso deve ter custado uma fortuna. — Brinquei.
As pessoas foram chegando e ficando cada uma em um canto. Após um bom banho, coloquei um vestido fino por cima do corpo, algo bem simples, que deixava a minha costa amostra.
— Você está linda. — O elogio do Alan me pegou de surpresa.
— Você também está. — Precisava retribuir de alguma forma.
— Ainda estou com a roupa do escritório. — Reclamou, como se estivesse f**o.
— Você não sabe, mas fica ainda mais lindo com a roupa do escritório.