HENRIQUE MOURA NARRANDO
Sete da noite. Estou na delegacia, trabalho na área de inteligência do GOE, que é uma força especial da polícia brasileira. Olho para alguns formulários e depois para meu painel vazio. Não gosto quando isso acontece. Os canalhas estão sempre a solta, e quando meu quadro está vazio, significa que estão agindo sem que eu consiga sequer saber.
— Delegado? — Um dos meus policiais entrou na minha sala, que fica com a porta aberta sempre.
— Sim?
— Chegou um caso que talvez seja do teu interesse. Você não é amigo da família Cupertino? — Empurrei meu corpo para trás na cadeira. Fico preocupado, um caso com a família Cupertino vindo parar na minha mesa não significa coisa boa.
— Faz um resumo, Miguel. — Estico a mão e pego a pasta.
— Certo. Eunice e Carlos Cupertino foram assassinados essa manhã, na casa deles. A filha os encontrou. — Arregalei meus olhos.
— Luana os encontrou? — Tentei esconder a preocupação com a garota, mas não consigo. Não desde maio do ano passado. Mas o foco, agora, é o presente.
— Encontrou. Ela chegou da escola, quando viu a situação, correu para tentar socorrer o pai, segurou o pescoço dele e chamou a emergência... Mas foi tarde demais. Os dois morreram, e eu aposto que se ela estivesse lá, teria morrido também. — Meu corpo tremeu ao imaginar que isso poderia ter acontecido com Luana também.
— Onde ela está?
— Ela quem? A Eunice? — Neguei com a cabeça.
— Não, i****a. A Luana. — Ele coçou a parte de trás do cabelo curto e sorriu.
— Está no hospital. Foi sedada, estava muito nervosa. Bom... Isso aconteceu fora do seu turno, mas pediram pra perguntar se você quer o caso.
— É óbvio que eu quero. A diretoria já está sabendo que vou assumir? — Ele fez aquela careta. A maldita careta que significa um "estamos fazendo isso por baixo dos panos", e eu odeio coisas que são feitas assim.
— Não, chefe.
— Então eu vou pedir pessoalmente.
— Olha, eu recomendo que...
— Fica quieto, volta pro seu serviço e deixa que eu me viro. — Falei e me levantei da mesa com a pasta na mão.
Bati na porta da sala da delegada chefe. Kelly é o tipo de mulher que ninguém quer ter problemas, porque além de extremamente competente, ela é muito vingativa.
— Com licença, Kelly. — Falo de forma informal, enquanto entro em sua sala.
— Do que precisa? — Diz, tirando o óculos de leitura e colocando em cima da mesa. Ela solta o cabelo castanho que cai perfeitamente em seus ombros. Kelly Faria é uma mulher poderosa e sexy. Muito sexy.
— Quero esse caso. — Me sentei na cadeira em frente a mesa dela. Coloquei a pasta em cima da mesa e empurrei em sua direção. Ela colocou mais uma vez o óculos de leitura, para ler o resumo do caso. — Tenho uma grande consideração pela família Cupertino.
— E isso não irá interferir no caso, delegado Moura? — Ela me olhava com superioridade, entretanto, estou acostumado a lidar com pessoas assim e não me intimido.
— Não. — Ela parecia analisar mentalmente, como se contrabalanceasse as informações.
— Não sei se estou convencida. O que você faria para ganhar esse caso, delegado Moura? — Eu sorri de forma maliciosa. Não por pensar malícia com ela, apesar de ter um corpo que faria qualquer homem pensar... Mas porque eu a arrematei.
— Está querendo suborno para entregar um caso, delegada Faria? — Ela sorriu do mesmo jeito malicioso que o meu.
— Me venceu. — Tirou o óculos e colocou a perninha dele perto da boca. — O caso é seu, delegado.
Peguei a pasta e saí andando, com um sorriso vitorioso no rosto. Passei perto de Miguel, fiz um sinal com a cabeça para ele e ele me acompanhou até a minha sala. Pedi que fechasse a porta, e ele o fez.
