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1105 Palavras
Naiara  Guardei as drogas na mochila, antes de entrar. — Bom dia — Cassia aparece do nada, me fazendo se assustar. — Eu sou cardíaca — bato nela. — O que tá escondendo? — suspiro e desvio o olhar — Sabe que não pode mentir pra mim, né? — pior de tudo, é que ela tem razão. — Te odeio — olho pra ela — Eu tenho que vender algumas drogas pro Nic. — O Bambi vai te meter em roubada. Pula fora enquanto dá tempo, Naiara. — Eu posso tirar lucro em cima disso, Ca. Eu preciso pagar o aluguel hoje ou sou expulsa. — Por que não volta a morar com seus pais? — Eu não tenho mais paciência pra aturar o meu pai. Agora então que ele só fica em casa reclamando — bufo e fomos andando pra dentro do campus — E outra também, que é muito longe daqui. Você acorda muito cedo, eu já odeio isso. — Acordar cedo é muito bom — suspira fundo. — Você não é uma jovem normal — falo. — Acredita que Rafael ficou falando de ti o dia inteiro ontem — reviro os olhos — Nem adianta revirar os olhos. Até hoje não entendo o porquê de vocês terem terminado. — Já viu bem de quem estamos falando? Seu irmão, Rafael Monteiro — ela dá de ombros — Ele é meio controlador, e eu não aceito ser controlada por ninguém. — Vocês pareciam muito gostar um do outro. — E realmente eu gostava. Eu gostava muito do seu irmão. Só que, você sabe que a última coisa que eu aceito, é ser mandada por uma pessoa que não seja a minha mãe. — Isso é — concorda. — Informa esses maconheiros por mim — falo. Nos despedimos e cada uma foi pra sua sala. Sentei bem atrás do Lucas, que estava rindo como um i****a com os amigos — Luquinhas... — cantarolo no seu ouvido. — Qual é, Nai... — ele me olha de soslaio — Sabe que a minha namorada não me quer te ver contigo — fala baixinho. — Se liga, porque eu tô pouco me fudendo. Eu só quero te avisar, como a boa colega de beck que sou — ele me olha com cara de deboche — Te trouxe da boa — pisco pra ele. Na hora o i****a bota um sorriso na cara e umedece os lábios — E aí? — Intervalo das dez, perto da casa abandonada. — Aquela que tem lá nos fundos do campus? — concorda — Aquela em que... — ele coloca a mão na minha boca, e abafo meu riso nela. — Você sabe bem onde, Naiara — balanço a cabeça em positivo — Vou avisar — ele vira pra frente e continua a rir feito i****a. Em uma faculdade divida bastante em classes, - parece até o fundamental essa atitude, né - eu sou a bolsista. Então, muitos não trocam palavra comigo. Sobre a questão da venda, eu já vendi fora da faculdade, e meu cliente fixo é o Lucas. Eu até posso dizer que... ele é fixo demais. Assim que deu o intervalo das dez, assim como o Lucas já tinha previsto que o professor iria faltar, eu catei minhas coisas e andei bem rápido para os fundos do campus. Mandei mensagem pra Cassia, que disse que iria pra lá também. Entrei na casinha, empurrei a porta emperrada e a encostei, subi as escadas de madeira quase completamente comida, me sentei no parapeito de uma janela que tinha ali que dá uma visão de lá debaixo. — Toc toc — Lucas bate no batente como se fosse uma porta. — Bem-vindo ao meu comércio — sorrio — O que o senhor precoce deseja? — toco na ferida dele. — Isso só foi uma vez — aponta o dedo pra mim. — Se é o que você diz... — dou de ombros. — Naiara... — se aproxima de mim e engulo a seco. Ele sabe que ainda mexe comigo — O que trouxe? — senta ao meu lado. — Tem só a coca dessa vez. — Tem nada injetável? — n**o. — Não dessa vez. — E se... — ele me puxa pela cintura pra mais perto dele — O que você acha? — aproxima a boca da minha e quase perco o fôlego. — Você namora, Lucas — o afasto de mim. — Você sabe que é só pra manter a aparência pra minha família. A própria sabe que é por isso que estou com ela. — Pra que manter a aparência pra família? Você deveria ficar com alguém que você gosta, que seja recíproco e... — Está falando da gente? — ele franze o cenho. — Não mesmo — falo a verdade — Eu gosto... ou costumava a gostar, do que tínhamos. Eu gostava de ficar com você vez ou outra, mas não a ponto de te amar e ficarmos juntos. — Me magoou — bota a mão no peito e rimos. — Só... pensa bem nisso, ok? Não vale a pena se torturar do que não gosta pra manter aparência. — Pode deixar — sorrir — Um abraço ao menos? — concordo e ele me abraça — Tu é f**a, Nai — beija minha cabeça. — Vamos logo, que eu quero ver meus clientes subirem — o solto. Pego três saquinhos e entrego pra ele que me dá cinquenta reais — Que isso? — Não é só isso? — Você tem bem mais, Lucas. É cinquenta cada um. — Tá trabalhando bem, hein, safada — me entrega mais cem — Caso queira gorjeta, já sabe — levanta. — Aprende nunca — falo, e ele rir saindo dali. — Cheguei e espero que você não tenha ficado com ele — n**o — Bom mesmo. Já montei a fila na escada. — E tem fila? — Não muito grande, mas tem dez cabeças. — Não é o suficiente. Preciso vender vinte e cinco no mínimo. — Quanto Bambi te pediu e cobrou? — Dez em vinte. — Eles não vão comprar um pacote só, Naiara. — Eu preciso de mais, Cassia. Eu preciso pagar o meu aluguel hoje ou vou embora. — Vou ver o que posso fazer — concordo. Cassia foi mandando o povo entrar e tudo seguiu bem rapidinho. Consegui vender vinte na certa, mas ainda preciso do lucro extra. — Cassia... — a chamo. — Pode deixar — já entende — Robson — chama o garoto, que foi nosso último cliente. — Não me esquece, né, Cassia — abraça ela de lado — Manda. — Me faz um favorzinho...
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