Enquanto eu terminava de comer Enzo só ficava me encarando fixamente, ele estava fazendo isso desde que minha comida havia chegado, ele tinha só pedido um copo de água, mas m*l tinha bebido e ficava só me encarando de um modo intrigante.
– que foi? Não para de me olhar assim por que?_ pergunto depois de um gole no meu suco.
– é seu rosto_ responde, mas isso só me deixa ainda mais confusa.
– o que tem meu rosto?_ pergunto passando a mão por meu rosto.
– é estranho, é que quando você faz birra, quando come, quando fica brava, quando me irrita, até quando sorri você fica..._ me olha pensativo_ bonita_ completa.
Ok, essa me pegou desprevenida, um sorriso ameaçou se formar em meu rosto mas me forcei a não sorrir.
– o que você está tentando Enzo?_ o encaro com os olhos semi cerrados.
– se você vai me conquistar eu preciso fazer o mesmo_ dá de ombros.
Acabo gargalhando_ você? Me conquistar Enzo? Você é rude, i****a, mandão, eu só fico perto de você porque não tenho escolha e porque quero fazer você se apaixonar por mim, mas sinceramente eu não me apaixonaria por você, sem ofensas.
– Gabriela_ ele se inclina um pouco sobre a mesa como se fosse contar um segredo_ eu vou deixar você me conhecer tá_ assente e volta a se endireitar na cadeira_ já terminou?_ se refere a minha comida e eu assinto.
Ele pede a conta, paga e então saímos do restaurante, em direção ao carro.
– podemos ir para casa?_ eu pergunto entrando no carro.
– tá bom_ o moreno assente e então dá partida em direção ao caminho de volta para a mansão.
A viagem de volta foi rápida, ao som de músicas italianas calmas, um ar condicionado básico e um pouquinho de paz acima de tudo. Quando ele estacionou na garagem, eu fui a primeira a descer do carro, mas não lembrava a direção do meu quarto, por isso esperei o moreno descer para que ele me guiasse até o mesmo.
– esqueceu onde fica seu quarto?_ ele pergunta saindo com as chaves balançando em sua mão esquerda.
– esqueci, pode me levar lá?_ falo meio constrangida.
– com esse convite seria melhor que fossemos para o meu quarto viu_ cruza os braços me olhando de cima a baixo.
– para de gracinha, eu e você não vamos t*****r_ falo séria.
– não estou te chamando para t*****r, só ficar comigo, sem maldade, aí se você quiser t*****r, é um bônus_ dá de ombros.
– não vamos t*****r_ repito e ele levanta os braços em rendição_ ok, eu fico com você seja lá onde for_ passo a mão no meu cabelo.
– então entra no carro, não vamos ficar aqui.
– eu preciso pegar roupas_ aviso.
– não precisa_ quando ele diz isso o olho com a sobrancelha arqueada_ não é o que você está pensando, vem logo_ entrou no carro.
– assim eu espero_ sigo até ao carro e me sento novamente no assento de couro.
Ele dirige por uns 20 minutos e então estaciona o carro perto de um chalé com vista para o mar, desce primeiro e eu vou atrás dele até ao interior da casa. Na sala tinha uma lareira, uma pilha de lenha ao lado da lareira, um sofá marrom, um tronco de árvore como mesinha de centro, algumas plantinhas pelos cantos, uma mesa de jantar e também uma TV enorme pendurada na parede.
– aqui tem dois quartos, mas você vai dormir comigo no meu_ avisa seguindo em direção ao pequeno corredor.
– por quê se tem dois quartos?_ arqueio a sobrancelha.
– porque o outro não é bem pra dormir_ dá de ombros_ aqui é o banheiro, esse é o quarto proibido e aqui nós vamos dormir_ apontou para as 3 portas no fim do corredor.
– o que tem nesse quarto? Cadáveres? Gente sequestrada? Riquezas infindáveis?_ pergunto curiosa.
– você tem uma mente muito fértil_ fala entrando em seu quarto.
Eu também adentro o local. O quarto era bem espaçoso, tinha uma cama enorme no centro, uma cómoda do lado esquerdo com alguns objetos no topo e um espelho, um abajur de cada lado da cama, no lado esquerdo tinha uma porta que dava a uma varanda com vista para o mar e o teto era literalmente de vidro.
– nossa, você levou muito a sério o ditado sobre teto de vidro hein_ falo observando o teto de vidro.
– eu gosto de observar as estrelas_ baixo meu olhar para o encarar e ele estava tirando a camisa, acto que me faz soltar um grito e ele rir_ calma, eu só vou tomar um banho_ pega na camisa e vai em direção a porta_ fica a vontade_ e saí.
Olho pelo quarto e não tem nada de interessante para fazer então decido sair e explorar a casa. Caminho até a cozinha bem organizada por sinal, as prateleiras estavam cheias, a louça lavada, o fogão limpo, tudo nos conformes, novamente me senti entediada e então me lembrei da TV na sala e sigo para lá, mas então algo mais interessante surge em minha mente: a porta misteriosa.
Todo o ser humano sabe que não se pode falar para outra pessoa "tem esse lugar mas você não pode entrar porque é secreto", tipo, quem não fica curioso pra descobrir o porquê do lugar ser secreto? Pelo menos eu fico curiosa, mas meu bom senso e respeito pelas coisas dos outros me impediu de abrir aquela porta e espiar o que ali se encontrava, por isso me contentei apenas com a televisão.
Quando ele terminou seu banho foi minha vez de ir me lavar, demorei um bom tempo naquela água quente e depois fui e peguei uma roupa dele no quarto, me arrumando e depois saindo pra procurar ele pela casa.
– oi_ falo adentrando a cozinha onde o mafioso estava.
– oi_ ele se vira para me olhar_ o calção ficou tão largo assim em você?_ pergunta ao notar que eu só usava a camiseta e não o calção.
– não, eu só não o quis usar_ sorri dando de ombros_ espero que não se importe_ acrescento.
– de certa forma não_ volta a me dar as costas_ tem alguma preferência quanto ao jantar?_ pergunta abrindo a geladeira.
– tem cereal? Eu comi faz pouco tempo não estou com muita fome_ me sento na cadeira que ali tinha.
– tem sim, quer agora?_ me encara depois de fechar a geladeira.
– não, ainda está cedo, depois eu como.
Ele dá de ombros_ ok.
Analiso o quão diferente ele estava trajado, sem terno, sem aquelas roupas que o deixam com um ar de chefão do m*l, apenas como um homem comum, calça moletom e camiseta simples, de meia e cabelos desarrumados.
– que foi?_ me olha confuso.
– nada não, estava só admirando como você não está se parecendo com um mafioso impiedoso que sorri enquanto bate em homens amarrados e ainda ameaça garotas inocentes as fazendo virar sua propriedade particular_ falo ainda o analisando.
– bem, eu não preciso parecer impiedoso a todo o instante, principalmente quando você já sabe que o sou_ sai de onde estava e começa a caminhar em direção a sala.
O sigo e observo sentar no sofá_ vai ficar me encarando?_ ele pergunta.
– vou_ respondo sem muito rodeio.
– vem se sentar aqui e me encarar de perto_ bate no sofá do seu lado.
– nem precisava convidar, eu viria mesmo_ caminho até ele e me sento no sofá, porém com uma certa distância_ o que você faz pra se entreter nesse lugar?_ pergunto olhando para a TV.
– normalmente eu só chego aqui para dormir_ dá de ombros.
– e por que você me trouxe aqui essa hora?_ olho indignada para ele.
– sei lá_ responde me deixando ainda mais indignada_ não me olha assim, você pode achar muita coisa para fazer aqui_ argumenta.
– tipo?
– ver TV, mexer em seu celular, f********o comigo, jogar algum jogo qualquer..._ vai mencionando como se não tivesse falado nada demais.
– sério?_ o interrompo.
– eu só dei opções_ se defende.
– ao invés disso vamos conversar_ proponho.
– tudo bem, sobre o que?
– você, tipo, cê precisa ser assim o tempo todo?_ aponto para ele.
– assim como?_ cruza os braços e arqueia a sobrancelha.
– rude, m*l humorado, mandão, impiedoso, nunca te disseram que o respeito não é imposto mas sim conquistado?
Ele solta uma risada debochada_ respeito? Eu não estou impondo respeito, estou espalhando medo, o respeito facilmente é quebrado, mas não o medo_ fala convencido.
– nem todo mundo tem ou terá medo de você_ falo óbvia.
– tem razão, por isso eu encontro um jeito de fazê-las sentir medo, como você, você não tem medo de mim, tem medo do que eu possa fazer contra seus irmãos não é?
– tuché, até que faz sentido isso_ falo pensativa_ me diga, pra ser chefe da máfia é preciso ser o filho mais velho do antigo chefe?
– bem, é meio que uma coisa hierárquica então acho que sim, mas se ele não for capacitado outra pessoa pode ocupar esse cargo, como um irmão mais novo ou um estranho_ dá de ombros.
– é possível destituir um capô do nada?_ o olho curiosa.
– se for por justa causa pode haver uma votação do conselho e se mudar o capô, ou pode se tomar o lugar de um capô ao matá-lo, são opções_ me olha pensativo_ por que você está me fazendo essas perguntas?_ me lança um olhar de acusação.
– relaxa, nós estamos só conversando Lorenzo_ faço um joinha para ele que continua me olhando desconfiado.