Segredos no Corredor

830 Palavras
Acordei com o barulho de algo caindo no chão e decidi ver o que estava acontecendo. No corredor, percebi a luz do quarto do Lucas acesa e a porta entreaberta. Fui conferir quem estava lá e, para minha surpresa (ou não), ele estava transando com uma garota morena. Havia cacos de vidro perto da escrivaninha — provavelmente o copo que caiu no meio das “atividades físicas” do momento. A garota gemia alto, e o Lucas tentava abafar o som tampando a boca dela enquanto ela estava por cima. Assustada com a cena, saí dali imediatamente. Fui até a cozinha enorme da casa pegar água gelada. Quando olhei o celular, vi uma ligação perdida da minha mãe. Eu não tinha avisado que dormiria na casa do Léo, afinal não tinha sido planejado. Mandei mensagem dizendo que estava bem e voltaria de manhã. Minha mãe adorava a família do Léo, então a minha convivência com ele sempre foi tranquila. Enquanto guardava a garrafa na geladeira, ouvi uma voz rouca atrás de mim e levei um susto. — Jesus, quase morri do coração! — Não foi minha intenção — Theo disse, rindo. — Mas o que a mocinha tá fazendo acordada a essa hora? — Bom, não sei se chegou a ouvir, mas o Lucas está realizando trabalhos sexuais no quarto dele e a escolhida do dia está gemendo alto. Theo riu. — Coisa do Lucas… — E você? O que faz aqui? — Bebi mais do que devia e ele não me deixou ir embora — respondeu, ainda sorrindo. — Mas o efeito já tá passando. — Pelo menos nisso ele é responsável. Theo soltou outra risada e balançou a cabeça. — Vou subir e tentar dormir de novo. Você vem? Ele estava no quarto de hóspedes ao lado do Lucas. Subimos as escadas juntos, e no meio do caminho a morena saiu do quarto ajeitando o vestido. Lucas veio atrás, só de cueca boxer preta. Quando os nossos olhares se encontraram, tentei disfarçar, mas acabei admirando aquele abdômen definido sem querer. — O que vocês estão fazendo sozinhos em uma hora dessa? — ele perguntou, num tom acusatório. Mesmo sendo amigo do Léo, o Lucas agia como se eu fosse a irmã mais nova dele. Sempre espantava qualquer garoto que tentasse falar comigo. — Relaxa, só fomos pegar água. — É, com o barulho vindo do seu quarto ninguém conseguiu dormir — completei. — O Léo conseguiu, não? — ele rebateu. — E por falar nisso, ele sabe que você tá andando pela casa essa hora com um dos meus amigos? — Lucas, não enche! — falei, irritada, e fui direto para o quarto do Léo. Entrei, fechei a porta e respirei fundo, tentando esquecer o quanto aquele cara conseguia me irritar. Mas, ao mesmo tempo, me peguei pensando no quanto ele era bonito. Arrogante, metido, egocêntrico… mas lindo. Os olhos pareciam os do Léo, só que um azul ainda mais intenso. O cabelo ficava entre loiro escuro e castanho claro, e a pele era quase branca como neve. Eu entendia totalmente por que tantas meninas caíam por ele. Era exatamente o garoto mais inteligente — o que eu realmente achava atraente — mas aquele corpo era de tirar o fôlego. E claro, eu jamais poderia me envolver com o Lucas. O Léo deixava isso claríssimo desde que tínhamos 13 anos. Ele sempre teve um ciúme bobo quando o assunto era eu e o irmão dele. Eu estava tão perdida nos meus pensamentos que nem percebi o Léo me chamando. — Ei! Terra chamando Malu — ele disse, rindo e balançando a mão na minha frente. Pisquei algumas vezes e respondi: — Já falei que seu irmão é um babaca? — O que ele fez agora? — Tinha uma garota gemendo no quarto dele tão alto que dava para ouvir lá do Everest. Sem condições. — E qual é a novidade? — ele zombou. — A novidade é que eu acordei com o barulho, fui ver o que era e… vi a cena completa. — Nossa… aí ele se superou — disse, rindo. — E depois? — Fui beber água e dei de cara com o amigo gato do seu irmão. O Léo fez uma cara feia na hora. — O que foi? — perguntei. Ele só ergueu a sobrancelha, com aquele olhar de “você sabe”. — Ah, fala sério! O Theo é lindo, e seria um ótimo candidato para eu finalmente perder a virgindade. — Você sabe que os amigos do meu irmão estão fora de cogitação. — Léo, isso era quando a gente tinha 13 anos e eles 18! Esse ano faço 18. Já tô na idade, tá tudo certo. — Não é por causa da idade. É porque eles não te levariam a sério. Rolei os olhos. — Tá bom. A gente discute isso outro dia. Mas que o Theo é um gato, isso ele é. Finalizamos a conversa e nos deitamos novamente.
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR