Diante de Silence

1697 Palavras
O prédio onde Silence administrava seu negócio ficava em uma parte mais antiga da cidade. Havia várias casas em fila que haviam sido convertidas em estabelecimentos comerciais. A rua arborizada era tranquila, apesar de ser quase uma da manhã. Subi as escadas até a porta e toquei a campainha. Uma mulher alta, de cabelos loiros dourados e olhos prateados, atendeu. Ela era bastante bonita, com uma figura em forma de ampulheta e uma pele pálida que parecia brilhar à luz da lua. Eu me inclinei para ela. — Você é a Silence? — Perguntei. — Sim, como posso ajudá-lo? — Ela respondeu friamente. — Eu tenho um assunto de grande importância para falar com você. Seu negócio e sua vida estão em perigo. Gostaria de oferecer minha ajuda para ajudá-la a manter ambos — Eu disse a ela. — Entre. Eu não quero falar sobre isso na frente do mundo todo — Silence disse e me conduziu ao seu escritório nos fundos. Notei que a casa estava decorada com bom gosto e bem equipada. Essa era uma vampira que sabia como cuidar de si mesma. Olhando para o lado enquanto caminhávamos pelo corredor, vi seu servo humano arrumando as coisas. O lugar cheirava limpo. Uma mistura de produtos de limpeza, junto com o cheiro de Silence, impregnava o ar e isso era exatamente como uma casa deveria cheirar. Fui tentado a perguntar se poderia ficar ali, mas não queria arriscar que meu filho e******o fugisse novamente. Silence sentou-se atrás de uma grande mesa de carvalho e indicou as poltronas de couro no outro lado, sentei e esperei que ela estivesse pronta. As cadeiras eram macias e confortáveis. Ela pegou um pequeno gravador de voz e o ligou. — Vou gravar esta reunião. Se o conselho vier investigar qualquer coisa sobre o que você esteja falando, quero mostrar que fiz tudo o que estava ao meu alcance. Agora, por favor, me diga quem você é e sobre o que está falando — Ela assentiu. — Meu nome é Victor Nightshade. Vim em busca do meu filho, que me roubou três milhões de dólares há quinze anos. Quando o encontrei, ele me disse que tinha gastado todo o meu dinheiro e que muito dele foi gasto em sangue — Eu disse. — Não sou responsável pelo que ele fez com o seu dinheiro. Espero que você não esteja tentando pegá-lo de volta. Qual é o nome do seu filho? — Silence perguntou. — Paul Springer — Eu respondi — Eu não quero o dinheiro e não te culpo pelo que ele fez. Ela procurou entre seus arquivos e retirou um com o nome de Springer e, após folhear as páginas, olhou para cima e sorriu levemente. — Sim. Ele estava saindo com uma mulher chamada Verity Gale nos últimos dez anos. Ele teve algumas outras antes, mas só a solicitou depois de se alimentar dela pela primeira vez — Ela abriu um laptop na mesa e digitou algumas coisas antes de continuar — Ela é bastante popular. Chegou ao limite de quatro vampiros e tem uma lista de espera. AB negativo é raro aqui, mas acho que as outras não são tão populares. Ela provavelmente oferece outros benefícios por algum dinheiro extra. Eu não os proíbo de fazer isso, se ela quer se vender por mais, não cabe a mim dizer não. — Ela está deixando que eles se alimentem de sua filha menor de idade — Eu disse a ela. A boca de Silence se abriu em choque, raiva invadiu seus traços e ela fechou os punhos. A elegante mulher que eu tinha conhecido há alguns minutos havia desaparecido. Silence estava furiosa. Ela não estava brava por eles se alimentarem de uma criança tanto quanto pelo castigo por ir contra as diretrizes dos intermediários. Fui eu quem escreveu as diretrizes e, assim como na minha prole, a pena por apenas negociar sangue de crianças é a morte. — v***a. Vou retirá-la do meu catálogo. Me recuso a estar associada ao comércio de crianças. Não consigo acreditar nisso! O conselho me daria um castigo severo. Os intermediários de sangue não podem vender crianças! Como você pode me ajudar? Não quero morrer por causa disso — Ela implorou. Veja, sem reputação. Ela não tinha ideia de quem eu era, ou estaria muito mais assustada. Não importava. Assim que resolvesse esse problema, eu poderia conseguir um novo lugar no conselho e começar a reconstruir minha reputação. — Eu preciso dos nomes de todos que estão nessa lista e de todos que se alimentaram dela. O conselho irá encarar isso como retribuição. Eu os matarei por terem levado uma criança. Como meu próprio filho foi o primeiro a se alimentar dela, ele também morrerá. Vou precisar de um encontro com a mulher para garantir que isso não aconteça novamente. Você pode fazer isso acontecer? — Eu perguntei. — Sim. Estou imprimindo a lista de clientes e a lista de espera. Se eles estão nela, devem saber — Ela disse com desprezo. — Esses eram meus pensamentos — Eu assenti.  