— E então?
— O caso é meu. A Kelly só é difícil com quem não sabe lidar com ela. — Afirmei.
— Como vamos fazer? Por onde vamos começar? — Suspirei.
— Bom, primeiro eu quero saber onde a Luana está. — Ele tirou uma caderneta do bolso e arrancou um papel.
— Está nesse hospital. São Lucas. — Peguei o papel e respirei fundo.
— Preciso pegar o depoimento dela... — Ele deu os ombros.
— Já pegaram.
— Não, ela não confia em vocês. Mas em mim ela confia. Se ela viu qualquer que seja a coisa, vai contar pra mim.
— Se você diz...
Entrei no carro e comecei a dirigir. Enquanto virava a chave, uma lembrança veio até a minha mente.
SEIS MESES ATRÁS...
Estou sentado tomando uma cerveja, em frente a piscina da casa de Carlos Cupertino, meu grande amigo pessoal. A filha deles, Luana, acabou de fazer dezessete anos e está desfilando com um biquíni minúsculo pela casa. Devo dizer que é a primeira vez que a olho com desejo, e me martirizo por isso. "Ela é só uma adolescente", repito em minha mente, várias e várias vezes.
Acontece que, depois desse dia, tudo mudou. Luana me olhava com malícia, mexia no cabelo e expunha o pescoço, sinais claros de interesse. Estudei linguagem corporal, e isso me priva um pouco das surpresas, mas é realmente útil no trabalho.
No aniversário de sua mãe apenas duas semanas depois, um jantar foi marcado do lado de fora da casa, no jardim. Estava tudo bem organizado e era uma reunião realmente íntima.
Luana estava vestindo um vestido curto, que mostrava suas coxas brancas e torneadas. Odeio admitir, mas são as coxas mais lindas que já vi. Ela fazia questão de andar de forma provocante, e eu acredito que não era para nenhum dos primos de seis e sete anos ou para os tios de quase setenta.
Para não ficar com um volume no meio do jantar, me levantei e entrei na casa, indo até a cozinha do outro lado da casa para buscar um copo de água gelada. Depois que tomei, me olhei no reflexo da janela da cozinha e senti vergonha. Mas depois, olhei melhor e vi uma figura conhecida vindo em minha direção.
Loira natural, dos cabelos até a metade da cintura. Olhos verdes estonteantes, cintura fina, coxas grossas e seioos que com certeza encaixariam em minhas mãos.
— Henrique, você está bem? — Perguntou. Se aproximou de mim e tocou meu braço. Mais uma p***a de sinal.
— Estou, estou sim, linda. — Deixo escapar um "linda" sem querer. Se controla, Henrique.
— Quero te mostrar uma coisa. — Eu a observava com atenção. — Mas ela está embaixo do meu vestido.
Ri por dentro da ousadia. Luana pode não ser adulta, mas é decidida e sabe o que quer.
— Você tem dezessete anos e eu vinte e sete. Não há nada para me mostrar aí embaixo, Luana. — Ela girou os olhos.
— Para um delegado, você foi bem lerdo em perceber os sinais que te dei. — A olhei com um sorriso malicioso.
— Percebi todos. Mas como isso é moralmente errado, deixei passar. Só... Não me provoque mais, Luana. — Ela se aproximou de mim, me olhando nos olhos com as duas mãos na cintura.
— Ou o que? O que vai fazer?
— Nada que você não queira. — Provoquei.
— Então talvez eu continue te provocando. Da próxima vez que você vier se refrescar na minha piscina, eu estarei com um biquíni branco minúsculo. Talvez assim você entenda que eu te quero.
— Você não tem escrúpulos. Branco, Luana? — Ri.
— Acho que só assim pra você se mexer e fazer alguma coisa. — Ela deu os ombros.
