A noite de Sofia tinha sido mágica, e ela foi dormir com um largo sorriso no rosto. Yuri realmente era diferente do que ela pensava e estava demonstrando ser alguém que merecia totalmente o seu afeto. Naquela noite, ela dormiu tranquila, sabendo que o destino poderia ter reservado coisas boas para ela, afinal.
Yuri olhava o número de Ricardo piscando na tela do seu telefone e já imaginava a briga que teria com o seu futuro cunhado. Ele provavelmente tinha visto Yuri beijando a sua irmã através de uma das câmeras que usava. Mas dane-se, ele não negaria: desejava Sofia como o ar que precisava para respirar, e Ricardo teria que se acostumar com aquilo.
— Oi, Rino — diz ele, atendendo o telefone.
— Vi que a sua noite foi animada — diz Ricardo, com uma certa tensão na voz.
— Realmente foi muito boa — responde Yuri, sem conter o sorriso que se espalhava no seu rosto.
— Estou me segurando para não quebrar a sua cara, Yuri! — diz Ricardo, finalmente dando vazão à sua raiva. — Mas Estela me fez prometer que iria me conter.
Aquilo deixou Yuri surpreso, e ele fez uma nota mental de agradecer a Estela pessoalmente quando fosse visitar novamente a Fênix.
— Sabe que não faria nada que ela não quisesse — diz Yuri, se defendendo.
— Esse é o problema. Eu queria que ela tivesse te dado um chute no saco — as palavras de Ricardo eram ríspidas, mas estavam divertindo Yuri como nunca.
— Se ela fizer isso, não teremos herdeiros — diz Yuri, sabendo que estava provocando a fera.
— Não brinque, russo, ou eu pego o meu jato e vou até aí só para apertar esse seu pescoço — responde Ricardo, com raiva.
— Isso nunca perde a graça — diz Yuri, rindo antes de mudar a sua postura. — Sabe que jamais farei algo contra a vontade de Sofia ou para envergonhá-la, Ricardo. Eu a amo.
Yuri ouviu o suspiro de Ricardo ao telefone. O homem poderia ser ciumento, mas sabia como as pessoas ficavam quando amavam. Ele o entendia bem sobre aquele assunto, pois tinha visto de perto Ricardo amar a sua irmã em silêncio.
— Como ela está?
— Está bem, animada com o trabalho, mas estou investigando o que houve. Não vou arriscar a segurança dela — os olhos de Yuri ficaram sombrios. Assim como Ricardo, ele sabia proteger os seus, e, se alguém ousasse tocar em Sofia, descobriria da pior forma possível o que ele faria.
— Faça isso. Não quero que ela se machuque, Yuri. Sofia é minha família e deve ser protegida como se deve — a ameaça estava implícita na voz de Ricardo, e aquilo Yuri entendia bem, pois, durante os anos em que Oksana viveu com ele, o seu coração sempre se apertava quando ela estava em perigo.
— Não se preocupe, estou cuidando de tudo. Ela estará segura — diz Yuri. Ele havia designado novos soldados para vigiar Sofia sem que ela percebesse, pois sabia que ela jamais aceitaria se ele falasse sobre aquilo.
— Me informe se algo mudar.
— Aviso, sim. Gostaria da sua permissão para levá-la no final de semana à minha casa. Dimitri vai se casar — diz Yuri.
— Já estava na hora disso acontecer. Vou dar a minha permissão, mas se cuide, russo. Não quero essa sua mão boba tocando na minha irmã — adverte Ricardo.
— Sabe que não farei nada que ela não queira — Yuri não diria que não tocaria em Sofia, porque estaria mentindo descaradamente para Ricardo. Então responde apenas o que sabia que ele entenderia.
— Isso não me agrada muito — diz Ricardo, praguejando ao telefone. — Vou enviar um presente para Dimitri em nome da Fênix. Ele merece.
— Obrigado, Ricardo. Sei que ele ficará muito feliz — Dimitri era um cara simples, e, nas vezes em que eles tiveram problemas, ele sempre estava por perto. Era digno de reconhecimento.
Yuri sempre admirava isso em Ricardo. Ele sabia recompensar aqueles que o ajudavam e não se envergonhava disso. Para Ricardo, manter um bom aliado era questão de honra, algo que Yuri entendia bem. Yuri se levantou para subir ao seu quarto quando avistou Nora passando em direção à lavanderia. Em silêncio, ele a seguiu.
— Nora? — chamou ele, com uma voz mais mansa. A senhora se voltou para ele na mesma hora.
— Precisa de algo, Don? — perguntou.
— Não, só queria te agradecer pela conversa de mais cedo. Obrigado — diz ele, deixando-a surpresa.
— Não me agradeça, Don. Quero que a menina seja feliz, e o senhor também — respondeu.
— Mesmo assim, não teria conseguido sem a sua ajuda — diz ele, antes de se virar e subir para o quarto, deixando a governanta com um largo sorriso no rosto.
Yuri tomou banho e, antes de se deitar, foi ao quarto de Sofia. Ela estava dormindo de forma tranquila e serena. Ele se inclinou e deu um beijo nos seus lábios antes de se retirar. Para ele, aquilo era cuidado, uma promessa silenciosa de que sempre estaria ao lado dela, mesmo quando ela não o visse.
Em silêncio, ele fechou a porta e caminhou até o seu quarto. Quando se deitou, suspirou feliz. O seu dia tinha terminado melhor do que poderia imaginar, e, no final, ele havia conseguido o perdão de Sofia, o que não significava que perdoaria aquele professor por seu olhar de cobiça diante do que era dele.
Yuri tinha uma má impressão do homem desde a primeira vez que o viu, e aquela impressão não havia ido embora. Para ele, não importava que o homem fosse alguém importante no meio acadêmico. Ele ficaria de olho nele, e, se ele pisasse na bola, arcaria com as consequências dos seus atos.
Sofia podia ser inocente sobre aquilo, mas ele não era. Estava ansioso para pôr as mãos no relatório que os seus homens estavam preparando, que, por sinal, estava atrasado. Ele pegou novamente o celular e mandou uma mensagem cobrando o seu pessoal. Tinha cansado de esperar. Precisava ver o que tanto o incomodava em relação àquele homem.