Silence se inclinou e pegou um papel da impressora, que ela me entregou e, na parte inferior, escreveu um endereço. Eu olhei a lista. Treze vampiros morreriam pelas minhas mãos, condenados por mim e pelo meu filho desobediente. O sangue deles estava em suas mãos. — Vou enviar uma mensagem de texto para ela dizendo que o compromisso dela esta semana foi cancelado, mas que estou tentando encontrar outra pessoa em sua lista de espera. O endereço que escrevi ali é o dela. Ela atende clientes aos sábados à noite — Silence afirmou em um tom muito profissional. — Vou lhe dar meu número de celular. Me envie uma mensagem com o horário. Devo resolver rapidamente essa lista. Há alguma agência de serviço aqui? Preciso de alguém para cuidar da casa que meu filho comprou — Eu perguntei. — Não mais. Eles começaram a tráfico humano e a agência foi fechada pelas autoridades federais dois anos atrás. Posso tentar encontrar para você entre meus clientes, mas os doadores não se veem como servos — Disse Silence, oferecendo um pequeno sorriso. — Seu servo poderia me ajudar? Não há eletricidade nem água corrente na casa. Seria bom ter internet e alguns eletrodomésticos novos. Eu estaria disposto a pagar — Ofereci. Seu servo parecia ser um humano habilidoso. Eu só precisaria dele para o básico, configurar serviços, ajudar a cuidar da garota e, talvez encontrar um novo servo para mim. — Faremos isso de graça. Você me dá o endereço e ele configura tudo. Você já me ajudou muito mais do que imagina. Agora tenho que realizar uma auditoria em todos os meus doadores para garantir que não haja mais nenhum negócio estranho acontecendo — Suspirou ela. Anotei as informações e comecei a procurar. Queria estar de volta à casa o mais rápido possível, caso eu tivesse que consertar o que Springer estragou lá. Olhei para a folha com os nomes e endereços dos vampiros que tinham se alimentado da garota e três deles moravam na mesma casa. Sorte a minha. *** Três horas depois, eu estava chegando à minha nova casa. Parei no hotel onde estava hospedado e peguei minha mala antes de sair para caçar. Felizmente, fiz isso, pois minhas roupas estavam arruinadas, cheias de rasgos e sangue. Consegui matar cinco da lista. Os três que moravam juntos e mais dois deles, que me deram informações antes de eu matá-los. Esses dois me deram mais informações sobre os outros da lista e isso tornaria minha caçada amanhã à noite muito bem-sucedida. Entrei na casa e Springer me recebeu na porta. — Para onde você vai para se limpar? — Perguntei. — Há um riacho que passa pelos fundos do quintal. Tenho um balde por lá — Respondeu ele, abaixando a cabeça. — Eu realmente te desprezo — Rosnei e saí da casa. Depois de me limpar, voltei e fiz meu plano para a semana. Era quarta-feira de manhã e eu queria ter todos os outros vampiros mortos antes de lidar com a mãe e a garota. Depois de reunir as informações que os vampiros mortos me deram, eu tinha uma lista. Amanhã à noite, tentaria mais cinco, mas quatro seriam aceitáveis. Springer seria o último, ele teria que viver os próximos dias sabendo que era responsável por essas mortes e que a sua estava chegando. Entrei em contato com o conselho para informá-los sobre o que estava acontecendo, quem estava envolvido e como eu estava resolvendo o problema. Rosalynn era minha advogada. Ela e eu éramos amigos e companheiros de séculos. Eu estava feliz com a missão. — Você acha que terá que matar os pais? — Ela perguntou. — Não sei ainda. Silence é a única intermediária de sangue na cidade, mas eles poderiam vendê-la no Craigslist ou em algum outro mercado online. Isso atrairia uma base de clientes ainda pior. A garota poderia ser ainda mais machucada, ou alguém poderia decidir levar toda a família para ser drenada — Contei a ela. — Vic, precisamos de mais informações sobre a família. Podemos manter isso em sigilo até sabermos como é a situação? Peça para Silence agendar você para sábado e tente obter algumas pistas. Eu tenho o nome da mulher e farei o que puder essa noite. Giselle fará uma verificação de antecedentes durante o dia, você sabe que ela é boa nisso. Amanhã, saberemos muito mais e você poderá agir com mais informações — Respondeu Rosalynn. — Você acha que pode ser necessário realocá-la? — Perguntei. — É possível. Com quase cinco mil por alimentação, os pais dela não vão querer abrir mão desse tipo de dinheiro. Vai depender do que mais você, e Giselle, descobrirem — Disse ela seriamente. — Falaremos amanhã, depois que eu retornar da minha caçada. Cuide-se — Eu disse. — Você também — Ela respondeu e desligou. Springer havia puxado outro colchão de um dos quartos no andar de cima e o arrumou com lençóis e cobertores de qualidade muito baixa. Franzi o nariz ao pensar em deitar ali durante o dia, mas não havia muitas opções. Deitei e fechei os olhos, esperando o sol.
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