— Você é muito maluca. Se eu não tivesse noção do certo e do errado, você estaria de quatro na minha cama. — Ela me olhou e ficou quieta por alguns milésimos de segundo. Aquilo me fez repensar a frase que eu disse.
— De quatro não. Eu ainda sou virgem, isso provavelmente me machucaria. Mas em outra posição... — Ela riu e saiu andando em direção a escada.
Cansei de aguentar as provocações. Luana subiu as escadas e eu subi atrás. A segurei pelo braço no corredor de seu quarto, a empurrei contra a parede e encurralei, apoiando as minhas duas mãos na parede, próximas ao seu rosto.
— Você não tem um pingo de noção, não é, loirinha? — Ela me olhava com o queixo erguido, completamente confortável com a situação.
— Tenho. Eu quero você. E estou cansada de ficar só nas provocações.
Foi naquele momento que cruzamos a linha. Luana empurrou a boca contra a minha e eu empurrei a minha de volta, uma de minhas mãos se perderam em seu longo cabelo loiro enquanto a outra segurava suas costas, na intenção de aproximá-la de mim.
Ela se entregou naquele beijo. Não era inexperiente, sabia beijar bem. Isso me causou um pouco de ciúmes... Pensar em outra pessoa tocando em Luana me causa um ódio imenso.
Eu ouvi um barulho nas escadas, como se alguém estivesse subindo. Isso fez com que eu separasse o beijo e me afastasse dela.
— Isso foi um erro. — Sussurrei.
— Não. — Sussurrou de volta.
— Ah, vocês estão aí! — Uma funcionária da casa veio sorrindo em nossa direção. — Estão esperando vocês para cantar o parabéns.
— Estamos indo. — Falei e desci, acompanhando a senhora.
Quando fui para casa e coloquei a cabeça no travesseiro, não consegui dormir. Dizem que falta de sono é consciência pesada, e a minha está pesando uma tonelada. Eu beijei Luana, e não foi um beijo qualquer.
Ela me ligou diversas vezes depois daquele beijo, mas eu não atendi. Minha culpa, meu senso moral, minha ética me impediram de fazer o que eu mais queria. Eu perdi as contas de quantas vezes pensei no rosto de Luana enquanto comia uma garota qualquer, do quanto desejei que o corpo em minha cama fosse o dela. A pseudo-satisfação que sentia tinha um gosto amargo quando aquele momento terminava e não via os cabelos loiros e olhos verdes dela.
Eu me afastei inclusive de Carlos, em todos os eventos sociais eu inventava uma desculpa para não ir, mas não consegui fugir da comemoração de seu aniversário de casamento.
— Henrique! Que saudade! — Eunice me abraçou com carinho. Luana estava sentada no sofá, com um short minúsculo e o maldito biquíni branco que ela disse que usaria quando eu estivesse por aqui.
— Também senti. Ando muito ocupado. — Menti.
Fomos até a área externa, onde um churrasco acontecia. Luana apareceu poucos minutos depois, e olhava para mim enquanto removia o short curto. Virgem safada dos infernos. Entrou na água apenas para se molhar e logo saiu. Alegou que a água estava fria, e veio em minha direção. Eu estava sentado conversando com Eunice.
Luana estava com o corpo molhado e os s***s empinados por conta do frio. Aquilo já era demais, estava sendo insuportável.
— Enquanto vocês conversam... — Não ouvi uma palavra do que elas disseram, me perdi no corpo de Luana. — Eu vou ir ao banheiro.
Fui até o banheiro mais próximo e tranquei a porta. Olhei para baixo, constatei o que eu já sabia e me senti a p***a de um pervertido. Eu precisava daquela garota, precisava que rebolasse pra mim, que gemesse meu nome... E enquanto pensava em como eu foderia Luana até o amanhecer, percebi que minha mão agia por conta própria ali embaixo, por dentro da calça.
Daquele dia em diante, eu desapareci. Se não consigo me controlar, não posso vê-la.